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Juca Simonard

Editor da revista Na Zona do Agrião e redator do Dossiê Causa Operária

Polêmica com Valter Pomar

A frente com o imperialismo pela ‘democracia’

Esquerda está realizando uma frente programática com a direita pró-imperialista contra suposto "golpe" de Bolsonaro

O dirigente da tendência petista Articulação de Esquerda, Valter Pomar, escreveu dois artigos, em seu jornal Página 13, criticando o Partido da Causa Operária (PCO) por não considerar a manifestação bolsonarista do dia 8 de janeiro de 2023 como uma tentativa golpe de Estado. A concepção de Pomar, seguindo a linha política apontada pela burguesia tradicional através de seus jornais (O Globo, Folha de S.Paulo etc.) considera que, naquele dia, os bolsonaristas tentaram realizar um golpe para derrubar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. 

Isso justificaria a atuação, ao lado de setores golpistas do imperialismo, como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nas manifestações da “Democracia Inabalada”, ocorridas no primeiro aniversário das manifestações bolsonaristas. No entanto, sem conseguir discutir claramente as posições do nosso partido, Pomar inventou um PCO com o qual polemizar: não o PCO real, mas um PCO fictício, produto da imaginação do militante petista.

No primeiro artigo publicado por Pomar (“Afinidades eletivas entre Aldo Rebelo, o PCO e o general Mourão”), como diz o título, o dirigente da tendência petista comparou a política do nosso partido com a de Mourão e a do ex-ministro Aldo Rebelo. O motivo é que os três afirmaram que não houve uma tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro de 2023, quando os bolsonaristas invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes. Segundo o critério do petista, uma coincidência na avaliação seria uma afinidade política. Inversamente, segundo tal raciocínio, o fato de que a facinorosa Rede Globo e Valter Pomar consideram que houve um golpe representaria uma afinidade entre Pomar e a Rede Globo. Insinuações caluniosas costumam não respeitar a lógica mais elementar.

“Entretanto, não é por nenhum motivo aceitável que os cavernícolas negam que a intentona de 8 de janeiro de 2023 fazia parte de uma operação golpista. Vale dizer que os motivos cavernícolas são da mesma natureza que os motivos dos tucanos, quando negam que o impeachment contra Dilma foi um golpe. A questão é, no fundo, bem simples: assumir que foi golpe é reconhecer que praticou um crime. E, por tabela, criminosos são os que não fizeram nada, os que foram cúmplices, os que estimularam”, afirma Valter Pomar, que continua:

“Que Mourão faça isso, óbvio. Que Aldo faça isso, também óbvio, tendo em vista o giro ideológico que ele vem fazendo desde que encontrou José Bonifácio no alto da goiabeira. Mas que o PCO faça isto, não é tão óbvio, ao menos para quem ainda se ilude com as credenciais da referida organização”.

Segundo Pomar, Aldo e Mourão negam o golpe por conveniência política, segundo ele obviamente. No caso do PCO, essa intenção não seria tão óbvia, o que significa que, embora não sendo tão evidente, é também uma posição de conveniência. Para Pomar, o PCO teria então interesses particulares em negar o golpe. E quais seriam esses interesses? Temos toda a eternidade para esperar uma resposta a esta pergunta.

Arrependido em dizer que não é tão óbvio, no correr da pena acrescenta que é assim apenas “para quem ainda se ilude com as credenciais da referida organização”. Quer dizer, para quem não “se ilude com as credenciais” do PCO, seria óbvio o motivo pelo qual o partido diz não ter havido uma tentativa golpista pelos bolsonaristas no início do ano passado, mas continuamos sem saber qual é essa obviedade.

A diferença entre os golpistas

A tarefa de “esclarecer” as razões para a caracterização do PCO a respeito do 8 de janeiro ficou para o segundo artigo do militante petista: “PCO, aliado objetivo de Bolsonaro?”, no qual Pomar afirma que “as posições do PCO o convertem, na prática, em aliado objetivo de Bolsonaro”. Porém, se é “na prática” e “objetivamente” que o PCO é aliado de Bolsonaro, então os motivos que levam ao partido a não definir o 8 de janeiro como golpe de Estado nada têm em comum com as posições da direita e tornam-se ainda mais misteriosas. Razões e intenções são fatos subjetivos e, nesse caso, Pomar assinala claramente que estas estão em contradição com os fatos objetivos. Uma coisa indispensável na polêmica é um domínio da lógica e as críticas do dirigente petista ao nosso partido carecem deste requisito no nível mais elementar.

Daí ser natural que, para justificar seu argumento, no entanto, o dirigente petista seja forçado a falsificar a política do nosso partido. Na falta de lógica temos o famoso e simpático jeitinho brasileiro. Ocorre que na polêmica de ideias este é um recurso puramente fraudulento. Pomar critica um artigo que saiu no Diário Causa Operária (“Tome veneno, você não morrerá!”), que por sua vez critica não apenas uma nota da executiva nacional da Articulação de Esquerda (“Um ano da intentona fascista de 8 de janeiro”), mas também outros setores do PT, como Alberto Cantalice e Tarso Genro, que defenderam uma aliança com a direita golpista para lutar contra o “golpismo” bolsonarista.

No entanto, Pomar falsifica a nossa posição quando diz que, para o PCO, o conjunto dos golpistas — isto é, o bolsonarismo e a direita tradicional pró-imperialista — seria “farinha do mesmo saco”, o que é a mais pura verdade, mas não no sentido em que o petista nos atribui. Ele afirma que, para o nosso partido, “os golpistas de punho de renda e os golpistas de extrema direita seriam igualmente golpistas e, portanto, não se poderia fazer alianças com uns contra outros”. “De fato, são todos golpistas. Mas isto não quer dizer que sejam iguais”, afirma o dirigente da Articulação de Esquerda.

