A Central Única dos Trabalhadores divulgou no seu sítio a ampliação de “parcerias” com o governo dos Estados Unidos. É isso mesmo. O secretário nacional LGBTQIA+ da CUT, Walmir Siqueira, recebeu representantes do governo norte-americano nessa semana, com destaque para Jessica Stern, Enviada Especial para a Promoção dos Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer e Intersexuais (LGBTQI+). A secretaria nacional LGBTQIA+ de Silvio Almeida também estava presente no encontro.
Um dos pontos destacados nessa divulgação feita pela CUT foi a captação de recursos para ações de formação e informação. É citado como exemplo o projeto Pride (orgulho em inglês), feito em parceria com a Organização Internacional do Trabalho, uma das agências da ONU, com sede na Suíça. O projeto tem como foco no Brasil a população trans e travesti e surgiu em 2012 na Noruega com o objetivo de pesquisar sobre discriminação e boas práticas em relação à população que na época estava englobada pela sigla LGBT. Como boa política imperialista, o foco da pesquisa não era a Noruega, mas Argentina, Hungria e Tailândia.
Walmir Siqueira aponta como conquistas desse trabalho a formação de dirigentes sindicais, a sindicalização e a formação de pessoas trans, “preparando-as para o mercado de trabalho, não apenas profissionalmente, mas também no que diz respeito a autoconfiança e autovalorização”. No entanto, o sindicalista ressalta que persistem as dificuldades para concretizar a inserção dessa população no mercado de trabalho.
Ninguém duvida que essa população passa por maus bocados mundo afora, porém chama a atenção o fato da maior central sindical do país, a única central de fato, investir tanta energia numa parcela tão minoritária da população. Inclusive uma parcela que sofre junto com o resto do povo com a falta de crescimento econômico e com os ataques gerais aos direitos trabalhistas e democráticos. Sofre especialmente com a política de austeridade imposta pelo mesmo governo dos Estados Unidos aos países atrasados.
Enquanto posam de heróis de setores isolados, a burguesia imperialista prejudica o conjunto da população do mundo, que fica exposta a péssimas e limitadas condições de vida. Aliar-se a esse tipo de criminoso só serve para confundir os trabalhadores a respeito de quem são seus inimigos. Na realidade, o próprio trabalhador vira um inimigo desse tipo de política identitária, que na prática serve para demitir um pobre coitado que falar algo proibido pela cartilha imaginária desse pessoal.
A CUT presta um desserviço ao servir de propaganda para o governo criminoso dos Estados Unidos, um governo que financia neste momento o genocídio do povo palestino, matando homens, mulheres, idosos, crianças, heterossexuais, gays e qualquer coisa que se mexa na Faixa de Gaza. Enquanto isso, não cumpre sua tarefa fundamental, que é mobilizar os trabalhadores em torno de um programa que busque resolver os problemas do povo.