Segundo informação da coluna de Mônica Bergamo para a Folha de S. Paulo, o governo brasileiro decidiu não conceder residência humanitária a palestinos. “O governo Lula decidiu que não dará autorização de residência ou visto temporário para fins de acolhida humanitária a palestinos da Faixa de Gaza“. Trata-se, logicamente, de palestinos que não têm cidadania brasileira.
O pedido de residência foi feito pelos brasileiros palestinos que chegaram nos voos de repatriados. Um deles, Hasan Rabee, já enviou duas cartas a Lula fazendo tal pedido. Ele tem oito familiares que gostariam de viver no Brasil.
A justificativa do governo brasileiro, ainda segundo a coluna de Mônica Bergamo, é a de que o Brasil “até hoje enfrenta problemas estruturais para acolher os afegãos” que chegaram em 2021, após a tomada do poder pelos Talibãs. Após o terremoto de 2010, haitianos também tiveram o visto humanitário e houve problemas nos postos de fronteiras com alguns que usaram o Brasil para ir à Europa.
Difícil saber o nível de realidade dessas justificativas, mas é bem estranho que o governo Lula se recuse a oferecer o visto humanitário até mesmo para parentes de brasileiros num momento em que a população de Gaza enfrenta um verdadeiro genocídio. Mais estranho ainda é que o governo, embora tenha adotado uma posição ambígua em muitos episódios desse conflito, tem tradicionalmente uma posição pró-Palestina.
Outra justificativa do governo, também segundo Mônica Bergamo, parece revelar um problema político mais sério: “na análise das autoridades brasileiras, a permissão para residência aos palestinos atrairia milhares, e até mesmo milhões, de pessoas. O Brasil teria problema inclusive para fazer a triagem de segurança exigida nesses momentos”.
Ao falar em “segurança”, há a insinuação de que militantes da resistência palestina possam vir ao Brasil. Essa preocupação absurda cheira à pressão do sionismo sobre o governo.
É ridícula a alegação de que milhões de palestinos poderiam vir até o Brasil. Desde 2010, em aproximadamente 24 anos, estima-se que são cerca de 160 mil haitianos no País. O Haiti é um País muito mais próximo do Brasil do que a Palestina.
Dá a nítida impressão de que há uma pressão do imperialismo e do sionismo para impedir que o governo tome a medida do visto humanitário, pois tal decisão seria mais uma demonstração clara de apoio ao povo palestino, o que seria mais um ponto negativo na já muito desgastada imagem de “Israel”.
É preciso continuar pressionando o governo brasileiro não só para que mude de ideia em relação aos vistos humanitários, mas para que tome mais medidas em defesa dos palestinos. Além, é claro, para que rompa relações com o Estado fascista de “Israel”.