Pomar, dessa forma, polemiza com uma posição imaginária do nosso partido, que não iguala o bolsonarismo ao setor tradicional da burguesia, os supostos “golpistas de punho de renda”. Mesmo se tratando de dois setores golpistas, o partido sempre deixou claro que são dois setores diferentes, tanto social como politicamente. Os “golpistas de punho de renda” são a agência do imperialismo e das altas finanças dentro do país, que tentou levantar a chamada “terceira via” nas eleições de 2022 e é representada por partidos como PSDB, aparecendo principalmente atualmente através da política do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

O dirigente petista, porém, deveria entender que fazemos essa diferenciação, pois, no primeiro artigo, Pomar cita a seguinte declaração nossa: “a falsa campanha contra o bolsonarismo, dirigida pelo STF, e levada a cabo por todo esse bloco da direita tradicional, tem como um de seus principais objetivos o aumento da repressão, principalmente da censura” (“8 de janeiro de 2024: vem aí um golpe de Estado de verdade?”, Diário Causa Operária). Nosso crítico quer acreditar que a palavra “falsa” quer dizer que tudo o que acontece presentemente no Brasil, incluindo aí a condenação de Bolsonaro pelo TSE, seria apenas um teatro. No entanto, nada das posições apresentadas pelo PCO ou na sua política autoriza essa interpretação. A palavra falsa aqui apenas indica que a campanha da direita tradicional contra o Bolsonaro tem objetivos extremamente limitados e não é o que parece ser; não é, especificamente, o que os seus autores dizem que é, ou seja, uma defesa da “democracia”. Ninguém poderá negar que, se as pessoas que gritam golpe de Estado só conseguiram a condenação de uns pobres coitados a altíssimas penas de prisão, isso significa que não estão levando muito a sério essa luta e encontraram convenientes bodes expiatórios. 

A “luta” contra o bolsonarismo da parte da direita tradicional tem objetivos puramente eleitorais e não visa nem a liquidar a extrema direita ou o golpismo desta ala, ou o golpismo em geral. 

Aliás, essa sempre foi a concepção do PCO. Na época do golpe de Estado de 2016, destacamos que o conjunto da burguesia se uniu para derrubar o governo do Partido dos Trabalhadores, prender e perseguir dirigentes petistas e retirar Lula, que foi ilegalmente preso, das eleições. Em 2018, nossa avaliação não era a de que Jair Bolsonaro era o candidato preferido da direita tradicional.  Apontamos, inclusive, que esse setor defendia, naquele momento, a candidatura do atual vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, então candidato do PSDB. Como o candidato tucano fracassou irremediavelmente, como também aconteceu com a candidata da “terceira via” em 2022, Simone Tebet (MDB), a burguesia decidiu apoiar a eleição de Bolsonaro para não entregar o governo ao PT.

Quer dizer, os dois blocos “embora sejam farinha do mesmo saco” (é generosidade demais não reconhecer este fato) não são idênticos, mas estavam unidos para levar adiante o golpe de Estado. Após a eleição de Bolsonaro, o setor da direita tradicional, representante direta e orgânica do imperialismo no Brasil, visou enquadrar o governo de extrema direita, garantindo suas políticas essenciais, mas mesmo assim entrando em contradição com o presidente em aspectos pontuais. Como Bolsonaro se tornou inconveniente em determinados aspectos — visto que, como mostra o caso Javier Milei na Argentina, o imperialismo quer um fascista que siga à risca sua política econômica de terra arrasada — o imperialismo, mediante Alexandre de Moraes e outros setores do STF, iniciou uma política antidemocrática contra o bolsonarismo.

Essa campanha tem objetivo triplo: primeiro, enfraquecer o bolsonarismo para aproveitar seu eventual espólio e impulsionar a direita tradicional, ao estilo tucano, como principal oponente do PT; segundo, usar o bicho-papão do bolsonarismo para fechar o regime político e estabelecer uma ditadura (ou um regime que atua como uma ditadura apesar de ter uma fachada democrática) controlada pelo imperialismo; terceiro, colocar a esquerda pequeno-burguesa, iludida com a “democracia”, a reboque da política da direita tradicional e, assim, aumentar a popularidade desse bloco golpista.

Para nós, portanto, é evidente que existem dois blocos principais da burguesia e ambos golpistas, que estão disputando entre si o controle do regime político. O problema, no entanto, é que, ao contrário do restante da esquerda, consideramos que o setor que aparece como “direita democrática”, Alexandre de Moraes, Simone Tebet, etc., é um inimigo mais poderoso e mais perigoso que o bolsonarismo. 

O motivo é simples: a direita tradicional é representante direta dos interesses do imperialismo no Brasil. Portanto, é o bloco da burguesia mais poderoso e, o que é mais importante, sem o apoio do qual o bolsonarismo jamais poderia atingir ou se manter no poder. É também o que mais ameaça os interesses dos trabalhadores brasileiros. Sendo a luta da classe operária, primordialmente, uma luta da classe trabalhadora internacional contra o imperialismo, enquanto marxistas, nossos principais inimigos são o imperialismo e seus agentes nacionais.

Bolsonaro, mesmo sendo um político pró-imperialista, portanto um inimigo da classe operária, é um representante secundário, um sócio menor do imperialismo. Sua base social é, principalmente, um setor secundário da burguesia brasileira e o latifúndio — que, com sua política anti-nacional de exportações, também é um sócio da política imperialista no Brasil. No entanto, é nitidamente um setor mais fraco da política pró-imperialista.

Um elemento essencial da confusão política de Pomar é substituição de uma análise social, ou seja, de classe, por uma análise ideológica. Em qualquer análise de classe, o imperialismo deveria ocupar o centro de todas as preocupações. Para o petista não é assim. O inimigo central não é o imperialismo, mas o bolsonarismo, o que é evidentemente um erro de análise.

Assim, o foco da luta política em defesa dos interesses da classe operária brasileira deve ser o combate ao imperialismo que atua, atualmente, através da direita tradicional “democrática” — que só ganhou essa alcunha diante da completa falta de orientação política do conjunto da esquerda, do PT inclusive.

Afinal, foi esse setor que liderou o golpe de Estado de 2016. Foram os “democratas” d’O Globo, Folha de S.Paulo, PSDB, MDB, STF e outros “aliados” da esquerda que impulsionam a campanha pelo “Fora Dilma” e pela prisão de Lula, que articularam a Lava Jato e, assim, permitiram a ascensão da extrema direita contra o PT e elegeram Bolsonaro presidente.

A tese de Pomar, comum à maioria da esquerda, é a de que este setor seria um aliado na luta contra o bolsonarismo. Assim formulado, trata-se de uma formulação abstrata. Seria necessário dizer em que, como, em que condições e para qual objetivo estes seriam um aliado contra o bolsonarismo. Além disso, seria preciso explicar porque o bolsonarismo seria concretamente a maior ameaça aos interesses dos trabalhadores e do povo brasileiro.

“Drôle de coup”

Para esclarecer esta questão, é preciso explicar o que, efetivamente, ocorreu nos dias 12 de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023. Como denunciamos no artigo “Tome veneno, você não morrerá!”, o conjunto da esquerda tem a concepção equivocada de que foram uma tentativa de golpe de Estado fracassada contra o governo Lula.

