Graças à Operação Dilúvio de Al-Aqsa, realizada no dia 7 de outubro pela resistência palestina, cuja principal organização é o Hamas, desde então o Estado de “Israel” vem sendo desmascarado como uma verdadeira ditadura fascista. Da mesma forma seu exército, como um exército colonial, de ocupação.
Oficialmente chamado de Forças de “Defesa” de “Israel”, a primeira coisa que deve ser dita é que se trata de um nome cínico. Afinal, os sionistas não estão se defendendo dos palestinos, mas são os agressores. Foram eles que, com a ajuda do imperialismo britânico, norte-americano e do stalinismo, invadiram a Palestina e roubaram as terras dos árabes palestinos que lá moravam.
Assim, o nome correto deveria ser Forças “Israelenses” de Ocupação.
Dito isso, quando surgiram as forças de ocupação dos sionistas?
Sua história é antiga. Data do início do século XX, quando da Segunda Aliá (1904 a 1914), isto é, a segunda onda migratória de judeus europeus (majoritariamente do Leste da Europa) para a Palestina.
Não era uma migração natural, afinal, a maioria dos judeus preferiam ir para a Inglaterra e os Estados Unidos. A migração para a Palestina era impulsionada pelo movimento sionista, sob a liderança de seu fundador, Theodor Herzl. E esse movimento migratório, já naquela época, recebia vultuoso financiamento de elementos da burguesia europeia, especialmente de banqueiros, os quais também financiavam a colonização das terras dos palestinos:
Criação de ‘Israel’, empreendimento de banqueiros imperialistas
Esta situação inevitavelmente gerou confrontos, pois os palestinos viam, com razão, uma nascente ofensiva colonial.
Preparados para esses confrontos que seriam gerados por sua política supremacista, de tomada e limpeza étnica da Palestina, os sionistas formaram milícias de tipo fascista para proteger suas propriedades e tomar a terra. Inicialmente, várias milícias foram criadas, a exemplo da Mahane Yehuda, HaMagen, HaNoter.
Com um nível superior de organização, havia também a BarGiora, que se transformou na Hashomer.
Estes exemplos servem para ilustrar que as forças de ocupação surgiram de milícias fascistas, destinadas a proteger propriedades de tipo colonial.
Contudo, ainda eram organizações militares relativamente débeis.
A primeira grande mudança nessa organização militar dos sionistas veio graças ao imperialismo britânico, com a criação da Legião Judaica e dos Zion Mule Corps, os quais basicamente foram batalhões de judeus sionistas criados pelo Exército Imperial Britânico para atuar na Primeira Grande Guerra contra o Império Turco Otomano. Apesar de sua função primordial ser o transporte, receberam treinamento de combate.
De forma que, agora, de 1915 em diante, o sionismo possuía milhares de quadros militares treinados pelo imperialismo britânico. Não foi coincidência, pois os ingleses já se movimentavam para usar o sionismo com o objetivo de dominar a Palestina. A respeito disto, releia a matéria que este Diário publicou sobre a Declaração de Balfour:
A próxima etapa evolutiva dos militares sionistas foi a criação da Haganá, em 1920. Foi criada para centralizar as milícias fascistas que guardavam o yishuv (o conjunto da propriedade colonial sionista). Eventualmente, a Haganá tornou-se a maior milícia fascista do sionismo, sendo responsável por incontáveis massacres de palestinos. De todas as milícias fascistas, foi a base fundamental para criação das forças de ocupação; afinal, em seu auge, contava com mais de 20 mil membros. Releia a matéria que publicamos:
No ano de 1929, a Haganá sofreu um racha, do qual surgiu o Irgún. A conjuntura era a Revolta Palestina de 1929, na qual muitos sionistas foram mortos, assim como palestinos. A revolta configurou um avanço no surgimento da nacionalidade palestina. Membros importantes da Haganá, insatisfeitos com a milícia, tanto no que diz respeito à sua orientação política, quanto aos aspectos militares, criaram o Irgún, milícia esta diretamente vinculada à organização fascista Betar, de Vladimir Jabotinski, e que estaria à frente dos mais terríveis massacres que “Israel” cometeu contra os palestinos durante a Nakba, a exemplo de Deir Yassin. Releia sobre o Irgún e sobre o Betar, pontos fundamentais para entender a natureza fascista do exército israelense:
Veio então a Revolução Palestina de 1936, quando ocorreu um dos mais importantes saltos qualitativos da história militar do sionismo. A Revolução, como o nome diz, foi um levante de toda a sociedade palestina contra o domínio britânico e a invasão sionista. O exército britânico, incapaz de conter o levante, teve de recorrer a um grande reforço vindo do centro do império. Após derrotar a Revolução, e destruídas praticamente todas as organizações de resistência do povo palestino, era necessário ao imperialismo britânico e ao sionismo manterem essa situação. Assim, a estrutura da Haganá foi aprimorada, com a criação de três unidades principais, nomeadamente o Corpo de Campo, o Corpo de Guardas e a Palmach.
