Por quê estou vendo anúncios no DCO?

HISTÓRIA DA PALESTINA

As milícias fascistas por trás de Sabra e Chatila

Impulsionadas por "Israel", as Forças Libanesas, coalização das milícias fascistas dos cristãos maronitas, estiveram à frente de massacres de milhares de palestinos e libaneses

O Hesbolá, o partido político de massas mais popular do Líbano, e que possui o maior exército não estatal do Oriente Médio, foi a primeira organização a se somar ao Hamas – e às demais organizações da resistência palestina – na luta contra o sionismo, diante do genocídio desencadeado por “Israel” após a Operação Dilúvio de al-Aqsa. Desde então, o Partido de Alá vem prestando valoroso auxílio à resistência, com ataques precisos ao norte de “Israel”, obrigando os colonos sionistas daquela região a abandonarem os territórios palestinos que haviam roubado, aprofundando a crise dos sionistas.

O auxílio do Hesbolá aos palestinos é de longa data, afinal, o partido surgiu da guerra de agressão que “Israel” e o imperialismo travaram contra o Líbano, na qual impulsionaram um movimento fascista libanês com o objetivo de destruir por completo a resistência palestina. Esta havia se estabelecido no país após ser expulsa da Jordânia pelo imperialismo nos anos de 1970 e 1971, em episódio que ficou conhecido como Setembro Negro.

À época, à frente da resistência estava a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), uma coalizão de diversas organizações da resistência, sendo a principal o Fatá, de Yasser Arafat. Com a finalidade de varrer os palestinos do mapa, o imperialismo e “Israel” impulsionaram um dos movimentos fascistas mais sanguinários que o mundo já viu, o dos partidos e milícias dos cristãos maronitas do Líbano.

O principal partido da extrema-direita libanesa, cuja milícia atuou como mandatária de “Israel” e do imperialismo na guerra civil, era o Partido Cataeb.

Fundado em 5 de novembro de 1936 por Pierre Amine Gemaiel, o partido também era conhecido o Partido das Falanges Libanesas. O nome não é nenhuma coincidência, pois conforme já exposto por este Diário em matéria sobre o Massacre de Carantina, era uma “referência ao partido fascista espanhol Falange Espanhol das Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista, conhecida popularmente como Falange. Este fora o principal grupo fascista que atuou durante a Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939), tendo papel fundamental em garantir a subida de Francisco Franco ao poder, e a consolidação de uma ditadura fascista que duraria quase quatro décadas”.

Além disto, na mesma matéria foi exposto que Pierre Gemaiel certa vez expressou sua admiração pelo nazismo e pela Alemanha Nazista, em entrevista ao jornalista e escritor britânico Robert Fisk (correspondente internacional que chegou a cobrir diversas guerras, dentre elas a “Guerra Civil Libanesa”). Na entrevista. Gemaiel declarou o seguinte:

“Fui capitão da seleção libanesa de futebol e presidente da Federação Libanesa de Futebol. Fomos aos Jogos Olímpicos de 1936 em Berlim. E eu vi então essa disciplina e ordem. E eu disse a mim mesmo: ‘por que não podemos fazer a mesma coisa no Líbano?’ Então, quando voltamos ao Líbano, criamos este movimento juvenil. Quando eu estava em Berlim, o nazismo não tinha a reputação que tem agora. Nazismo? Em todos os sistemas do mundo você pode encontrar algo bom. Mas o nazismo não era nazismo. A palavra veio depois. No sistema deles, vi disciplina. E nós, no Oriente Médio, precisamos de disciplina mais do que qualquer outra coisa.”

Segundo Fisk, os uniformes originais dos militantes do partido incluíam camisas marrons e os membros utilizam a saudação romana. Na década de 40, seu lema era “Deus, Pátria e Família”. Releia a matéria sobre o massacre de Carantina:

Mais de 1.500 palestinos refugiados no Líbano são mortos

Embora o partido tenha sido fundado na segunda metade da década de 30, ele atingiu seu ápice nos anos 1970, quando foi impulsionado pelos sionistas e o imperialismo para combater os palestinos. Nessa época, estima-se que chegou a ter entre 60 mil e 70 mil membros. Embora a maioria fosse de cristãos maronitas, também havia judeus e druzes (grupo cultural e religioso que colaborou com os sionistas durante a Nabka, contra os palestinos).