A concepção da direção da Articulação de Esquerda e de Pomar é que “o dia 12 de dezembro foi um ensaio. O plano do dia 8 de janeiro era levar o presidente Lula a decretar uma operação de Garantia de Lei e Ordem, dando na prática às Forças Armadas a cobertura legal para realizar um golpe.”

Para explicar a derrota do “golpe”, os petistas afirmam que “a operação não teve êxito, antes de mais nada porque o presidente Lula não caiu na armadilha, interveio na segurança pública do Distrito Federal e reprimiu os golpistas com a polícia — como se deve fazer, pois Forças Armadas não são para intervir na política interna do país, nem para cuidar da segurança pública”.

Assim nos encontramos em uma situação, no mínimo, anômala: os militares queriam derrubar o governo Lula e, para isso, dependiam… do próprio Lula, que impediu o golpe simplesmente por não tomar a iniciativa de assinar um decreto contra si mesmo. Seria ótimo se a vitória dos golpes dependessem da pessoa que seria derrubada por ele. Nunca teria havido um golpe bem-sucedido na história da humanidade.

Durante a Segunda Guerra Mundial, na França, a expressão “la drôle de guerre” (guerra engraçada, na tradução livre, geralmente traduzida para guerra de mentira) foi usada para se referir à total falta de combate do governo francês à invasão da Alemanha Nazista em 1940. Os franceses, oficialmente em guerra contra a Alemanha, permitiram a invasão nazista do país, revelando que a “guerra” contra os alemães era uma farsa; na verdade, a burguesia francesa apoiou a invasão de Adolf Hitler ao país.

Assim, aqui no Brasil, podemos criar a expressão drôle de coup. Os golpistas tentaram derrubar o governo Lula, que com uma canetada (ou, melhor, a falta de uma: por não assinar a GLO que daria mais poderes aos militares) os derrotou. Não foram reprimidos. Abandonaram o suposto golpe de livre e espontânea vontade. É um mito que a polícia tenha agido contra a manifestação da extrema direita durante a manifestação. A maioria das prisões ocorreu depois das manifestações. Flávio Dino, que estaria à cabeça da luta contra o golpe, dirigiu-se ao quartel onde estavam acampados os manifestantes e foi barrado pelos oficiais militares. Sendo assim, ninguém sabe o que efetivamente teria derrotado o tal golpe militar.

Mas a verdade, no entanto, é que os golpistas não foram (nem parcialmente) derrotados, visto que o objetivo deles não era derrubar o governo, mas enfraquecê-lo em seu princípio justamente para encurralá-lo e impedir que governasse com certa tranquilidade. Olhando para a situação atual do governo do PT, vemos que, na verdade, o método deu certo.

Como afirmamos em artigo anterior, “é inconcebível que as manifestações da extrema-direita de 12/12/2022 e 8/1/2023, tivessem condições objetivas ou consenso da burguesia para tomada do poder. Essas manifestações evidentemente foram práticas de desgaste do futuro governo Lula”.

Pomar, no entanto, afirma que “o uso do termo ‘inconcebível’ é engraçado”, pois “hoje, um ano depois que a batalha foi travada e ganha, o engenheiro de obra feita chega e diz: esta batalha nunca seria perdida, pois é ‘inconcebível’ que o inimigo pudesse vencer. Ainda bem que o companheiro Lula não pensou assim, no dia 8 de janeiro de 2023. Afinal, caso Lula tivesse pensado como o PCO, caso não tivesse feito nada, ou caso tivesse feito a coisa errada (chamar uma GLO), o ‘inconcebível’ poderia ter se tornado realidade e o golpe poderia ter se tornado vitorioso”.

Afinal, se os militares realmente quisessem derrubar o governo Lula, o que os impediu? A não assinatura da GLO? Fosse isso verdade, seria o golpe baseado no cálculo mais complexo da história humana. Toda uma mobilização de pessoas, de militares estaria dependendo da decisão da vítima. No primeiro artigo, Pomar critica a posição de Mourão: “O corolário é quando Mourão pergunta, retoricamente, que tentativa de golpe de Estado seria esse, ‘sem bala e sem defunto, sem força armada? Isso não existe, não morreu ninguém’”. E, em seguida, ele explica: “não morreu ninguém, porque deu errado. E deu errado, entre outros motivos, porque o presidente não caiu na armadilha de convocar uma GLO. Nesse caso teria ‘força armada’, ‘bala’ e ‘defunto’”.

A conclusão é completamente errada; não morreu ninguém porque não havia ninguém armado; não houve confronto armado, porque não se pretendia dar um golpe. Nesse sentido, Mourão (que sabe exatamente o que aconteceu) tem razão: não era um golpe de Estado, ninguém estava organizado para tomar o poder e não houve ato algum no sentido de tomar o poder. Os manifestantes bolsonaristas não foram armados pelas Forças Armadas (que organizaram o 8 de janeiro) justamente porque o motivo não era tomar o poder, mas apenas desgastar o governo Lula. 

Nesse sentido, outra personalidade criticada por Pomar, Aldo Rebelo, também está correta. O ex-ministro, conforme destacou o artigo do petista, afirmou que “é óbvio que aquela baderna foi um ato irresponsável e precisa de punição exemplar para os envolvidos. Mas atribuir uma tentativa de golpe àquele bando de baderneiros é uma desmoralização da instituição do golpe de Estado”.

A forma jocosa na qual Rebelo se refere à “instituição golpe de Estado”, justamente para desmoralizar a bagunça bolsonarista do dia 8 de janeiro, se tornou um motivo de escândalo para Pomar, que escreveu: “Não sei se foi uma falha de edição ou um ato falho do entrevistado, mas é impagável ler esta preocupação em não desmoralizar a instituição do golpe de Estado. Ou seja: golpe de Estado seria algo mais nobre do que a ‘baderna’ de 8 de janeiro” [grifo de Pomar]. Uma coisa é certa: a esquerda pequeno-burguesa continua sem senso de humor.

O escândalo de Pomar, assustado com golpes de Estado imaginários, não leva em consideração que a afirmação está correta. Quem viu os vídeos da manifestação bolsonarista percebe, claramente, que os manifestantes não tinham a mínima ideia do que estavam fazendo. A menos que consideremos vandalismo e defecação em prédios públicos um golpe de Estado, percebe-se que não estava em marcha nenhum processo de tomada de poder à força.

