No dia 1 de setembro, o Ministro da Defesa israelense, Joabe Galante, apelou por uma urgente reversão da decisão votada essa semana pelo gabinete de segurança a favor da posição de Benjamin Netaniahu de manter tropas ao longo da fronteira de Gaza com o Egito.
“O gabinete de segurança deve se reunir imediatamente e reverter a decisão tomada na quinta-feira”, disse Galante através das redes sociais no domingo.
Seus comentários foram feitos depois que o exército israelense encontrou seis prisioneiros mortos dentro de um túnel na cidade de Rafá, no extremo sul de Gaza. Apesar dos relatos de que os reféns teriam sido mortos por bombardeios em uma operação frustrada de resgate do exército isralense, Galante não perdeu a oportunidade de culpar o Hamas: “é tarde demais para os sequestrados que foram assassinados a sangue frio. Os reféns que permanecem em cativeiro do Hamas devem voltar às suas casas (através de uma troca)”, disse o ministro da Defesa.
A insistência de Netaniahu em manter tropas ao longo do corredor de Filadélfia impediu que os mediadores chegassem a um acordo. O primeiro-ministro também insiste que um acordo de troca inclua o direito de “Israel” retomar os combates assim que os prisioneiros forem trocados. Enquanto o Hamas exige um cessar-fogo permanente e a retirada das tropas israelenses de Gaza, os sionistas se empenham também em estender a sua presença em outros corredores terrestres em Gaza.
“Israel” tem centenas de vezes mais reféns do que o Hamas e os mata, estupra e tortura constantemente. Só depois do 7 de outubro, mais de 10.300 palestinos foram presos. Os reféns israelenses libertados pelo Hamas frequentemente elogiam o tratamento que receberam do grupo de resistência em cativeiro.
A discussão no gabinete de segurança na quinta-feira sobre a permanência dos sionistas no corredor da Filadélfia se transformou em uma discussão aos berros entre Netaniahu e Galante. Quando Netaniahu anunciou sua intenção de levar a questão a votação, Galante respondeu, dizendo: “O primeiro-ministro tem autoridade para levar qualquer decisão a votação. Até mesmo a de executar os reféns“.
A votação terminou em 8-2 a favor da permanência do exército na fronteira. “Netaniahu e o gabinete da morte decidiram não resgatar os sequestrados. Esse sangue está nas mãos deles”, disse o líder da oposição israelense Jair Lapid em 1º de setembro.
Depois da recente declaração de que um dos reféns mortos era o norte-americano Hersh Goldberg-Polin, um vídeo gravado por ele ressurgiu nas redes sociais. “Estou no inferno subterrâneo. Sem água, comida, cuidados médicos. Netaniahu, você nos negligenciou. Você não quer acabar com esse pesadelo? Traga-nos para casa imediatamente”, disse o homem que era soldado das forças israelenses.
“Quem tem a responsabilidade pela morte dos prisioneiros detidos pela resistência é a ocupação, que insiste em continuar a guerra de genocídio e evitar chegar a um acordo de cessar-fogo”, disse o membro do gabinete político do Hamas, Izzat al-Rishq.
“O Hamas estava mais preocupado do que (o presidente dos EUA, Joe) Biden com a vida dos prisioneiros israelenses, razão pela qual concordou com a sua proposta (de maio) e com a resolução do Conselho de Segurança, enquanto Netaniahu as rejeitou. O governo de Biden rendeu-se às condições de Netaniahu, que visa obstruir a obtenção de um acordo, a fim de preservar o seu poder”, acrescentou Rishq.
Depois do anúncio da morte dos seis reféns, centenas de milhares de pessoas saíram em protesto em Telavive para exigir a troca de prisioneiros, o cessar-fogo e a demissão de Netaniahu na maior manifestação desse tipo nos 11 meses de guerra. Em um vídeo do protesto nas redes sociais, os manifestantes gritam “Bibi (Netaniahu) é um assassino de reféns”.
“Nós realmente achamos que o governo toma essas decisões para a sua própria conservação e não pela vida dos reféns, e precisamos de lhes dizer: ‘parem!’”, disse Shlomit Hacohen, um residente de Telavive.
As forças israelenses responderam aos protestos com jatos de água e espuma, granadas de gás lacrimogêneo e a prisão violenta de dezenas de pessoas.
O maior sindicato do país convocou uma greve geral, alertando que “toda a economia israelense irá fechar” na segunda-feira (2).
“Israel”, que está em guerra com seus vizinhos desde a sua criação, agora parece poder também entrar em guerra consigo mesmo.