Durante discurso feito na cerimônia de abertura da LAAD Security & Defence 2024, a maior feira de segurança e defesa da América Latina, Luis Manuel Rebelo Fernandes, secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, afirmou que o Brasil é “vítima de bloqueio de tecnologia ou de cerceamento de tecnologia”. O evento reúne 50 delegações de 35 países e mais de 650 expositores, como Embraer, Imbel, Amazul, Condor, CBC, Taurus, Leonardo, EDGE, FORD, MKU, MacJee e Flash.
Posteriormente, em entrevista à Sputnik Brasil, Fernandes denunciou que este “boqueio de tecnologia” é feito pelos Estados Unidos, afirmando que “há múltiplas práticas de cerceamento tecnológico no mundo” e que “há estudos que têm identificado a origem dessas ações de cerceamento”.
“Predominam, nas ações de cerceamento dirigidas ao Brasil, ações restritivas vindas dos Estados Unidos”, afirmou.
Fernandes, então, detalha como é feita essa intervenção. Segundo o funcionário do Ministério, o fato de que os Estados Unidos são um parceiro econômico de longa da ta do Brasil faz com que eles tenham mais oportunidades para limitar o desenvolvimento tecnológico nacional. Nesse sentido, ele afirmou que, com o passar do tempo, os EUA “têm intensificado mecanismos de intervenção em relações econômicas e comerciais por conta de interesses geopolíticos”.
“Talvez o caso mais exemplar seja o programa de enriquecimento do urânio, o nosso programa nuclear, que por pressão dos Estados Unidos foi bloqueada uma transferência de tecnologia da Alemanha”, denuncia Fernandes.
O secretário-executivo ainda citou que, com o início da operação especial russa na Ucrânia e as investidas que o imperialismo fez contra a Rússia, essa sabotagem por parte dos Estados Unidos ficou evidente quando este excluiu o país eslavo do sistema de pagamentos internacional SWIFT. “São múltiplas ações de restrição que têm nos atingido em várias áreas de desenvolvimento de tecnologias, tanto para a defesa quanto para a segurança“, afirmou.
Em relação a isso, Fernandes disse que, apesar de que o Brasil quer “manter relações amplas e diversas com todos”, isso “não isenta o País de ser alvo desse tipo de ação restritiva”.
Nesse sentido, ele declarou que, para combater essa ação de sabotagem, o governo federal está desenvolvendo um “conjunto de programas para investir em capacidade científica e tecnológica nacional”, como o já anunciado programa de financiamento de 500 milhões de reais para autonomia tecnológica na área de defesa.
Ao mesmo tempo em que o Brasil sofre as investidas citadas por Fernandes, sofre um duro ataque em sua indústria de defesa: a entrega da Avibrás para o imperialismo.
Conforme foi noticiado por este Diário, existem rumores de que a gigante brasileira de tecnologia aeroespacial será vendida para um grupo australiano, uma ofensiva gravíssima contra a soberania nacional. Sobre isso, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, que representa os trabalhadores da empresa, afirmou:
“Vender a Avibrás significa transferir 63 anos de produção de alta tecnologia para outro país. Os maiores beneficiados serão a empresa australiana e o atual presidente da Avibrás, João Brasil, que detém 98% do controle acionário.
O incentivo ao capital estrangeiro e às privatizações também prejudicam a classe trabalhadora. Empresas de caráter essencial para o país foram desnacionalizadas e privatizadas, como a Vale do Rio Doce, a Eletrobrás e a Embraer.
O Sindicato dos Metalúrgicos reafirma a luta pela estatização da Avibrás e, enquanto isso não ocorrer, pelo pagamento de todos os salários em atraso e a garantia dos empregos dos trabalhadores. A luta na Avibrás continua!”