Previous slide
Next slide

Antônio Vicente Pietroforte

Professor Titular da USP (Universidade de São Paulo). Possui graduação em Letras pela Universidade de São Paulo (1989), mestrado em Linguística pela Universidade de São Paulo (1997) e doutorado em Linguística pela Universidade de São Paulo (2001).

Coluna

Os quadrinhos premiados na feira Des.gráfica 2018

Relembrando feiras de quadrinhos e as histórias premiadas – 2ª parte

Em semanas anteriores, na nossa coluna, comentamos duas das cinco HQs premiadas na feira de quadrinhos Des.gráfica 2018; no texto de hoje, apresentamos as outras três:

(3) “Rapsódia para máquina operatriz”, de Ian Indiano. Partindo de uma metáfora recorrente, a do homem-máquina nas esteiras de produção do capitalismo, o protagonista, em seu mundo possível, liga-se a um torno mecânico logo ao nascer; nessa ficção científica macabra, tal ciborgue do capitalismo, de operador do torno, torna-se manipulado pela máquina. Um torno mecânico serve para fazer peças; esse homem-peça, entretanto, não é construído enquanto mera engrenagem, mecanicamente, pois, além da denúncia da deformação humana em armaduras de caráter, o Ian apresenta uma exposição detalhada das relações entre esse sujeito e as deformações ideológicas, imerso em concessões, desconfortos e revoluções passageiras.

(4) “Partir”, de Grazi Fonseca. Na HQ da Graziela, a trama se forma delírios gráficos, mas, também, em delírios semióticos. Geralmente, nos quadrinhos comerciais intentam-se estilos realistas com concepções visuais bastante lineares, gerando leitores despreparados para ler trabalhos distantes dos convencionais; “Partir” segue, justamente, de encontro a tal cultura de banalização da arte. O início da trama tende ao realismo, porém, lentamente, as formas gráficas assumem a narrativa visual, passando por delírios surrealistas em que as imagens surgem condensadas, como nos sonhos – um relógio cujos ponteiros são pernas humanas –, ou se convertem em imagens abstratas – a o Sol coincide com um círculo e cartazes se tornam retângulos –.

(5) “Minha casa está um caos”, de Sofia Nestrovski e Déborah Salles. Valendo-se de outra metáfora recorrente, nessa HQ as autoras fazem da casa a metáfora de quem nela habita. Em meio às situações e reflexões das autoras, vale a pena comentar a metáfora que parece a organizadora de toda a narrativa, isto é, a batata na geladeira. A batata é um rizoma, o que remete a um conceito filosófico recorrente em ciências humanas, ou seja, o conceito de rizoma, proposto por Gilles Deleuze e Félix Guattari. Em linhas gerais, o ponto de vista rizomático se encontra em oposição a pensamento estruturados pela metáfora da raiz, nos quais, a partir do centro, derivam-se ramos, subordinados ao eixo central. Em vez disso, os rizomas possuem vários núcleos, descentralizando e complexificando tal concepção; na HQ, uma vez fora da geladeira, o rizoma germina e encaminham-se as relações entre ordem e caos em cada leitor, em sua própria casa.

•⁠ ⁠A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.