Esta última, acrônimo para Companhias de Assalto, foi o batalhão de elite da Haganá.
Já na década de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, a milícia serviu aos britânicos. Nessa conjuntura foi criada a Brigada Judaica, batalhão de judeus sionistas, escolhidos a dedo pelo império britânico e pelo comando da Haganá para servir ao exército imperial. Em razão do treinamento de ponta que receberam dos britânicos, o nível profissional da Haganá foi drasticamente elevado, de forma que a criação da Brigada Judaica pode ser considerada um dos fatores fundamentais na criação do exército israelense.
Nunca é demais ressaltar que todo esse treinamento de alto nível que os britânicos deram aos sionistas foi fundamental para que o sionismo conseguisse expulsar os palestinos de suas terras e, no processo, desatarem centenas dos massacres mais horripilantes que o mundo já viu, dignos dos nazistas.
Paralelamente à evolução da Haganá, as outras milícias, quais sejam o Irgún e a Lehi, seguiam atuando na repressão aos palestinos, mas também em relativa contradição com os britânicos. Afinal, sua natureza de milícias fascistas mais extremas (do que a Haganá), grupos de extrema direita, tornava necessário que se apresentassem como “antissistema”.
Então veio 1948, o ano da Nakba. Em 14 de maio de 1948, Davi Ben Gurion declarou a fundação do Estado de “Israel”. Então, a Consultoria (basicamente o governo israelense antes da fundação de “Israel”) decidiu que era hora de centralizar todo seu aparato militar, para expulsar os palestinos de suas terras. Assim, foram criadas as Forças de “Defesa” de “Israel”, ou, melhor dizendo, as Forças “Israelenses” de Ocupação.
Nesse processo, as milícias fascistas foram absorvidas, todas elas (a Haganá, o Irgún e a Lehi), como ocorre sempre que se ergue uma ditadura fascista: as tropas de choque do fascismo são absorvidas nas forças armadas oficiais, sendo expurgadas de seus elementos mais radicais. No caso da Haganá, isso não foi necessário, pois ela já era a milícia fascista do Mapai (partido de Ben Gurion, à frente do recém-formado Estado de “Israel”). Quanto ao Irgún, o seu líder fascista, Menachem Begin, aquiesceu, dissolvendo oficialmente a milícia em 12 de janeiro de 1949. Já em relação à Lehi, seu líder e elemento mais ideológico, Avraham Stern já havia sido assassinado em 1942. Leia novamente sobre ele e sua milícia:
Há 116 anos, nascia fundador da Lehi, uma das milícias sionistas
Todas essas tropas fascistas, que já haviam assassinado inúmeros palestinos nos anos anteriores, passaram a fazer parte dos vários batalhões das forças de ocupação. E seguiram (e seguem até os dias atuais) assassinando milhares de palestinos, em violência tipicamente fascista, a dar inveja a Adolf Hitler, suas SA e SS.