Nessa quinta-feira (4), o jornal imperialista The Washington Post publicou matéria noticiando que autoridades iraquianas estavam exigindo do governo o fim da presença do imperialismo norte-americano no país.
A exigência deu-se na esteira do recente assassinato cometido pelos Estados Unidos, que ceifou a vida do comandante das Unidades Populares de Mobilização (UPM), coalizão de grupos que formam a resistência iraquiana à presença do imperialismo norte-americano no Iraque.
O comandante em questão era Mushtaq Talib “Abu Taqwa” al-Saidi, líder da 12ª Brigada da PMU, também conhecida como Harakat Hesbolá al-Nujaba. O assassinato foi perpetrado no dia 4 de janeiro, através de um ataque de drones. Segundo noticiado pelo portal The Cradle, “quatro mísseis atingiram o veículo de Saidi quando este entrava na sede da PMU em Bagdá, localizada a poucos metros do complexo do Ministério do Interior iraquiano”.
Desde a ação revolucionária do 7 de outubro, realizada pela resistência palestina liderada pelo Hamas, milícias populares iraquianas, fazendo parte das Unidades Populares de Mobilização (UPM) e da Resistência Islâmica no Iraque (RII), várias das quais são milícias xiitas apoiadas pelo Irã; vêm realizando constantes ataques contra bases dos Estados Unidos no país, a fim de expulsá-los e auxiliar os palestinos em sua luta contra “Israel” (afinal, os sionistas são bancados pelos EUA) e, no processo, expulsar o imperialismo norte-americano de uma vez por todas do Iraque.
Em razão dessa crescente resistência popular, até mesmo o governo iraquiano, produto de uma manobra do imperialismo para que a “retirada” de suas tropas do país em 2011 não parecesse uma derrota, está sendo obrigado a se colocar a favor da resistência.
Nesse sentido, Yehia Rasool, porta-voz do exército iraquiano, disse que o assassinato se tratou de um “ataque não provocado a um órgão de segurança iraquiano que opera de acordo com os poderes que lhe foram concedidos” pelos militares iraquianos. Assim, atribuiu o assassinato às Forças da Coligação Internacional, lideradas pelos EUA. A título de esclarecimento, tais forças tem o objetivo oficial de combater o Estado Islâmico, de forma que o assassinato de Talib al-Saidi é uma extrapolação de suas funções, demonstrando a situação de crise do imperialismo perante o avanço da resistência iraquiana.
Ademais, o próprio primeiro-ministro do Iraque, Mohammed Shia al-Sudani, que sempre tentou manter boas relações diplomáticas com os EUA, apesar de ter subido ao poder com apoio do Irã, declarou que o governo iraquiano trabalha para “o fim da presença das forças da coligação internacional”.
Nesse sentido, foi anunciado, nessa sexta-feira (5), que o governo iraquiano formou um comitê bilateral a fim de preparar o fim da coalização militar liderada pelos EUA no Iraque.
Se o avanço das organizações armadas da resistência iraquiana nos últimos três meses, promovendo constantes ataques contra as bases do imperialismo norte-americano, já mostrava que este estava perdendo o seu controle sobre o país, agora, as recentes declarações dadas pelo governo iraquiano, contrárias aos recentes assassinatos que o imperialismo perpetrou contra líderes da resistência, mostram que os EUA podem estar prestes a perder completamente o controle do Iraque, isto é, serem expulsos definitivamente do país, como ocorreu com suas tropas no Afeganistão, em 2021.
Deve-se ter em mente que as organizações da resistência iraquiana, as quais majoritariamente se agrupam na UPM e RII, são a ala esquerda do cenário político do Iraque. Ou melhor, são o setor mais anti-imperialista da política iraquiana. Vinculadas ao Irã, estão em conflito direto com os EUA (como se pode notar com os ataques que vêm sendo realizado contra suas bases).
Dada a gigantesca opressão que o povo iraquiano vem sofrendo sob o jugo dos Estados Unidos há décadas, tais organizações são as que vêm ganhando mais força política e popularidade entre a população. De forma que sua vitória configuraria, para além de qualquer dúvida, uma vitória revolucionária do povo iraquiano contra a dominação norte-americana.
E, tendo em vista que a luta das Unidades Populares de Mobilização e da Resistência Islâmica no Iraque contra os EUA é igualmente uma luta contra “Israel”, a expulsão das bases norte-americanas seria uma derrota contra o Estado sionista. Logo, uma vitória para o povo palestino.