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HISTÓRIA DA PALESTINA

Campo de Iarmuque e a luta dos palestinos contra os EUA na Síria

Em 2018, após quatro anos sob o controle do Estado Islâmico, Iarmuque foi libertado durante a Ofensiva de Damasco, na qual lutaram várias milícias populares palestinas

O Campo de Refugiados de Iarmuque (Yarmouk) foi estabelecido em 1957 em uma área localizada a 8 km do centro de Damasco, capital da Síria. Embora seja comum associar a Nakba apenas ao ano de 1948, quando tropas fascistas do sionismo expulsaram mais de 800 mil palestinos de suas terras, dezenas de milhares continuaram sendo expulsos da Palestina entre os anos de 1949 e 1956, como parte do processo de consolidação do Estado sionista. O ponto culminante foi a Guerra de Suez. “Israel”, apesar de ter sido derrotado na guerra, conseguiu conquistas territoriais sobre a Península do Sinai e a Faixa de Gaza.

Foi nessa conjuntura que palestinos se refugiaram em Damasco, na Síria, em 1957, erguendo o campo de Iarmuque. Em 1960, o governo sírio solicitou à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) para que reconhecesse o campo. Contudo, a solicitação não foi aceita. De forma que o Campo de Iarmuque, durante sua existência, permaneceu sendo um campo “não-oficial”. O que, segundo a própria agência, significa que ela “não é responsável pela coleta de resíduos sólidos nos campos não oficiais”. Apesar disto, os refugiados “têm igual acesso aos serviços” da UNRWA.

Possuindo uma área de 2,1 km², o campo acabou se tornando um distrito do município de Damasco, em decorrência da expansão urbana da capital ao longo das décadas. Antes da Guerra “Civil” da Síria, uma guerra de agressão impulsionada pelo imperialismo, para derrubar o governo nacionalista de Bashar al-Assad, Iarmuque chegou a ter uma população de 160 mil palestinos, a maior comunidade de palestinos na Síria. 

Contudo, desde o início da guerra, o campo foi alvo de inúmeros ataques das forças pró-imperialistas, a exemplo do chamado Exército Livre da Síria (ELS), milícia formada por cidadãos sírios que foram impulsionados pelo imperialismo a lutar contra seu próprio povo. O ELS atacou o campo em 2012, sendo combatido pela Frente Popular para a Libertação da Palestina – Comando Geral (FPLP – CG), organização formada em 1968 por Ahmed Jibril, como uma racha da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP). Sua ala militar: as Brigadas Jiade Jibril. 

A chegada da guerra ao campo de Iarmuque trouxe junto a fome, conforme noticiado pela emissora Al Jazeera, do Catar. Em 2014, 130 mil já tinham morrido na guerra provocada pelos EUA e o bloco imperialista. Em Iarmuque, 55 pessoas já haviam perecido ante a fome extrema, que continuava a assolar a população refugiada palestina, especialmente as crianças. Ao final daquele ano, a população do campo havia decrescido para 20 mil, dentre mortes e deslocamentos em decorrência da guerra.

Em 2015, com a insurgência do Estado Islâmico (EI), grupo que estava sendo impulsionado pelos EUA e por “Israel” há pelo menos dois anos, Iarmuque foi novamente alvo da ofensiva imperialista.

A Batalha do Campo de Iarmuque foi deflagrada em abril daquele ano, quando efetivos do EI invadiram o campo, vindos do distrito de Hajar al-Aswad. Foram combatidos pela milícia popular palestina Aknaf Bait al-Maqdis, do ELS (contraditoriamente) e da Frente al-Nusra. Passados poucos dias, em 4 de abril o EI tomou controle do campo. Pelo menos 15 palestinos foram executados pela força de procuração do imperialismo (um número subestimado). 

Iarmuque seria libertado do EI em 2018, como parte da ofensiva de Damasco, do governo nacionalista da Síria. Dentre os grupos que participaram da campanha militar estavam várias milícias populares palestinas, tais como a Liwa al-Quds, de Aleppo,  Força Nacional de Defesa (Síria), a Fatá al-Intifada e a Frente Popular para a Libertação de Palestina – Comando Geral (PFLP-GC). A ofensiva, que começou em 19 de abril, terminou em 21 de maio, com a expulsão do que restava do Estado Islâmico.

Contudo, após anos de guerra, o Campo de Iarmuque terminou destruído em sua maior parte. No ano de 2021, segundo informado pela UNRWA, apenas 302 famílias palestinas haviam voltado para Iarmuque. Conforme noticiado em 2023, a escalada inflacionária era um dos principais fatores impedindo o retorno dos palestinos a Iarmuque, para o que havia sobrado de suas casas.

Após mais de uma década de guerra, mesmo tendo o imperialismo sido derrotado, a devastação econômica ainda permanece na Síria, estando os refugiados palestinos entre as principais vítimas.

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