Durante uma transmissão ao vivo realizada no dia 20 de janeiro, José Genoino, ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), defendeu o boicote às empresas que subscreveram a carta contra o governo brasileiro em razão do apoio deste à denúncia de genocídio contra Israel.
A carta, assinada por empresários do Magazine Luiza, do grupo Boticário, da Natura, do Google Brasil e de outros setores nacionais, repudia o apoio de Lula à ação movida pela África do Sul contra “Israel” pelo genocídio cometido em Gaza e na Cisjordânia. O documento é parte de uma movimentação do lobby sionista que opera no Brasil para constranger o governo brasileiro.
Em resposta a essa movimentação, o ex-presidente do PT disse que era simpático a ideia de boicotar as empresas que patrocinam o genocídio palestino – fala que levou a direita à histeria e a uma campanha podre contra o petista. Genoino disse, literalmente:
“Essa ideia de rejeição, essa ideia do boicote por motivos políticos, que fere o interesse econômico, é uma forma interessante. Inclusive, ter esse boicote a determinadas empresas de judeus”. O petista também disse: “Há, por exemplo, boicote a empresas vinculadas ao Estado de Israel. Inclusive, acho que o Brasil deveria cortar as relações comerciais, na área da segurança e na área militar com o estado de Israel”.
A crítica do dirigente petista gerou um alvoroço na extrema-direita, que, de maneira uníssona, levou adiante a acusação absurda de “antissemitismo”. É o método tradicional dos sionistas: sempre que “Israel” é denunciada por seus crimes, recorrem a uma chantagem emocional com o fato de os judeus terem sido vítimas durante a Segunda Guerra – o que não tem qualquer relação com o assunto – ou apelam para uma falsa acusação de “antissemitismo” – como se a perseguição aos judeus, que existiu quase que exclusivamente na Europa até a década de 1940, tivesse qualquer relação com a oposição política ao genocídio palestino realizado pela burguesia israelense.
Uma das organizações que repudiou a fala de Genoino foi a Confederação Israelita do Brasil (CONIB), que é ligada ao bolsonarismo e atua como a principal representação do lobby sionista em solo brasileiro. A organização disse:
“A CONIB repudia veementemente declarações do ex-deputado José Genoíno, que, em live para o site Diário do Centro do Mundo (DCM), pediu boicote contra “empresas de judeus”. É uma fala antissemita, e o antissemitismo é crime no Brasil. O boicote a judeus foi uma das primeiras medidas adotadas pelo regime nazista contra a comunidade judaica alemã, que culminou no Holocausto. A CONIB mais uma vez apela às lideranças políticas brasileiras que atuem com moderação e equilíbrio diante do trágico conflito no Oriente Médio, pois suas falas extremadas e em desacordo com a tradição da política externa brasileira podem importar as tensões daquela região ao nosso país”.
Como se vê, a CONIB lança mão dos mecanismos de propaganda do sionismo. Veja-se, pois, a chantagem emocional, quando se compara a fala de Genoino, que defende o boicote a empresas de poderosos capitalistas que se associaram para defender um genocídio, com uma política do regime nazista, levada adiante como parte de um processo de limpeza étnica da Alemanha, mesmo que ambas não tenham absolutamente nenhuma relação em questão de conteúdo.
Há, também, o assédio judicial: “antissemitismo é crime”. Isto é, a defesa política de que se deve boicotar as empresas que patrocinam o genocídio na Palestina – visto que se levantaram para acossar o governo brasileiro a não subscrever a ação da África do Sul – é “antissemitismo”, e “antissemitismo é crime”. Em consonância a isso, um deputado fascista do MBL impetrou uma notícia-crime contra Genoino no Ministério Público de SP, fazendo uso das diversas leis e precedentes abertos para a repressão ao direito de opinar que foram criadas no último período.
A respeito dessa acusação, que também faz parte dos métodos sionistas para perseguir qualquer um que denuncie o genocídio praticado por “Israel”, vale destacar que além de Guto Zacarias (deputado do MBL que moveu a notícia-crime), Carla Zambelli também ameaçou mover uma ação contra o dirigente do PT.
Além deles, outras federações sionistas atacaram o petista. Entre elas, a Federação Israelita de São Paulo declarou que a posição de Genoino era “criminosa” e comparou as ideias do petista as de Adolf Hitler (!). Já a Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro afirmou que “não vamos admitir que uma fala como a de Genoíno fique sem apuração, sem que responda na forma da lei”, em nova ameaça judicial ao petista.
Dentro disso, outro dirigente do Partido dos Trabalhadores, o jornalista Breno Altman, saiu em defesa de Genoino. Ele disse, em sua conta no X (ex-Twitter):
“São canalhas e mentirosos os ataques da @coniboficial e da @fisesp a Jose Genoíno, acusando-o de antissemitismo. Agências do Estado sionista, essas entidades tratam de interditar qualquer denúncia ou crítica aos crimes israelenses misturando antissionismo com antissemitismo.”, “José Genoíno está coberto de razão. O Estado colonial e racista de Israel deve ser submetido a boicote, desinvestimento e sanções, como a África do Sul durante o apartheid. Empresas apoiadoras desse regime criminoso, incluindo as brasileiras, devem receber a mesma punição.”, “A CONIB, covil de bolsonaristas, lançou nota contra José Genoíno, acusando-o de antissemitismo por propor boicote a empresas que defendem o genocídio israelense contra o povo palestino. Toda solidariedade ao líder petista, contra a a principal agência sionista no Brasil.” e “Total apoio à posição de José Genoíno, histórico militante de esquerda e ex-presidente nacional do PT, que propôs, além da ruptura de relações com Israel, boicote às empresas cujos donos, apoiadores do Estado de Israel, assinaram manifesto contra o presidente Lula.”.
Trata-se de uma posição acertada de Breno Altman, que, assim como todos aqueles que denunciam os crimes de “Israel”, é vítima de uma campanha de perseguição por parte do lobby sionista no Brasil.