 A manifestação claramente não tinha nenhuma liderança, não tinha organização e não tinha objetivo, exceto ocupar os prédios públicos, o que também é duvidoso que houvesse essa intenção. Esta ocupação, no entanto, não tinha nenhum caráter organizado, ou seja, por exemplo, construção de barricadas, etc. e não estava, obviamente, dirigida a manter-se no interior dos mesmos, como seria de se esperar no caso de um golpe de Estado. Era uma ação fundamentalmente desorganizada que somente foi bem sucedida porque não enfrentou absolutamente nenhum obstáculo. Tendo ocupado os prédios, a multidão ficou sem objetivo passeando pela Praça dos Três Poderes, entrando e saindo dos prédios, etc. A ação dos bolsonaristas deve ser classificada como uma manifestação política desorganizada e nada mais, exceto o vandalismo da parte de alguns.

Caso contrário, o golpe teria acontecido, ainda mais considerando a experiência e a tradição das Forças Armadas brasileiras em organizar golpes.

“Tentativas fracassadas são mesmo difíceis de classificar. Se tivesse dado certo, ninguém teria dúvida. Tentativas interrompidas também são difíceis de classificar. Se tivesse durado mais tempo, não haveria motivo para dúvida. Mas como foi interrompido no início, sempre há espaço para uma discussão séria sobre como classificar o ocorrido. Exemplo de discussão séria pode ser lida aqui: Militares atuaram e se omitiram em 8 janeiro, diz historiador (apublica.org)”, diz Pomar, citando uma reportagem da agência Pública, órgão de imprensa financiado por entidades imperialistas, como a Fundação Ford.

Pomar mostra, assim, que sua ideia sobre o impedimento do golpe através da não convocação da GLO não é nada original: vem diretamente dos órgãos de imprensa parceiros do imperialismo. É por esse motivo que Pomar, Alexandre de Moraes, O Globo, Folha de S.Paulo e outros setores da direita tradicional têm a mesma avaliação do “golpe” de 8 de janeiro: porque a esquerda pequeno-burguesa está a reboque da política do imperialismo, que é quem apresenta a manifestação na praça dos Três Poderes como um tentativa fracassada de golpe.

Frente programática com o imperialismo

Para justificar uma frente contra o “golpe” ao lado do imperialismo, Pomar defende a ideia “fazer alianças com uns contra outros”, isto é, com um setor dos golpistas (a direita tradicional) contra um outro (o bolsonarismo). Isso, de fato, poderia ser uma possibilidade, se houvesse golpe e o imperialismo tivesse a intenção de impedir esse golpe. Mas não é isso que propõe Pomar, conforme vemos em sua análise sobre o golpe e as classes dominantes do País:

 “Que eles brigam entre si, é inegável. O que fazer quando isso acontece? Claro que derrotar o golpe (ou, para ser mais exato, derrotar a intentona, que foi o primeiro estágio do golpe) é diferente de derrotar o golpismo. Para derrotar a intentona de 8 de janeiro, bastou a repressão policial. Mas para derrotar o golpismo, não basta a repressão policial. Nem bastam as instituições, onde há forte presença do golpismo. No dia 8 de janeiro, foi possível a derrota da intentona, entre outros motivos, porque houve uma aliança entre a esquerda (menos o PCO, pelo visto) e parte da direita, inclusive parte dos golpistas de 2016 e 2018. Por isso, também, as instituições de Estado não agiram ‘como um só homem’. Setores da polícia apoiaram a marcha golpista, mas assim que houve a intervenção, setores da polícia reprimiram a intentona”.

Quer dizer, na concepção dele, foi a aliança da esquerda (“menos o PCO”) e parte dos “golpistas de 2016 e 2018”, apoiada por um setor da polícia, que derrotou o golpe de Estado — além, é claro, do “golpe de mestre” de Lula, que não permitiu a GLO. É uma concepção no mínimo infantil sobre o funcionamento dos golpes de Estado. Mas, mais interessante ainda, é que Pomar se dá o trabalho de elogiar a direita “democrática” na figura de Alexandre de Moraes. Na realidade, não houve aliança alguma porque a “esquerda” em geral não se levantou da cadeira nem mesmo para chamar o povo a combater o suposto golpe, o que seria natural se este fosse real. A polícia não derrotou nada. Não houve repressão alguma contra os bolsonaristas, exceto muito depois dos acontecimentos. Essa versão dos acontecimentos é pura ficção.

Ele critica o PCO por denunciar que o STF foi “essencial nos golpes de 2016 e 2018” e que o ministro Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “durante as eleições de 2022, supervisionou o andamento do processo e permitiu toda uma ação da PRF a favor de Bolsonaro até o horário próximo do término do pleito”. Bom, que o STF foi “essencial” no golpe, não pode haver dúvidas, e mesmo alguém com tão poucas coordenadas políticas, como Valter Pomar, deve concordar com isso, mas o dirigente petista logo sai em defesa de Alexandre de Moraes. Ele diz: “Em nome da verdade dos fatos, nas eleições de 2022 o ministro Alexandre Moraes não operou a favor de Bolsonaro. E ele era, tanto quanto a esquerda, um dos alvos principais da intentona de 2023”. 

Apesar de admitir que “isso não torna o Xandão um herói das massas, não o converte em alguém de esquerda, não o faz ser confiável nem perdoa suas atitudes nos golpes anteriores”, a posição expressa anteriormente revela a profundidade da aliança da esquerda com a direita golpista. Ao contrário do que afirma Pomar, Moraes, apresentado como grande líder da “democracia” pela esquerda desnorteada, permitiu todo tipo de bandalheira bolsonarista durante as eleições. Exemplo disso foi a total omissão do presidente do TSE contra a intensa campanha de coação dos patrões para forçar os trabalhadores a votarem em Bolsonaro. Houve mais de 700 denúncias e absolutamente nada foi feito. Da mesma forma, o baluarte da democracia brasileira nada fez contra a operação da PRF para sabotar a votação de Lula no Nordeste. Agora, depois da eleição, começam a abrir inquéritos para um ajuste de contas eleitoral com o bolsonarismo.

Quando Pomar diz que “Alexandre Moraes não operou a favor de Bolsonaro”, contrapondo isso à denúncia que fizemos no nosso artigo, ele está, na verdade, depositando confiança no ministro do STF. Por isso, dizer que “Xandão”, como carinhosamente chama o skinhead de toga, não é “um herói das massas”, “alguém de esquerda” e que ele não é “confiável”, “nem perdoa suas atitudes nos golpes anteriores”, é apenas uma declaração vazia.

