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América Latina

Em 100 dias de governo, Milei conseguiu aumentar crise argentina

Sob a base de cortes severos nas despesas que interessam às massas trabalhadoras, Milei conquista um superávit fiscal que só interessa aos banqueiros, arruinando o país

O presidente golpista da Argentina, Javier Milei, atingiu o centésimo dia de seu governo dando muita alegria para os banqueiros e nenhuma às massas trabalhadoras do país. A hiperinflação (que ao final do direitista governo Alberto Fernandez atingiu 211% em dezembro), com a política de cortes nos subsídios chegou a impressionantes 276% em fevereiro, no acumulado anual. Já há três meses consecutivos, o país amarga a maior taxa de inflação do mundo, ultrapassando até mesmo a Venezuela, país sob embargo e com a economia sabotada pelo cerco criminoso promovido pelo imperialismo.

Piorando a pressão contra os trabalhadores, o poder de compra dos salários despencou 20% apenas nos últimos dois meses. A título de comparação, o poder de compra dos salários registrou queda de 26% ao longo do ano de 2002, marcado pelo “Argentinazo”, uma onda radicalizada de protestos que levou o então presidente Fernando de la Rúa a abdicar, fugindo de helicóptero para escapar da revolta popular.

Consequência da política ultra-neoliberal de Milei, a pobreza cresce de maneira acelerada no país. Saindo de 30% para 40% da população argentina durante o governo de Mauricio Macri, nos quatro anos do Fernández o percentual de argentinos vivendo na pobreza subiu quatro pontos percentuais. Já nos 100 dias de Milei, mais de 57% dos argentinos vivem na pobreza, um crescimento de impressionantes 13 pontos percentuais.

O Indec, órgão de estatísticas do governo argentino, aponta que uma família argentina média, de quatro pessoas, precisaria ter renda de 690 mil pesos para arcar com todas as necessidades básicas, ou seja, não ser considerada pobre. E isto apenas no mês de fevereiro. O órgão informa ainda que o mínimo vital do segundo mês do ano já era 15% maior do que o mês anterior.

Se no campo econômico Milei empreende um massacre contra a população argentina, seu aspecto social não é diferente. “Fora do tema economia, ao qual Milei se dedica quase exclusivamente, a segurança foi outra área que sofreu mudanças, marcadas pela ‘mão dura’ da ministra Patricia Bullrich, uma admiradora das políticas de encarceramento em massa do presidente de El Salvador, Nayib Bukele”, informa o jornal golpista Folha de S. Paulo (“Milei completa 100 dias ‘frenéticos’ com popularidade apesar de pobreza”, Júlia Barbon, 18/3/2024). A matéria prossegue, dando destaque às medidas repressivas adotada pelo governo argentino:

“Ela acionou os militares e deu mais liberdade para o uso de armas pelas forças federais diante de uma nova crise em Rosário na última semana —a cidade do jogador Lionel Messi, a cerca de três horas de Buenos Aires, teve assassinatos e ataques coordenados pelo crime organizado após mudanças nas prisões.”

“A pasta de Bullrich ficou marcada ainda por um polêmico ‘protocolo antipiquetes’ de tolerância zero contra o bloqueio de vias por manifestantes. Ele prevê o uso de motos, spray de pimenta e jatos de água para romper o método de protesto comum na Argentina, o que gerou novos confrontos nesta segunda (18).”

Nem todos, porém, estão insatisfeitos com o regime fascista que se instaurou no país vizinho. Em artigo publicado na Folha, Roberto Luis Troster, ex-economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), defende que Milei “acertou com um gabinete de técnicos capazes” e “seguiu os ensinamentos de Maquiavel”. O resultado: “o remédio aplicado, por enquanto, está dando certo. O risco de hiperinflação desapareceu, as reservas internacionais aumentaram, o dólar paralelo se estabilizou, o risco país despencou, a Argentina teve o primeiro superávit fiscal em 12 anos, a Bolsa de Valores disparou e o apoio popular a seu governo se mantém elevado.” (“Milei tem início promissor nos primeiros 100 dias”, 18/3/2024).

Dizer que o “risco de hiperinflação desapareceu” não é nada além de uma demonstração do senso de humor ilimitado do ex-economista chefe do sindicato dos banqueiros. Os números desmentem-no de maneira contundente. Com uma economia arruinada também pelo endividamento externo sufocante, também é uma piada.

Em janeiro, o país recebeu novo aporte de US$4,7 bilhões do FMI para custear suas despesas internacionais. No penúltimo trimestre de 2023, o Indec registrava que a dívida externa argentina atingia o valor de US$276,2 bilhões, muito superior às reservas divulgadas pelo Banco Central argentino, de US$20,84 bilhões. O superávit, no entanto, é o dado real que animou os banqueiros com Milei.

Construído sob a base de um corte criminoso das despesas sociais, do arrocho e da miséria crescente do povo, a balança orçamentária positiva é importante para os tubarões do mercado financeiro terem garantias de que conseguirão assaltar ainda mais recursos do Estado.

No que diz respeito ao aspecto fiscal, Javier Milei tem o que celebrar. Foram dois superávits seguidos, algo que não se via na Argentina desde 2011, conquistados a partir de uma queda brutal nas despesas”, comentou o também brasileiro Estado de S. Paulo (“100 dias de Milei em cinco gráficos: Argentina tem superávit fiscal, mas pobreza avança”, Jéssica Petrovna e Carolina Marins, 19/03/2024), esclarecendo que os banqueiros pouco se importam se o país está ou não pegando fogo.

Contanto que sua pirataria esteja assegurada, a pobreza pode disparar em níveis nunca vistos por uma geração, a hiperinflação pode explodir e toda sorte de desastre pode acontecer. Troster é ainda mais literal: “Todos torcemos para que Milei vença. Há indicações, não certeza, de que sim. Se ele conseguir, ajudará o Brasil (…), o exemplo lá ajudará a iluminar a política econômica aqui.”

O que os banqueiros falam através do economista é que estão preparados para aplicar o mesmo programa de rapina e repressão acelerados que aflige o povo argentino. O drama do país vizinho é também um alerta vermelho para as organizações de esquerda, que precisam travar a luta política contra a direita e chamar o povo às ruas por salários, empregos e melhorias no padrão de vida da população.

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