Completando um ano desde os acontecimentos em Brasília no dia 8 de janeiro, as investigações que se seguiram, com a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), e a prisão de centenas de manifestantes bolsonaristas, resultaram em uma enorme farsa do judiciário brasileiro.
O Exército Brasileiro informou, nesta sexta-feira (5), que a investigação interna realizada pelo próprios militares concluiu que não houve participação criminosa da instituição nas manifestações de um ano atrás. Para dar credibilidade à autoinvestigação, o Exército ainda afirmou que duas punições disciplinares foram dadas aos militares envolvidos, mas que nenhum membro de alta patente das Forças Armadas foi sequer indiciado pelos acontecimentos.
Já a Marinha, segundo reporta o portal Brasil 247, “informou que instaurou procedimentos administrativos contra três militares: sendo um oficial reformado, após registro fotográfico em frente ao Congresso; um praça reformado, que tinha sido preso pela Polícia Militar do Distrito Federal, mas que a justiça militar arquivou a denúncia; e uma praça da reserva, presa também pela PM, e que responde em liberdade provisória como ré em ação no Supremo Tribunal Federal.”
Como resultado da autoinvestigação de quase um ano de duração, apenas figuras de baixa patente e manifestantes desconhecidos sofreram algum tipo de punição. Finalmente, manifestantes que apenas estavam participando de um ato político foram os únicos que sofreram com prisões e condenações. A alta cúpula das Forças Armadas, responsável pela organização de toda operação, foi completamente inocentada por ela mesma.
O desenvolvimento da farsa investigativa deixa claro a enorme ilusão depositada por setores da esquerda pequeno-burguesa na ideia de que o judiciário nacional combateria a extrema-direita e os militares golpistas. Organizou-se uma grande campanha, a esquerda colocou no primeiro patamar figuras grotescas como Alexandre de Moraes para que se prendesse apenas manifestantes comuns o que apenas serve como base para uma nova campanha bolsonarista.
O resultado já era premeditado. O Poder Judiciário não tem jurisprudência sobre assuntos militares; tampouco tem a burguesia brasileira interesse em mexer nesse vespeiro. Todos sabem quem foram os articuladores do ato de 8 de janeiro. Todos também parecem saber que esses articuladores nunca serão punidos. As investigações selam a farsa de um processo que, longe de deter os golpistas ou proteger as instituições, apenas fortaleceu um judiciário cada vez mais autoritário e repressivo. A continuar dessa maneira, o governo do Partido dos Trabalhadores sofrerá mais uma derrota para a extrema direita, ainda mais perigosa que a primeira.
