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Ricardo Rabelo

Ricardo Rabelo é economista e militante pelo socialismo. Graduado em Ciência Econômicas pela UFMG (1975), também possui especialização em Informática na Educação pela PUC – MINAS (1996). Além disso, possui mestrado em sociologia pela FAFICH UFMG (1983) e doutorado em Comunicação pela UFRJ (2002). Entre 1986 e 2019, foi professor titular de Economia da PUC – MINAS. Foi membro de Corpo Editorial da Revista Economia & Gestão PUC – MINAS.

Coluna

A imposição de uma censura estrutural nas redes sociais

"Esta super censura só se equivale aos métodos nazistas de perseguição política, agora com a sofisticação e eficácia nunca imaginada pelos integrantes do regime de Hitler"

O imperialismo está cada vez mais aprofundando a divergência entre a realidade dos fatos e sua visão ideológica sobre a realidade. A incapacidade de impor sua vontade de dominação sobre os povos, as derrotas militares no Iraque, na Síria, no Afeganistão, e na Ucrânia tornam cada vez mais patente que a russofobia e islamofobia, o ódio aos palestinos assim como a todos os povos oprimidos e explorados do mundo não pode sobreviver a uma análise mais detida dos fatos, com uso do espírito critico e a razão. É preciso, portanto, impedir que a verdade seja descoberta e muito menos divulgada. E por isso é preciso se impor pela censura e pela exclusão virtual ou física dos dissidentes. 

Na Alemanha, os dissidentes e aqueles que fazem perguntas incômodas e com franqueza são classificados como “teóricos da conspiração”. Foi criado em Berlim um serviço de aconselhamento destinado ensinar a parentes, amigos ou conhecidos como combater as “declarações de conspiração ideológica” e denunciar seus autores às autoridades.

No início deste ano, os autores do Davos Global Risks Report 2024 identificaram “desinformação e falta de informação correta” como os maiores e mais sérios riscos globais no futuro próximo. E os especialistas de Davos pela primeira vez colocaram a desinformação no topo da lista de riscos globais. É o que afirma o Relatório de Riscos Globais publicado no dia 10 de janeiro de 2024, elaborado pelo WEF – Fórum Econômico Mundial.

A presidente, Ursula von der Leyen e a vice-presidente da Comissão Europeia, V. Zhurova, anunciaram a criação de uma nova “lei digital” que regulamentaria todas as redes, plataformas e serviços da União Europeia e garantiria o controle abrangente e a restrição do acesso dos cidadãos a qualquer informação incorreta e não leal aos aliados globais. As dirigentes da Comissão Europeia defenderam que devem ser equiparados a terroristas os “apoiadores de teorias conspiratórias e que semeiam críticas à União Europeia, suas intenções e seus aliados”. 

O Parlamento Israelense aprovou uma lei que permite “tirar do ar” qualquer emissora que o governo declare “contra o Estado”. A ação ditatorial do Governo do fascista de Benjamin Netanyahu não surpreendeu ninguém, porque o facínora já é responsável por ter mandado fuzilar mais de 120 jornalistas desde o início do Genocídio em Gaza. A emissora Al Jazeera, que faz um jornalismo de qualidade, se tornou uma das principais vozes contra o massacre realizado por Israel contra o povo palestino e é a primeira vítima da nova lei. A TV Al Jazeera terá seu trabalho no país será encerrado, seus escritórios serão fechados e seus equipamentos serão confiscados.

O Fórum Econômico Mundial (WEF) anunciou recentemente que uniria forças com a ONU para monitorar/restringir a liberdade de expressão na Internet. Os membros não eleitos dessas duas organizações se posicionaram abertamente como censores globais, como reguladores da liberdade de expressão. Os defensores do Fórum Econômico Mundial e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) disseram ter desenvolvido um “kit de ferramentas de segurança digital” que querem impor aos governos soberanos.

Ao mesmo tempo, a UE enfatizou que o kit de ferramentas foi desenvolvido para combater o “discurso de ódio” e o “cyberbullying” e, em Israel, uma sentença de prisão por leitura de conteúdo proibido é estabelecida pela lei promulgada pelo Knesset que prevê a punição pelo simples fato de se ler o que é considerado “propaganda de organizações terroristas”.

A ONU, a Unesco e o WEF, insistem que as “regras” que estão tentando implantar garantirão que sua versão da internet seja a única maneira “confiável” de informar e de se proteger contra a desinformação. Devemos lembrar que a OMS está interessada na rápida entrada em vigor do chamado Tratado Global contra a pandemia e gostaria que os Estados-membros da ONU acelerassem o processo, pois isso dará à OMS não apenas novos poderes no campo da política de saúde, mas também permitirá combater a chamada “desinformação” por meio de uma supervisão rigorosa.

