Nos últimos dias, a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação que investiga a existência de uma organização dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que serviu para investigar inimigos políticos do governo de Jair Bolsonaro. A investigação ainda aponta que essa estrutura poderia estar em funcionamento até hoje, durante o governo Lula.
Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), comentou sobre o caso em sua participação semanal na TV 247 em entrevista a Leonardo Attuch nessa sexta-feira (26). Para Pimenta, o caso é importante, pois demonstra que existem, dentro do Estado, organizações que são independentes do próprio Estado.
“Mas não acontece agora, isso é antigo. Essa Abin é uma coisa incontrolável. E, aparentemente, eles continuam perpetrando as barbaridades deles, inclusive no governo Lula, o que mostra que eles são realmente independentes”, afirmou o presidente do PCO.
Confira, abaixo, sua resposta a Attuch após ele questionar Rui sobre o caso da Abin e o envolvimento de “Israel” na espionagem dentro da agência:
“A ligação de Israel com os serviços de repressão no mundo inteiro é muito grande. Vou citar um exemplo de milhares: quem organizou a polícia secreta do Xá do Irã, que foi um dos governos mais violentos que o imperialismo colocou no poder no mundo inteiro na época dos famosos golpes militares, foi o Mossad, foi ‘Israel’. Eles organizaram a polícia secreta que foi considerada como a mais violenta do mundo.
O caso da Abin foi bom porque revelou que, no Brasil, existem organizações dentro do Estado que são independentes do Estado, atuam à revelia do funcionamento normal do Estado. Por exemplo, a Abin é um órgão do poder Executivo que deveria responder diretamente ao poder Executivo. Atividade secreta é Estado dentro do Estado, e aparentemente isso acontece.
Mas não acontece agora, isso é antigo. Essa Abin é uma coisa incontrolável. E, aparentemente, eles continuam perpetrando as barbaridades deles, inclusive no governo Lula, o que mostra que eles são realmente independentes.
Isso requereria toda uma investigação. E, se a investigação demonstrasse que isso existe, deveria haver um expurgo enorme. Aqui, na melhor das hipóteses, se isso vingar e for para frente, vão cortar a cabeça de alguma figura mais em destaque, não vão desmantelar o aparato.
Agora, queria chamar atenção: as Forças Armadas também são independente de Lula, a Polícia Federal também é independente do governo. Veja a investigação do Hesbolá, uma farsa total, e ficou claro que nem o ministro, nem Lula estavam sabendo da investigação.
No Brasil, há várias partes do Estado que atuam de forma independente. O Judiciário seria independente do Executivo, mas a Polícia Federal e as Forças Armadas não poderiam ser independente. Elas têm que ser responsáveis diante de uma autoridade que foi eleita, que representa o povo brasileiro. Senão, é uma entidade secreta, uma conspiração contra o povo, contra os direitos democráticos do povo.
Gostaria que destampassem esse bueiro e trouxessem tudo à tona, mas não estou acreditando que vai acontecer. Acho que vai ter um acerto de contas e vai continuar tudo da maneira como é hoje.”
Então, Rui Pimenta, ao ser questionado por Attuch sobre qual é sua política para o problema da Abin, respondeu:
“Nos Estados Unidos, um país formalmente mais democrático que o Brasil, a CIA, que é a Abin de lá, só pode atuar no estrangeiro – não que ela faça só isso […] Quer dizer, você pode ter um serviço de informação para saber das ameaças contra o País. Dentro do Brasil, é a polícia que tem que investigar.
Ter uma organização militarizada de espionagem de brasileiros é um crime de lesa-pátria. É um crime contra os direitos de toda a população. É muito mais grave do que aquilo que aconteceu no dia 8 de janeiro, muito mais grave. Mas isso vem acontecendo há décadas, desde que a Abin foi criada.”