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Uma história de massacres

O massacre de Sabra e Chatila

Uma barbárie promovida pelo governo israelense

Israel é o nome de um empreendimento colonial do imperialismo, que ao contrário do que é divulgado pela imprensa, pelas ONGs, fundações e diversos setores da academia, o país não foi organizado a partir de reparação pelo holocausto, mas sua constituição foi pensada muito antes, pelo movimento político sionista.

Contudo, esse empreendimento colonial não é de uma colonização clássica, com o objetivo de explorar o povo palestino. No sionismo o objetivo é dispersar e despojar os palestinos, substituindo a população original pelos colonos, erradicando agricultores, artesãos e moradores de cidades da Palestina e substituir por uma força de trabalho totalmente novo (Schoenman, 1988).

Com base nesse princípio ocultado pelo imperialismo, Israel impõe uma política de ocupação e destruição dos palestinos, com a permanente militarização desse Estado artificial, que em suas bases políticas, pretende formar a “Grande Israel”, ou seja, o objetivo original do sionismo é dominar a “Terra Prometida”, que se estende do Rio do Egito até o Eufrates, inclui partes da Síria e do Líbano.

Por isso, Israel também está em permanente confrontação com esses países, de modo que em 1982, demarca claramente os objetivos expansionistas de Israel. Naquele ano foi assinada uma momentânea paz com o Egito, para concentrar suas tropas e sede por sangue na fronteira com o Líbano, aguardando uma justificativa para uma operação de grande monta na região.

Foi então que entre os dias 16 e 18 de setembro de 1982, na periferia de Beirute, capital do Líbano, tropas de ocupação israelense e milícias ligadas ao partido fascista, Falanges Cristãs, aliado do sionismo, adentrou os campos de refugiados de Sabra e Chatila, e atacou as famílias desarmadas. Foram 36 horas de estupros, torturas, e todo tipo de atrocidade.

O pretexto para tamanha barbárie foi a tentativa de assassinato do embaixador israelense Shlomo Argov, em Londres – levada a efeito pelo grupo para a libertação da Palestina, a Organização Abu Nidal (ANO). De acordo com Finkelstein (2005, p. 29), “recorrendo ao mesmo slogan da ‘erradicação do terrorismo palestino’, Israel passou a massacrar uma população indefesa, quase todos civis”. Portanto, o massacre de Sabra e Chatila é um ataque visando a limpeza étnica almejada pelos sionistas.

O número de vítimas varia entre 700 (o número oficial israelense) e 3.500 (no inquérito lançado pelo jornalista israelense Amnon Kapeliouk). O número exato nunca pode ser determinado porque, além das cerca de 1.000 pessoas que foram enterradas em valas comuns pela Cruz Vermelha ou nos cemitérios de Beirute por membros de suas famílias, um grande número de cadáveres foi enterrado sob edifícios demolidos pelos próprios membros da milícia. Além disso, centenas de pessoas foram levadas vivas em caminhões para destinos desconhecidos, para nunca mais voltar.

No caso do Líbano, o país estava ocupado por Israel, servindo como proxy para colocar o sionismo como movimento de supremacia na região. Em agosto de 1982, o domínio de Israel na região era profundo, a ponto de impor Bechir Gemayel, presidente do Líbano. A rejeição a esse processo, com a imposição de um ultradireitista proveniente das Falanges Cristãs, culminou na morte dele por um atentado à bomba.

“Luta contra o terrorismo” como pretexto para a barbárie permanente

O ministro da Defesa israelense, que promoveu a barbárie, era Ariel Sharon, que ganhou uma recompensa pelos feitos em Sabra e Chatila, em 2001, quando se tornou primeiro-ministro. Como num ato combinado, 2001 foi o ano que iniciaram os julgamentos do massacre, mas Sharon estava imune.

Ariel Sharon agiu para erradicar cerca de 2000 “terroristas” que, segundo ele, estavam escondidos nos campos de refugiados de Sabra e Shatila. Depois de cercar totalmente os campos de refugiados com tanques e soldados, Sharon ordenou o bombardeio dos campos e o bombardeio continuou durante toda a tarde e noite de 15 de setembro, deixando a “limpeza” dos campos para a milícia cristã libanesa de direita, conhecida como falangistas. No dia seguinte, os falangistas – armados e treinados pelo exército israelense – entraram nos campos e passaram a massacrar os civis desarmados, enquanto o general israelense Yaron e seus homens assistiam a todas as operações. Mais grotescamente, o exército israelense garantiu que não houvesse calmaria nas 36 horas de assassinatos e iluminou a área com sinalizadores à noite e apertou o cordão em torno dos campos para garantir que nenhum civil pudesse escapar do terror desencadeado.

A natureza violenta e expansionista do sionismo é acobertada por um lobby das corporações de comunicação, em um modelo de guerra que funde os ataques militares de Israel às informações que são selecionadas a dedo, ocultando a realidade. O massacre de Sabra e Shatila acabou ganhando espaço na imprensa internacional, de acordo com a Fepal (2021), a partir do repórter da revista Veja, Alessandro Porro, um judeu nascido na Itália e naturalizado brasileiro, que atuava como correspondente de guerra à época. Essa reportagem acabou fugindo ao controle da imprensa sionista, e acabou sendo registrada.

Hoje em dia assiste-se, por intermédio da rede social X e Telegram, um verdadeiro genocídio. Fora essas redes, a imprensa capitalista tenta esconder o genocídio, legitimando os ataques militares de Israel com o fantoche do “terrorismo do Hamas”. Atualmente os eventos de Sabra e Shatila, não seriam abordados como um verdadeiro massacre, mas como uma ação preventiva de terrorismo, como fez Ariel Sharon.

Sabra e Shatila, acontecido há 42 anos, não pode ser esquecida, pois demonstra que não é o ataque do Hamas que mobiliza a fúria de Israel, mas o projeto do sionismo, que visa o extermínio sistemático do povo palestino.

Referências

Fepal. A voz de Sabra e Chatila. 17-09-2021. Disponível em: https://fepal.com.br/a-voz-de-sabra-e-chatila/ . Acesso em 30-10-23

Finkelstein, Norman. Imagem e realidade do conflito Israel-Palestina. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 29. 

Schoenman, Ralph. A História Oculta do Sionismo. Veritas: Santa Bárbara (Califórnia), 1988.

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