Uma das universidades israelenses conveniadas com a principal universidade brasileira, a Universidade de São Paulo (USP), é a Universidade de Haifa. A instituição, que chegou a abrigar um programa de treinamento para a Inteligência Militar de “Israel”, a Aman, criada em 1950 pela milícia sionista Haganá, ganhou um concurso, em 2018, para organizar cursos superiores aos militares sionistas da Escola de Defesa Nacional, Escola de Comando e Estado-Maior e Escola de Comando Tático.
“Graças ao programa da Universidade de Haifa, [os militares israelenses] seriam capazes de prender palestinos sem julgamento, ordenar bombardeios de bairros civis e estabelecer critérios arbitrários para os postos de controle, mas ainda encontrar tempo para ouvir lições e fazer testes”, denuncia o movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS).
A Universidade de Haifa também apoiou veementemente as forças israelenses e o ataque a Gaza. Ela mobilizou campanhas de arrecadação de fundos, que incluíram fornecer apoio financeiro aos seus “soldados estudantes” na linha de frente. A universidade doou coletes à prova de bala para as forças especiais. Assim como a Universidade de Tel Aviv (TAU), a Universidade de Haifa também criou uma iniciativa para aumentar o apoio a “Israel”. O objetivo da campanha era convencer audiências internacionais de que qualquer crítica ao esforço de guerra de “Israel” em Gaza é injusta e que aqueles que defendem os direitos dos palestinos estão ou desinformados, ou pró-terrorismo.
Como parte dessa campanha, a universidade lançou uma “série de vídeos multilíngues” com seus estudantes e membros do corpo docente para “esclarecer os fatos” sobre o 7 de outubro. A maioria dos vídeos simplesmente repete os argumentos do governo israelense, incluindo alegações de que o ativismo pró-Palestina é, na verdade, pró-Hamas, e que o slogan “Do rio ao mar, a Palestina será livre” é um chamado para um segundo Holocausto contra o povo judeu.
A Universidade de Haifa também tem estado na linha de frente da campanha israelense para combater o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) e os esforços internacionais para iniciar um boicote às instituições acadêmicas israelenses. Em junho deste ano, a atual reitora, Professora Mouna Maroun, juntou forças com outros acadêmicos de Haifa, do Instituto Weizmann de Ciências e da Universidade Hebraica de Jerusalém (HUJI), e publicou um artigo na revista Nature argumentando que boicotar a academia israelense seria contraproducente, pois desconsidera estudantes e professores que “se identificam como árabes ou palestinos”, ignora o “histórico comprovado” da academia israelense de apoiar os direitos humanos e desafiar as políticas governamentais, além de “prejudicar os esforços para promover a inclusão” dentro da comunidade científica israelense.
Em 2023, a Universidade de Haifa suspendeu oito estudantes árabes até o fim dos processos disciplinares, sob acusações de que eles teriam expressado apoio à Operação Dilúvio de Al-Aqsa. Inicialmente, o comitê disciplinar responsável pelo caso cancelou a suspensão imposta por Guy Alroey, reitor da universidade, até que as audiências fossem concluídas. No entanto, o comitê reverteu sua decisão, pouco antes do início do ano letivo.
O comitê justificou sua decisão afirmando que estava “assumindo uma grande responsabilidade pela comunidade universitária — uma responsabilidade necessária neste período tumultuado”. O senado acadêmico da universidade comunicou aos alunos que as acusações “não poderiam ser tratadas com leveza”, mesmo que as medidas disciplinares impactassem seu aprendizado.