Para apoiar seus cúmplices na OMS e no WEF, no início do verão passado pessoas com ideias semelhantes na ONU classificaram todos os tópicos de que não gostavam como perigosos, chamando-os de “teorias da conspiração”. Desde então, qualquer cidadão respeitável, do ponto de vista de Schwab, Gates e outros lobistas do “novo normal”, deve partir do fato de que o imperialismo não existe, não há uma manipulação secreta dos eventos que ocorrem no mundo, os poderes constituídos são formados por pessoas honestas, solidárias e abertas, e Soros, Gates, os Rothschilds, o Estado de Israel, etc. não podem de forma alguma se conectar com qualquer “suposta conspiração”.

Nada é tão semelhante às estruturas mundiais de “polícia do pensamento” como o novo sistema de verificação de fatos iVerify da ONU. Esta ferramenta automatizada de “fact-checking” foi desenvolvida em colaboração da ONU e o Facebook, com a participação financeira das entidades de Soros. O sistema é projetado “para combater a desinformação em todo o mundo” e é ativamente apoiado pelo Google, que, a partir do segundo semestre de 2024, introduzirá a censura de acordo com as diretrizes da OMS, do WEF, da União Europeia e da ONU. Dessa forma, tudo estará sujeito a uma censura ainda mais poderosa. O que as pessoas têm vivido até agora (bloqueio, exclusão de contas, shadow bannings) foi apenas um ensaio ou, se quiserem, um teste do sistema, porque o que veremos em seguida será a prática das conspirações, não sua teoria.

A nova política global de censura do Google, “Fact-Checking Tools”, para eliminar a dissidência sobre qualquer tópico que a corporação escolher está sendo implantada silenciosamente. O centro desta estratégia é a exclusão, pelo Google, de todas as mídias independentes e alternativas, dos resultados de pesquisa. De acordo com LaToya Drake, diretora do Google News Lab, o Google está colaborando no desenvolvimento de uma nova ferramenta de censura com a ONU, OMS e outras organizações. Quase imediatamente depois, o YouTube atualizou suas políticas de informações e decidiu remover qualquer conteúdo que conflitasse com as recomendações das autoridades.

Os expoentes do regime de Kiev quiseram imediatamente tirar partido da total censura e desinformação imposta no ciberespaço. Para isso, a mulher do Presidente da Ucrânia, Elena Zelenskaya, chegou a ter uma reunião especial com representantes da Google, a quem expressou os seguintes desejos e vontades das atuais autoridades ucranianas: desrussificar os resultados de pesquisa no Google e recomendações no YouTube; alterar a entrega automática de conteúdo recomendado e popular para ucranianos de russo para ucraniano e europeu; desconectar a Ucrânia de sua afiliação geográfica com a Eurásia, mostrar a Crimeia a todos os usuários do Google Maps como um território da Ucrânia.

Na Áustria, as funções da “polícia do pensamento” foram assumidas pelo Gabinete de Proteção e Informação do Estado (DSN). Seus especialistas em censura digital, acompanham “a disseminação de mitos conspiratórios pelo país”, estão preocupados por que os provedores de tais informações estão se tornando cada vez mais profissionais. De acordo com o DSN, o favorito perene entre os mitos da conspiração é o chamado “Grande Reset”. Entre outras coisas, inclui alegações de que as burguesias buscam criar um governo mundial e querem exterminar os descontentes. 

Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro da Nova Zelândia propôs da tribuna da ONU proibir a divulgação de informações não acordadas com as autoridades, afirmando que “a liberdade de expressão é a arma do inimigo e é o pluralismo de opiniões que gera guerras, aquecimento global e o racismo”, e os funcionários do governo são a única fonte de verdade e, portanto, é necessário introduzir censura na Internet.

Na mesma época, a própria Nova Zelândia tinha agências de inteligência locais emitindo ativamente panfletos dizendo ao público que qualquer pessoa que suspeitasse que seus amigos ou familiares estavam se manifestando contra a censura deveria denunciá-los com urgência, pois isso era um sinal de que seus amigos e familiares são terroristas.

Esta super censura só se equivale aos métodos nazistas de perseguição política, agora com a sofisticação e eficácia nunca imaginada pelos mais perversos integrantes do regime de Hitler. A liberdade de expressão é hoje uma questão fundamental para a luta dos trabalhadores e defendê-la é uma questão de princípio da qual não podemos abrir mão. Argumentar que a liberdade de expressão pode servir de instrumento para a extrema direita é não entender que ela também defende a condenação legal do protesto contra a barbárie do genocídio em Gaza.

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