O dirigente da Articulação de Esquerda diz que o objetivo do PCO “é defender Bolsonaro”. Ele cita como “prova” de sua afirmação caluniosa outro artigo do DCO (“A perseguição a Bolsonaro e o PL da Globo”), no qual afirmamos que, através da anti-democrática PL das “Fake News”, “setores da esquerda apoiam perseguição política contra Bolsonaro e o fortalecimento do aparato repressivo, ao mesmo tempo em que se aliam à Rede Globo e outras instituições golpistas”. 

Isso, no entanto, não é uma “prova” de apoio do PCO ao bolsonarismo. Na verdade, estamos denunciando que a política repressiva imposta pela direita pró-imperialista, e apoiada por esquerdistas como Valter Pomar, usa o bicho-papão Bolsonaro como um pretexto para liderar uma ofensiva ampla contra os direitos democráticos.

Então, para “provar” o apoio do PCO ao bolsonarismo, Pomar lembra a recente citação de Bolsonaro ao PCO. “Não admira que o PCO seja citado positivamente por integrantes da famiglia”, escreve o militante petista. Em junho, Jair Bolsonaro, para se defender da decisão antidemocrática do Judiciário que o deixou inelegível, afirmou à imprensa: “E hoje também, o PCO, que integra a esquerda brasileira, Rui Costa: ‘é claro que o julgamento de Bolsonaro é totalmente político’”.

No entanto, o fato de Bolsonaro ter usado uma análise do PCO para se defender não significa que a análise do nosso partido esteja errada e seja politicamente reacionária. Na realidade, quando nosso partido se colocou contra a decisão ditatorial, o fizemos por questão de princípio, denunciando a ditadura do Judiciário que acaba com os direitos democráticos da população. O povo deveria ter o direito de votar em quem quisesse, por mais ruim que fosse o candidato. Aliás, foi o mesmo Judiciário golpista que impediu Lula de ser candidato nas eleições de 2018. Do ponto de vista geral, o impedimento de qualquer pessoa de se candidatar é um ataque contra o conjunto dos direitos democráticos do povo. Do ponto de vista específico, defender a inelegibilidade de Bolsonaro, mas ter apoiado o direito de Lula de ser candidato é uma prova grotesca de oportunismo. Os bolsonaristas, por sua vez, fizeram o contrário: defenderam a cassação da candidatura de Lula e os direitos políticos de Bolsonaro. O PCO, por sua vez, mostrando ser guiado por princípios políticos, se opôs às duas arbitrariedades.

Então, se Bolsonaro citou o PCO para se defender, não temos nada a ver com isso: estamos defendendo um direito democrático essencial, denunciando a interferência ditatorial de membros não eleitos do Estado burguês sobre as eleições.

Mas o objetivo de Valter Pomar é colocar PCO no mesmo bloco da direita. Por isso, o primeiro artigo do militante petista compara o nosso partido a Mourão e Aldo Rebelo. 

No entanto, ele se contradiz. Ele defende, em seu segundo artigo, que podemos “fazer alianças com uns contra outros” e, assim, justifica sua frente com a burguesia pró-imperialista. Pela lógica de Valter Pomar, deveríamos considerá-lo um integrante da direita tradicional.

A afirmação do militante da Articulação de Esquerda não está errada: podemos, em determinados aspectos, realizar uma frente com um setor da classe dominante contra outro, contanto que isso favoreça os interesses de classe que defendemos: a classe operária. Quando denunciamos as políticas ditatoriais do STF contra Bolsonaristas, o PL da Globo e a decisão de tornar Bolsonaro inelegível, formamos uma espécie de frente única com o bolsonarismo. No entanto, fazemos isso com uma política independente (que não é a mesma política oportunista e de ocasião da extrema direita); trata-se de uma frente provisória, pontual, em nome de uma política específica.

No caso dos atos de 8 de janeiro contra o “golpe”, a “Democracia Inabalável”, o que a esquerda está realizando é uma frente programática com a direita pró-imperialista. O que está sendo feito não é o que alega Pomar, que diz estar aproveitando as contradições entre os dois blocos golpistas. Ao contrário, a esquerda pequeno-burguesa está se colocando a reboque da política do imperialismo em nome da defesa da “democracia” — que, na realidade, é o atual sistema político, produto do golpe de Estado.

Ademais, a política do PT é acenar à sua base que o setor que liderou o golpe de Estado de 2016 é de confiança, aliados em defesa da “democracia”, o que é um outro aspecto nocivo da política da esquerda pequeno-burguesa. Quando Lula subiu em palanques com Simone Tebet, Geraldo Alckmin (incluído na chapa…) e outros golpistas tradicionais, o que se fez foi ajudar o imperialismo numa operação de resgate de um setor falido da burguesia (que não ganha eleições presidenciais desde 1998 e vem acumulando fracasso atrás fracasso). Essa mesma política fez a esquerda pequeno-burguesa apoiar o fascista João Doria (PSDB) quando este era governador de São Paulo durante a pandemia. Apesar da política desastrosa (no estado em que mais morreram pessoas durante a pandemia) e ditatorial, Doria foi apresentado como “científico” por seguir a política dos monopólios farmacêuticos — uma política demagógica contra os trabalhadores. Apresentar a direita pró-imperialista como “democrática” e “científica” é tentar convencer os trabalhadores de que seus piores inimigos são, na verdade, seus aliados. 

Como derrotar o golpismo

É também nocivo que, apoiando a política do imperialismo, a esquerda crie a ilusão de que existe uma luta real em defesa da “democracia”. A defesa da “democracia” se mostrou, na realidade, uma farsa cujo único ganho político é engrandecer bandidos da direita golpista e dar munição ao bolsonarismo, que aparece para o povo como um movimento político anti-sistema.

A farsa fica explícita quando nenhum dos verdadeiros organizadores das manifestações, os golpistas da alta cúpula das Forças Armadas, foi preso. Foram perseguidos apenas manifestantes bolsonaristas, gente da população comum. No Diário Causa Operária, afirmamos que “os verdadeiros golpistas são a alta burocracia militar que definiram a posição das forças armadas, são os monopólios imperialistas que interferiram no país com seus agentes diretos. Não umas manicures, idosos, servidores públicos, desempregados e outros pobres infelizes que se envolveram numa manifestação da extrema direita”. Denunciamos também que “nenhum golpista real foi punido”. 

