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Estados Unidos

O ‘terrorismo’ como pretexto para fechar o regime nos EUA

Crise aberta pela Revolução Palestina desloca o imperialismo para a extrema direita e indica uma nova temporada onde a luta pelos direitos democráticos será ainda mais importante

A exemplo do que ocorreu no 11 de Setembro e a subsequente política de “Guerra ao Terror”, o imperialismo ameaça retomar o uso do terrorismo como pretexto para endurecer o regime político em escala global, porém em uma escala de brutalidade imensuravelmente maior. Desde a última semana, o Partido da Causa Operária (PCO) já sofreu ataques desde a perda da monetização de seu canal e de outros três canais parceiros no YouTube, e, também, o ataque ao sítio virtual da Loja do PCO, sob a alegação de combate ao “terrorismo”.

O falso pretexto já dá sinais de ser expandido para encobrir ataques aos direitos democráticos em todo o mundo, o que pode ser visto nas nações imperialistas e, mais concretamente, no recente caso da batalha entre o governo norte-americano e a juventude do país, que se mobiliza em apoio ao povo palestino.

Após ser exaustivamente apresentado como o representante do progresso, contra o obscurantismo e o fascismo representado pelo rival republicano, Donald Trump, o governo do Partido Democrata liderado pelo atual presidente, Joe Biden, vem empreendendo uma intensa repressão aos estudantes do país, que protestam contra o genocídio na Faixa de Gaza e pelo fim das relações institucionais entre suas universidades e instituições israelenses. Mais de mil jovens já foram presos nas mobilizações que tomam conta das principais universidades norte-americanas e que se multiplicam nos EUA, atingindo mais de 25 campi universitários em pelo menos 21 estados. 

A reação empreendida contra os estudantes faz com que apenas o cinismo mais depravado mantenha Biden como um defensor da “democracia”, seja lá de qual tipo for. O caso observado nos EUA, de repressão a direitos democráticos como a livre manifestação, liberdade de expressão e outros direitos políticos, no entanto, não constitui um evento isolado, mas um sinal que mostra para onde se direciona a política do imperialismo nesta nova etapa de crise da dominação da ditadura global.

Contra a mobilização estudantil, a reação do imperialismo e do sionismo tem sido denunciar ligações dos jovens com o “terrorismo islâmico”. Ao jornal da direita sionista The Times of Israel, um colunista defendeu que “os estudantes norte-americanos e alguns de seus defensores não sabem o que querem”, acrescentando que os jovens “não entendem o que é o Islã radical, o terrorismo islâmico, o fanatismo, o khomeinismo, o terrorismo xiita, a Irmandade Muçulmana ou a rede terrorista transnacional”.

“Seus protestos”, continua o colunista, “são para lavagem cerebral, para a propaganda de lobbies corruptos dentro dos Estados Unidos”, diz, reforçando que as mobilizações estudantis “apoiam terroristas como o Hamas e a exibição de bandeiras do Hesbolá são um sinal alarmante para a democracia norte-americana”. A política aqui defendida pode parecer um exagero típico da extrema direita, porém, com outras palavras, aparece também em um dos principais órgãos de propaganda do imperialismo, o semanário britânico The Economist:

“A história do jiadismo global é de reinvenção sob pressão do Ocidente (…) as agências de inteligência ocidentais têm uma tarefa assustadora, rastreando um mosaico de jiadistas no exterior enquanto tentam identificar os autodidatas em casa. Também devem observar terroristas de extrema direita, geralmente autorradicalizados, que tanto odeiam muçulmanos quanto frequentemente aprendem com manuais jihadistas. E devem monitorar uma ameaça mais antiga: o terrorismo patrocinado por Estados radicais como o Irã” (Beware, global jihadists are back on the march, 29/4/2024).

Na Alemanha, ainda em 2023, o governo do Partido Social Democrata, liderado pelo chanceler Olaf Scholz, baniu a organização Samidoun, conhecida como Rede de Solidariedade aos Prisioneiros Palestinos, logo após o grupo publicar fotos de pessoas que supostamente comemoravam a ação empreendida pelo partido revolucionário palestino Movimento Resistência Islâmica (“Hamas”, na sigla em árabe). Protestos em apoio ao povo palestino foram proibidos em muitas partes do país e mesmo o mero desfraldamento da bandeira do país árabe já tornam um manifestante um alvo da repressão alemã, assim como um discurso pró-palestino e o uso da cafia (tradicional lenço de cabeça usado principalmente por homens no Oriente Médio).

Também na principal economia europeia, sionistas do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão) comentam o massacre na Palestina sob o pretexto de “combater o antissemitismo”, mas Ghassan Abu-Sittah, cirurgião palestino e reitor da Universidade de Glasgow que trabalhou em hospitais de Gaza e documentou crimes de guerra durante o último ataque israelense ao território palestino, não pode dar seu testemunho ao público alemão.

Os reflexos dessa guinada mais acentuada a regimes mais fascistas são também perceptíveis em dezenas de governos, com destaque para a direita fascista latino-americana. Governos como Nayib Bukele, em El Salvador, Javier Milei, na Argentina, Daniel Noboa, no Equador e Dina Boluarte, no Peru, vão revelando um padrão e refletindo os planos do imperialismo para os países atrasados. Se a luta contra o “terror” é a senha para promover uma verdadeira caça às massas dos países desenvolvidos, a guerra contra o crime ocupa uma posição central na América Latina e tem sido usada como pretexto para um ataque sem precedentes aos frágeis direitos democráticos dos povos latino-americanos.

Dando um passo além nessa política, Milei ressuscitou na Argentina uma lei característica das ditaduras militares do subcontinente. Batizada como “Lei Onibus”, o governante tenta proibir reuniões de pessoas em locais públicos, dentre outras coisas.

As evidências da guinada fascista dos regimes políticos proliferam-se, o que deve colocar a vanguarda dos trabalhadores em alerta em todo o mundo. Cada vez mais, a luta contra o avanço da repressão e pelos direitos democráticos será necessária, para mobilizar os trabalhadores contra a ascensão do fascismo e contra um amplo ataque às condições de vida do proletariado mundial.

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