Na semana passada, o Itamaraty publicou um comunicado alegando “preocupação” com as eleições na Venezuela. Em seguida, o presidente Lula manifestou-se sobre o caso. A declaração, não por coincidência, foi feita em uma cerimônia com participação do presidente da França, Emmanuel Macron.
“Eu fiquei surpreso com a decisão. Primeiro, houve a boa decisão de a candidata proibida pela Justiça [María Corina Machado] indicar uma sucessora. Achei um passo importante. Agora, é grave que a candidata [Yoris] não possa ter sido registrada. Ela não foi proibida pela Justiça. Me parece que ela se dirigiu até o lugar, tentou usar o computador e não conseguiu entrar”.
O presidente, então, continuou:
“Então, foi uma coisa que causou prejuízo a uma candidata que, por coincidência, leva o mesmo nome da candidata que tinha sido proibida de ser candidata. O dado concreto é que não tem explicação jurídica, política, você proibir um adversário de ser candidato”.
De acordo com o analista político Juan Carlos Monedero, em declarações feitas ao Resúmen Latinoamericano, “os governos do Brasil e da Colômbia foram enganados”. Disse ele:
“Não nos enganemos, queridos Lula e Petro, não se deixem enganar por aqueles que vocês sabem que se pudessem tentariam tirar vocês do jogo novamente usando qualquer ferramenta legal ou ilegal. O problema é que na Venezuela não deixaram e estão sempre zangados com ela”, afirmou Monedero.
O analista explica que o partido Maria Corina Machado não estava habilitado pela legislação venezuelana. Seu partido ficou duas eleições consecutivas sem apresentar candidatos. Para se reabilitar, deveria ter-se inscrito novamente com o apoio de 5% dos cadernos eleitorais em doze entidades venezuelanas.
Para partição desta, foi realizado “um pacto prévio” com demais agremiações da oposição, mas “esses partidos disseram a Machado que não aceitavam que ela indicasse um candidato de 80 anos que responderia apenas a ela”. Estes preferiram indicar o governador do estado de Zulia, Manuel Rosales, visto com uma opção “real”, escolhido pelos partidos Un Nuevo Tiempo (UNT) e Fuerza Vecinal.
A impossibilidade de Machado era certa. A manobra, além de uma tentativa de imposição sobre o restante da oposição, serviu para uma campanha de difamação contra o governo Maduro.