Pomar admite que “isso é parcialmente verdadeiro”, citando nota da Articulação de Esquerda, onde defendem “punir os financiadores, os beneficiários, os fardados etc.” Mas, conforme apontou o DCO, “objetivamente, a comemoração da ‘derrota da intentona golpista’ pela AE acaba sendo a comemoração da perseguição e prisão de pobres […] Dessa forma, fica evidente que o ato ‘Democracia Inabalada’, celebrado com golpistas do passado, serve apenas para fortalecer a política persecutória do Estado burguês e jogar areia nos olhos da população, para confundir o cenário e facilitar novas reais tentativas de golpe de Estado. Em outras palavras, essa parte da esquerda que convoca esse ato está dizendo à população para tomar um veneno conhecido (conviver lado a lado com golpistas), alegando que não haverá danos”.

Pomar, no entanto, não concorda que a política da Articulação de Esquerda “acaba sendo a comemoração da perseguição e prisão de pobres” e nem que “o ato ‘Democracia Inabalada’ serve apenas para fortalecer a política persecutória do Estado burguês”. Segundo Pomar, “os raciocínios acima exageram um pouco, digamos assim”:

“Não vejo como apresentar os atos da esquerda, em comemoração à derrota da Intentona fascista, como comemoração da perseguição e prisão de pobres. E embora ache que a democracia brasileira precisa ser ‘abalada’ em favor do povo, embora ache que um ato de frente amplíssima esteja longe de ser o necessário, não consigo enxergar como se pode dizer que ele sirva ‘apenas para fortalecer a política persecutória do Estado burguês’”.

O fato de Pomar não “enxergar” é apenas uma confirmação de sua cegueira política. Por esse motivo, o militante petista não vê que o regime político caminha para um crescente endurecimento, em última instância para uma ditadura, com a liderança do STF contra os direitos democráticos; e que, quando falamos “da perseguição e prisão de pobres”, estamos denunciando a prisão de pessoas comuns, manifestantes que protestaram como têm total direito de o fazer.

O que foi realizado contra os bolsonaristas, com apoio da esquerda, facilita a repressão a qualquer tipo de manifestantes. Com o mesmo argumento do “vandalismo”, por exemplo, poder-se-ia perseguir todos os manifestantes de um protesto de esquerda em que foram quebrados pontos de ônibus e vidraças de bancos. Da mesma forma, poder-se-ia criminalizar organizações como o MST e outras organizações de esquerda por, durante um protesto, invadir prédios públicos.

Mas a política exercida contra os bolsonaristas vai além. Os manifestantes que foram presos foram acusados de conspirar contra o Estado, o que não aconteceu. Por mais que sejamos contra esse tipo de condenação, eles poderiam ser apenas julgados pelo que, de fato, fizeram: vandalismo. Ainda, ao contrário do que foi feito, os acusados deveriam ser individualizados pelo crime, e não julgados coletivamente, o que é um abuso manifesto e uma perversão do direito. Deveriam ter direito ao devido processo legal, com amplo direito de defesa e, para serem condenados por vandalismo, deveria haver provas concretas do que esses indivíduos fizeram.

Nada disso foi respeitado. As medidas farsescas contra os manifestantes do dia 8 de janeiro, portanto, não apenas foram reacionárias politicamente, como também juridicamente, passando por cima dos direitos democráticos garantidos por lei. Trata-se de mais uma ofensiva que coloca o regime no caminho de uma ditadura liderada pela direita tradicional.

Com certeza, não é com um faz-de-conta, nem com um ataques aos direitos democráticos que a extrema direita e o golpismo (que, de fato, existe) serão contidos. Por esse motivo, no Diário Causa Operária, afirmamos que “apenas a mobilização popular, independente da burguesia e do imperialismo, pode derrotar o golpismo”. Afirmamos isso ao apontarmos que seria preciso fazer uma reformulação da própria nota da Articulação de Esquerda, que destacou: “Só o povo, consciente, organizado e mobilizado, pode derrotar o golpismo”.

Pomar, no entanto, não gostou da nossa “reformulação”, afirmando: “Que o PCO é uma tendência externa do PT, é fato conhecido; mas não sabíamos que este fato os havia feito chegar ao ponto de achar que podem ‘reformular a afirmação final da nota’… dos outros”.

Não só podemos, como devemos “reformular” qualquer concepção errada no interior da esquerda. Naturalmente, não pretendemos com isso que Valter Pomar siga as nossas “reformulações”, mas visamos influenciar as bases petistas para não seguirem a política errada de sua direção, que acaba servindo como freio para qualquer tipo de mobilização séria contra o golpismo e a extrema direita.

Mas, então, qual seria a forma de combater o golpismo e a extrema direita? Para Valter Pomar, “derrotar um golpe é possível de várias formas, inclusive com a participação de setores da classe dominante. Derrotar o golpismo só é possível derrotando a classe dominante, que na sua maioria é antidemocrática”. Onde se diz “com a participação de setores da classe dominante”, leia-se “com a participação do setor dominante do golpismo”.

Pomar continua: “daí não deduzimos a tese segundo a qual, enquanto não derrotamos ‘o golpismo’, não devemos fazer nada contra os golpes concretos, não devemos defender as liberdades democráticas, não devemos defender as garantias etc. Esta postura maximalista não tem nada, absolutamente nada que ver com o marxismo”. Como demonstramos, a política defendida pelo militante petista vai no sentido oposto de “defender as liberdades democráticas” e “as garantias”.

De fato, “esta postura maximalista não tem nada, absolutamente nada que ver com o marxismo”, mas Pomar, polemizando com o PCO fictício, produto de sua imaginação, coloca que essa seria a “conclusão estapafúrdia” (sic) do nosso partido, novamente falsificando nossas posições. Ele se “esquece” de que foi o PCO o primeiro partido e o mais ativo em combater o golpe (não apenas o golpismo em geral) contra Dilma Rousseff, ou será que ele não quer se lembrar porque contraria os seus esquemas mentais?

O dirigente da Articulação de Esquerda cita nosso diário: “Enquanto o regime se conserva como tal, os golpistas não serão punidos, apenas esses pobres coitados serão sacrificados para retirada de direitos democráticos da população com o apoio conveniente da esquerda pequeno-burguesa”. E, a partir disso, aponta que nossa conclusão seria: “ou tudo, ou nada. Enquanto não derrotamos ‘o regime’, nada pode ser feito”.

Ele continua: “o raciocínio começa assim: a ‘maioria das polícias, das forças armadas, do judiciário, do Congresso, estão com a direita e extrema-direita’, ‘quase totalidade agentes dos poderes estatais estão envolvidos nos golpes’; logo os únicos que serão presos serão os pequenos, os grandes vão escapar”.

Essa, no entanto, não é a política do PCO. Não achamos que “nada pode ser feito”. Evidentemente, é preciso combater o golpismo e a extrema direita. A nossa diferença é o como.

Nós concordamos que “só o povo pode derrotar o golpismo” e que “derrotar o golpismo só é possível derrotando a classe dominante, que na sua maioria é antidemocrática”. No entanto, como afirmamos, essa mobilização popular tem que ser “independente da burguesia e do imperialismo”. A Articulação de Esquerda, por outro lado, inventa uma tentativa de golpe que não ocorreu para justificar uma aliança com os principais setores do golpe, em defesa dos ataques às liberdades democráticas e de dar prestígio político aos integrantes da direita tradicional.

O PCO, por outro lado, aponta que, contra o bolsonarismo, é preciso haver uma mobilização dos trabalhadores e das organizações dos trabalhadores. Assim, defendemos uma frente única de unidade com as organizações que dirigem a maioria dos trabalhadores, o PT, a CUT e os movimento sociais, sem ficar a reboque da política do imperialismo. Por isso, “reformulamos” a política da Articulação de Esquerda: criticando a política capituladora, chamamos o povo a realizar uma luta efetiva contra o conjunto da direita (não apenas o bolsonarismo) através dos Comitês de Luta, que lideraram a luta contra o golpe de 2016, a prisão de Lula e pelo “Fora Bolsonaro”.

Aliás, o PCO foi a única organização que chamou a sair às ruas quando os bolsonaristas começaram a bloquear estradas após a vitória eleitoral de Lula. Fomos também os primeiros a convocar a palavra de ordem “Fora Bolsonaro” e “Abaixo o golpe” quando a esquerda capitulava na luta contra o golpismo. Concordamos com a Articulação de Esquerda quando, em nota da direção, afirma que “a defesa das liberdades democráticas não pode ficar dependente das chamadas instituições”. Porém, nós “reformulamos”: os trabalhadores devem usar seus métodos tradicionais de luta (manifestações, greves, etc.) contra o conjunto da direita golpista — de Alexandre de Moraes a Jair Bolsonaro. Transformar a luta contra o golpismo numa ode aos “democratas” da direita é uma traição aos interesses dos trabalhadores e, ademais, não será efetivo na luta contra a extrema direita.

Valter Pomar, no entanto, diz que “as posições do PCO o convertem, na prática, em aliado objetivo de Bolsonaro. Agindo assim, o PCO rapidamente ocupará o lugar do PSTU, como ‘a esquerda que a direita gosta’”. Todavia, o PSTU se tornou “a esquerda que a direita gosta” justamente por realizar uma frente única com a burguesia em defesa do golpe de Estado. Nesse sentido, são Pomar e a Articulação de Esquerda que se transformam na “esquerda que a direita gosta” quando se colocam a reboque da política do imperialismo sobre o 8 de janeiro.

O problema nacional

Para concluir seu segundo artigo, Valter Pomar lembra de uma polêmica antiga dele contra nosso partido. Ele diz que nossas “posições estapafúrdias desse tipo são um prato cheio para quem pretende desqualificar as posições da esquerda. Felizmente, o episódio da defumação de Borba Gato serve como antídoto”, e coloca, ao fim da matéria, seu artigo “Rui Pimenta e Borba Gato”.

Naquele momento, Valter Pomar criticou “a defesa que Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, fez do papel histórico dos bandeirantes”. O nosso partido, efetivamente, após o episódio da defumação da estátua de Borba Gato, denunciou a política do identitarismo contra os bandeirantes, fundadores da identidade nacional brasileira.

Em julho de 2021, na TV 247, Rui Costa Pimenta denunciou que defumar Borba Gato foi algo “sem pé, nem cabeça. Tem que lutar contra a opressão que existe no mundo hoje. Porque você vai atacar um cidadão que morreu em 1718?” Pomar, então, “explicou”, em seu artigo que “‘a opressão que existe no mundo hoje’ inclui variáveis econômicas, políticas, militares e… culturais”.

Uma dessas variantes culturais seria “convencer as pessoas que o Brasil foi ‘descoberto’”, “exaltar o papel ‘progressista’ dos bandeirantes” e “estimular o patriotismo paulista”, o que, segundo Pomar, “contribui na opressão”. O militante petista teria de explicar por que as duas primeiras afirmações “contribuem na opressão” e por que a defesa dos bandeirantes seria “estimular o patriotismo paulista”.

Sobre o último ponto ele tenta explicar: “o ‘porquê’ aparece quando o próprio Pimenta deixa escapar a seguinte frase: ‘Eu sou paulista e paulistano, aqui em SP o bandeirantismo é o símbolo do estado de São Paulo’. Este é o porquê: a classe dominante criou um mito e as classes dominadas precisam enfrentar este mito”. 

Novamente, Pomar não explica porque os bandeirantes seriam um “mito” criado pela “classe dominante” e porque “as classes dominadas precisam enfrentar este mito”. Na verdade, o dirigente da Articulação de Esquerda, quando tenta polemizar conosco, revela sua própria pobreza intelectual, incapaz de justificar seus espantos com a política do nosso partido.

Então, incrédulo, nosso crítico lembra a comparação dos bandeirantes com Napoleão Bonaparte: “O entusiasmo de Pimenta fica claro na sequência de sua argumentação: ‘Napoleão é uma pessoa crucial na história da humanidade… foi um fator de progresso’. E o que foram os bandeirantes, também segundo Pimenta? Um fator de progresso!”

“O chauvinismo é mesmo uma praga, embora as vezes soe meio ridículo, como me parece ser o caso de quem discute Borba Gato à luz de Bonaparte”, argumenta Pomar, novamente sem explicar por que a comparação seria “ridícula”. Dessa vez, porém, o militante petista deixa a entender qual seria o seu ponto, colocando que, “qualquer um que conheça a história — por exemplo do Quilombo dos Palmares — sabe o que foram e o que fizeram os bandeirantes”. Isso o leva a questionar: “De que lado Pimenta está? De Palmares ou dos bandeirantes?”

Ora, esse apontamento é contraditório para quem, em janeiro deste ano, nos acusou (falsamente) de sermos “maniqueístas” e de ter a lógica “ou se é 100% amigo, ou se é 100% inimigo”.