Vale ressaltar que o partido foi formado como uma organização armada de jovens maronitas, aos moldes da Falange espanhola e dos Fasci Italiani di Combattimento, organização fundada por Mussolini que precedeu o Partido Nacional Fascista (italiano). Já no ano de 1937, foi criada a “Organização dos Militantes”, a milícia fascista do Cataebe. De forma que Falange Libanesa é a milícia fascista mais antiga do Líbano.

Como comprovação de que o fascismo é um empreendimento da burguesia, o braço armado do Cataebe foi fundado não apenas por Pierre Gemaiel, mas também por William Hawi, um burguês da indústria do vidro, de nacionalidade libanesa-americana, que liderou os bandos fascistas do Cataebe durante a Guerra Civil de 1958. Confirmando a natureza reacionária do Cataebe, a sua vitória (e a do governo libanês) nessa guerra contou com o apoio dos Estados Unidos, sendo que, do outro lado, estava um movimento nacionalista libanês, que recebia apoio de Gamal Abdel Nasser e da República Árabe Unida.

Após a guerra, o burguês americano Hawi continuou tendo papel de suma importância na organização do braço armado do Cataeb. Sob ordens do birô político e de Gemaiel, Hawi reorganizou o aparato militar do partido, criando as Forças Regulatórias Cataebe. 

Estas foram as principais milícias fascistas dos cristãos maronitas que atuaram durante o banho de sangue que foi a Guerra Civil do Líbano.

A guerra foi desatada em 13 de abril de 1975. Como já exposto, o objetivo do imperialismo e de “Israel” era esmagar completamente a OLP e o Fatá, isto é, a resistência palestina.

Com o nível de organização que havia adquirido ao longo dos anos, os Falangistas (como eram conhecidos os membros do Cataebe e os milicianos das Forças Reguladores) foram de grande valia, estiveram sempre na frente de combate.

Mas não foram os únicos. Várias outras milícias fascistas, umas ligadas a partidos, outras não, também estiveram a serviço de “Israel” na luta contra os palestinos. Segue abaixo a lista de algumas delas:

  • Milícias Tigre: braço armado do Partido Nacional Liberal, fundado em 1958 pelo então presidente do Líbano, Camille Chamoun;
  • Movimento Marada: milícia fascista que surgiu inicialmente como uma milícia privada do presidente Suleiman Frangieh;
  • Guardiões do Cedro: milícia fascista criada por Étienne Saqr. Durante a guerra civil, ficaram notoriamente conhecidos por sua crueldade. Seus milicianos estiveram entre os primeiros na ofensiva que resultou no massacre de Tel al-Zaatar;
  • Movimento Juvenil Libanês (MKG, sigla em inglês): milícia fascista de cerca de 500 a 1000 membros. Apesar do pequeno tamanho, ficou conhecida pela brutal violência com que atuou durante a guerra civil, participando ativamente de inúmeros massacres contra palestinos e libaneses, tais como os de Dbaié, Carantina, Al-Maslakh e Tel al-Zaatar. Pela crueldade com que perpetraram o ataque a este último campo de refugiados, ficaram conhecidos pela alcunha de “Os Fantasmas dos Cemitérios”. Segundo historiadores, fascistas do MKG utilizavam colares feitos com partes dos corpos de suas vítimas (Kazziha, Palestina no dilema árabe (1979), p. 54.).

A partir de 1976, como forma de centralizar a atuação dos cristãos maronitas, eles se conformaram na Frente Libanesa, liderada primariamente pelo Cataebe e pelo Partido Nacional Liberal.

No mesmo ano, Pierre Gemeiel e Camille Chamoun organizaram informalmente as Forças Libanesas para centralizar a atuação das milícias fascistas. As Forças Regulatórias Cataebe forneceram o maior número de quadros.

Foram as Forças Libanesas que estiveram à frente no Massacre de Sabra e Chatila, quando os maronitas, auxiliados por “Israel” e pelos Estados Unidos, assassinaram a sangue-frio e com armas brancas mais de cinco mil palestinos e libaneses desarmados. Sobre esse massacre, releia matéria já publicada no Diário Causa Operária:

O massacre de Sabra e Chatila

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.