Entre os dias 8 e 14 de dezembro, foi realizada a Grande Assembleia dos Guarani-Caiouás do Mato Grosso do Sul. O evento ocorreu no município de Paranhos (MS), na aldeia Arroio-Korá, onde a comunidade espera a desintrusão, ou seja, a retirada de ocupantes não-índios de suas terras.
Numa clara sabotagem ao sucesso do evento, órgãos do governo responsáveis por garantir alimentação para o encontro oficial das lideranças dos índios, como a Funai, deixaram faltar comida nos primeiros dias, sendo necessária a realização de “vaquinhas” entre os presentes.
O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) negou-se a participar do Aty Guassu, embora a ministra Sonia Guajajara (PSOL), poucos dias antes, tenha comparecido ao encontro das mulheres índias, buscando o controle através da demagogia identitária e divisionista da luta dos oprimidos.
O encontro ocorreu poucos dias após a importante vitória da mobilização das aldeias de Dourados, que bloquearam estradas para garantir o abastecimento de água, uma antiga reivindicação do Aty Guassu e de toda a comunidade dos índios. E também após um ano de intensa luta nas retomadas, contra a pesada repressão do governo tucano.
Os presentes debateram o fato de que a maioria das retomadas foi deixada de lado nos projetos governamentais, sendo apontada a necessidade de continuar a mobilizar para conquistar água para todos.
Com a presença de representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), foram cobradas medidas de apoio para as comunidades das retomadas que, quando conseguem produzir, não conseguem vender sua produção. Em resposta, foram prometidas ações como a inclusão das famílias no Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF), instrumento para identificar e qualificar os índios como parte do público beneficiário da Política Nacional da Agricultura e a liberação de um selo nacional da produção dos índios. Também cobraram a presença do presidente Lula, prevista para março, e o atendimento de suas reivindicações.
Durante o encontro, os militantes e simpatizantes do PCO distribuíram o boletim do Coletivo Terra Vermelha com propostas de luta para o próximo período. Confira fotos abaixo:
