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Ric Jones

Médico homeopata e obstetra. Escritor, palestrante da temática da Humanização do Nascimento no Brasil e no exterior.

Coluna

Cavalo de Troia

Escolher nossos aliados é tarefa essencial

Durante a crise surgida pela emergência da epidemia Covid 19 há alguns anos, ficou claro para mim que o debate havia se tornado politizado desde o primeiro momento. De um lado o presidente Bolsonaro e sua turma, entre os quais se destacavam alguns médicos que acreditavam nas perspectivas heterodoxas para o combate à doença; do outro lado aqueles que tinham as vacinas como a resposta certa, a despeito do pouco tempo para avaliar sua efetividade e segurança. Entre as personalidades mais ferozes contra o presidente Bolsonaro e sua posição “antivacina” estava uma bióloga chamada Natália Pasternak. A esquerda, para se contrapor ao presidente, a acolheu de braços abertos, tratando-a como uma luz de racionalidade científica no meio das trevas bolsonaristas. Pouco tempo depois lançou um livro com seu marido onde se dedica a atacar o que considera “anticiência”, atirando para todos os lados e atingindo especialidades como psicanálise, homeopatia etc. Esse livro acabou gerando desconforto entre os pensadores que discordavam de sua posição claramente positivista, o que lhe valeu críticas até daqueles que anteriormente haviam aplaudido sua posição pró vacinas.

Sempre olhei para o debate sobre o uso das vacinas com viva curiosidade, porque quando tanto interesses capitalistas estão em jogo jamais se restringe a uma questão meramente científica como se esperaria, mas uma guerra política e econômica. Aliás, até hoje ambos os lados do debate apresentam estudos mostrando a validade dos seus pressupostos, o que, via de regra, torna impossível para um leigo tomar uma decisão informada baseada apenas nestes informes. De qualquer maneira, a alternativa vacinal que ela defendia se tornou vitoriosa, aqueles que defendiam medicamentos como Cloroquina ou Ivermectina foram tratados como hereges, a epidemia terminou e agora resta saber como evitar a próxima. Por certo que muitas dúvidas restam, e em alguns lugares o debate sobre a conveniência e segurança das vacinas se mantém extremamente ativo. O que agora chamou a atenção de muitos foi o fato de que uma das “heroínas” da esquerda no debate das vacinas assinou uma carta de repúdio à posição do governo Lula de apoiar a ação da África do Sul que acusa de genocídio a mortandade patrocinada por Israel contra a população palestina. Natália Pasternak, por certo, apoia Israel e suas ações contra os palestinos, e se posiciona na contramão da esquerda mundial que repudia o massacre feito em nome do colonialismo europeu no Oriente Médio. Sua posição de agora chocou a muitos, mas outros perceberam desde o princípio onde isto terminaria. Esta talvez seja a mais importante lição: para enfrentar as posições de um presidente fascista como Bolsonaro em função do seu ataque às vacinas, os esquerdistas ingênuos acabaram abraçando personalidades da direita, francamente autoritárias e ligadas ao sionismo como ela. Agora procuram justificar seus elogios pretéritos enquanto tentam se distanciar de alguém que apoia um massacre bárbaro e covarde.

Mas esta não é a primeira e sequer a última das mancadas da esquerda ingênua. O mesmo pode ser dito para as identitárias que abraçaram como uma “irmã” a mitômana Patrícia Lélis – inclusive exaltada pela “Socialista Morena” – apenas por ter feito acusações não comprovadas contra o Pastor Feliciano, e ataques infantis que atingiam a masculinidade do filho do Bolsonaro – igualmente falsas. Ou seja, para uma parte considerável da esquerda, bastaria uma posição contundente contra figuras proeminentes da direita para que fosse tratada como uma heroína ou um bastião da moralidade contra a corrupção e o fascismo. Pois agora a antiga “aliada feminista”, que achincalhou personagens do fascismo bolsonarista, está sendo procurada por uma série de fraudes cometidas nos Estados Unidos. Como ficam agora aqueles que a abraçaram com tanto carinho? Sim, ela foi realmente expulsa do PT há algum tempo, mas ainda assim tem muitas admiradoras e apoiadoras nas hostes da esquerda brasileira.

Que dizer então de quem ainda agora grita o nome do golpista Alexandre “Temer” de Morais como se fosse o paradigma da democracia? Por que boa parte da esquerda continua citando o nome de um golpista, antidemocrático, líder do golpe contra Lula e voz principal nos ataques à liberdade de expressão, tentando nos impor uma sociedade de vigilância onde impera a “censura do bem”? Por que ainda insistimos em tratar Alexandre de Moraes como uma figura positiva para a política brasileira? Quem não sabe reconhecer aliados, merece estes humilhantes “cavalos de Troia”. A esquerda precisa sair da 5ª série e entender que nossa luta é contra o capitalismo e sua prática de exclusão; é contra a política burguesa e sua sociedade dividida entre escolhidos e serviçais. Precisamos ser seletivos quando escolhemos nossos líderes e símbolos. Esses personagens da direita infiltrados em nossos domínios não podem jamais receber nosso beneplácito.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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