Na segunda-feira (3), o Estado de “Israel” bombardeou mais uma vez a cidade de Alepo, na Síria. Os ataques conseguiram seu objetivo, assassinar um conselheiro militar iraniano. A agência iraniana Tasnim confirmou a morte de Saeed Abiar, um membro da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã.
Abiar é o primeiro membro do GRI assassinado por “Israel” desde abril, quando o regime sionista bombardeou o prédio anexo à Embaixada do Irã em Damasco, na Síria, e assassinou mais de 10 pessoas, dentre elas dois generais da GRI. Esse foi o ataque que deu origem à operação iraniana Promessa Cumprida, que mudou o equilíbrio de forças no Oriente Médio.
O Irã não criou grande alarde sobre esse bombardeio por estar, ao que tudo indica, preparando o que será a resposta adequada. Alguns analistas mais apressados tentam afirmar que isso mostra que o Irã não estabeleceu o poder de dissuasão na região. É o caso de Trita Parsi, do Quincy Institute, um iraniano que mora nos Estados Unidos que sugeriu que a “nova equação” do Irã pode não ter sido alcançada.
O que ele ignora é a diferença entre ambos os ataques. O que “Israel” fez ao bombardear o consulado foi atacar diretamente o solo iraniano, é algo muito diferente do que assassinar membros da GRI, apesar disso também ser algo muito grave. Os militares iranianos em Alepo estão em uma zona de guerra com “Israel”, correm risco de serem mortos em combate. É diferente de um ataque a um prédio consular na capital da Síria.
Mesmo assim, os iranianos devem responder os abusos do Estado de “Israel”. E essa resposta pode vir de muitas formas. Houve, por exemplo, a retaliação do Irã no início do ano de 2024, que não atacou diretamente “Israel”, mas sim uma base do Mossad, o serviço de inteligência israelense, no Curdistão iraquiano. Há alvos como esse em todo o Oriente Médio dada a participação do sionismo em todos os governos e movimentos reacionários da região.
A posição dos russos
No caso da Síria, além da participação ativa do Irã, os russos também apoiam o governo Assad. Eles foram uma força muito importante na derrota do Estado Islâmico e possuem uma base militar no país, na cidade portuária de Lataquia. Após o ataque israelense, o governo russo rapidamente se pronunciou.
“Em 3 de junho, após a meia-noite, a aviação israelense realizou ataques nos arredores da segunda maior cidade da Síria, Alepo. Como resultado do ataque, houve inúmeras vítimas fatais e feridos, além de danos materiais significativos. Anteriormente, na noite de 29 de maio, a Força Aérea de Israel atingiu um prédio residencial na cidade de Baniyas, na província de Tartus, resultando na morte de uma menina de dois anos e ferindo membros de sua família, bem como outros civis que residiam no edifício.
Moscou condena veementemente essas ações agressivas, que representam uma violação grosseira da soberania da Síria e das normas básicas do direito internacional. Tais ações militares, que na atual situação regional tensa podem levar a consequências extremamente perigosas e provocar uma escalada armada em larga escala, são inaceitáveis. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia mais uma vez exorta insistentemente a liderança israelense a abandonar essa prática perniciosa, que é propensa a uma desestabilização descontrolada de toda a situação no Oriente Médio.”
O posicionamento dos russos foi imediato e muito claro. O Estado de “Israel” pode comprar uma briga com uma enorme potência militar que é grande aliada dos iranianos. Aqui se abre uma nova possibilidade na guerra. Os russos, quando adentraram a guerra na Síria em 2015, estavam em uma situação muito diferente da que existe atualmente. Hoje, há uma guerra direta contra o imperialismo e, assim, um alinhamento muito maior com o Irã.
O quadro que existia para apoiar Assad há nove anos agora se tornou um quadro para apoiar o Irã e todo o Eixo da Resistência. A pressão dos russos, inclusive, pode ser obra direta dos iranianos. Quando o helicóptero do presidente Ebraim Raisi caiu de forma trágica, todo o alto escalão do governo russo, incluindo as forças armadas, se reuniu com o embaixador do Irã, ou seja, demonstraram que, em caso de guerra, o apoio será total ao Irã.
A Síria é um desses países onde a guerra se expressa. Lá, atua “Israel”, EUA, Inglaterra, França e outros países imperialistas de um lado. E do outro, o governo Assad, o Irã, a resistência do Iraque, o Hesbolá e a Rússia. É o exatamente o quadro da guerra do Oriente Médio com uma questão crucial, não são todos lutando contra todos. Os russos e o imperialismo atacam apenas os grupos armados não governamentais. “Israel” ataca Assad e esse não ataca de volta, mais por falta de capacidade do que por falta de vontade. Ou seja, ainda há muitas regras nessa guerra, mas a nova correlação de forças tende a mudar as regras.
Fato é que mais um general iraniano foi assassinado por “Israel”. O Estado sionista está mais fraco do que nunca e o Irã está em ascensão total. A política internacional do Irã é traçada de forma calma e precisa. A resposta ao sionismo será, mais uma vez, muito dolorosa.