Sendo processo da formação nacional do Brasil, portanto de um movimento progressista que se enquadra no cenário das tarefas das revoluções burguesas, os bandeirantes são figuras contraditórias. Assim, como o é Napoleão. O imperador francês foi responsável pelas guerras revolucionárias que abalaram, de uma vez por todas, os últimos resquícios do atraso feudal na Europa; mas suas invasões e a luta contra elas também permitiram o desenvolvimento de movimentos nacionalistas entre determinados povos atrasados, como os russos. Esses, após derrotarem Napoleão, iniciaram um importante (e progressista) processo de afirmação nacional e soberania.

Os bandeirantes também são contraditórios. É de se esperar que, no século XVII, os bandeirantes não fossem revolucionários marxistas e que, portanto, atuassem contra os levantes populares dos quilombolas, escravizassem índios e negros, etc. No entanto, reduzir a isso o papel dos bandeirantes seria uma distorção, uma repetição do mito criado pelo identitarismo para atacar os interesses nacionais.

Conforme disse Rui Costa Pimenta à TV 247: “a construção da nação brasileira, um país deste tamanho, é em certo sentido produto da luta de classes, é um progresso que foi alcançado apesar de toda pressão contrária… Para o colonialismo, para o imperialismo, o ideal é que as nações oprimidas sejam pequenas e fracas… O Brasil é um país grande e isso é um progresso muito grande… A obra dos bandeirantes, e eles não tinham consciência disso, a expansão, foi um progresso muito grande. Eles foram instrumentos do progresso econômico nacional, abriram caminho para a construção do Brasil. Sem o Brasil, a América Latina seria muito mais oprimida do que é hoje. O Brasil é um estorvo para a dominação política, como a China, como a Índia”.

Com base nessa afirmação, Pomar ironiza: “Na hora de defender os bandeirantes, lança mão dos lugares comuns ensinados pela elite de São Paulo: ‘os bandeirantes foram instrumentos do progresso’ e o progresso consiste em ser ‘grande’. Big is beautiful! Minúsculos out!!”

Vê-se pelo deboche que Pomar não considera o tamanho do Brasil um grande feito. Ao contrário, ele critica “o fato do ‘progresso’ ser em grande parte resultado de sangue, de lama, de suor e de sofrimento, inclusive de exploração e de opressão”, concluindo que isso “não pode nos conduzir a aplaudir e apoiar e ficar do lado dos que oprimiram e exploraram as classes e povos dominados do passado”.

Por que não? Os marxistas, naturalmente, exaltam a luta de todos os oprimidos ao longo da história, inclusive Zumbi e o Quilombo dos Palmares, que homenageamos apelidando a nossa bateria de “Zumbi dos Palmares”. Mas é correto afirmar que não podemos “ficar do lado dos que oprimiram e exploraram as classes e povos dominados do passado”?

Essa concepção segue a linha moralista estabelecida pelo identitarismo para criticar os interesses nacionais do Brasil. Mas o moralismo não condiz com a política dos marxistas, para quem a história da humanidade deve ser analisada à luz da luta de classes e do progresso das forças produtivas. É fato, por exemplo, que a burguesia é uma classe exploradora, que escraviza a mão de obra assalariada de bilhões de trabalhadores, no mundo inteiro. No entanto, os marxistas elogiaram essa burguesia na época em que ela liderou a revolução contra o feudalismo. Mesmo revolucionária, a burguesia naquela época não deixava de ser uma classe exploradora. Da mesma forma, os marxistas consideram como algo positivo as Grandes Navegações que colonizaram inúmeros territórios.

Da mesma forma, vejamos a posição de Marx e Engels sobre a descoberta de ouro na Califórnia, então território do México, e sua anexação pelos Estados Unidos. Em artigo publicado em fevereiro de 1850 na Nova Gazeta Renana, lês-se:

“Agora, após somente dezoito meses, podemos prever que essa descoberta terá muito maiores consequências do que o descobrimento da própria América. Por trezentos e trinta anos todo o comércio da Europa para o Oceano Pacífico foi conduzido por uma comovente e resignada paciência ao redor do Cabo da Boa Esperança ou do Cabo Horn. Todas as propostas de atravessar o canal do Panamá foram um desastre devido ao ciúme tacanho das nações comerciais. As minas de ouro da Califórnia foram descobertas apenas dezoito meses atrás e os americanos já construíram uma ferrovia, uma grande rota terrestre e um canal a partir do Golfo do México. Navios a vapor já estão navegando regularmente de Nova Iorque ao Chagres, do Panamá a São Francisco, o comércio do Pacífico já está se concentrando no Panamá e a jornada pelo Cabo Horn já se tornou obsoleta. Um litoral que se estende por trinta graus de latitude, um dos mais bonitos e férteis do mundo e até agora pouco povoado está visivelmente se transformando em uma terra rica, civilizada e densamente povoada por homens de todas as raças, dos ianques aos chineses, dos negros aos indianos e malaios, dos criolos e mestiços aos europeus. O ouro da Califórnia está derramando em torrentes sobre a América e a costa asiática do Pacífico e está arrastando os relutantes povos bárbaros para o comércio mundial, para o mundo civilizado. Pela segunda vez o comércio mundial encontra uma nova direção. O que Tiro, Cartago e Alexandria foram na antiguidade, o que Gênova e Veneza foram na Idade Média, o que Londres e Liverpool têm sido até agora, o empório do comércio mundial — isso é o que Nova Iorque, São Francisco, San Juan del Norte, León, Chagres e o Panamá vão se tornar a partir de agora. O ponto focal do tráfico internacional — na Idade Média, a Itália; nos tempos modernos, a Inglaterra — é agora o sul da península norte-americana: a indústria e a riqueza de outros, que demandaram e ainda demandam uma distribuição de propriedade diferente na verdade, a total abolição da propriedade privada.”

Percebe-se que, em primeiro lugar, que Marx fala em “descobrimento da América”, o que “contribui na opressão”, segundo Pomar. Em segundo lugar, que Marx não leva a sério as considerações morais sobre a invasão ao território mexicano, apontando o progresso através de situações concretas: a expansão do comércio, as ferrovias, etc.

Para os marxistas, portanto, os bandeirantes precisam ser analisados pelo que representam para o desenvolvimento das forças produtivas brasileiras. Eles foram responsáveis pela expansão territorial do Brasil, garantindo que o país se expandisse além do que fora definido pela Tratado de Tordesilhas (1494). Além da grandeza do Brasil colocar uma dificuldade para a dominação imperialista, não fosse essa expansão territorial, o Brasil não teria o mesmo nível de desenvolvimento que tem atualmente. Não teríamos, por exemplo, a Amazônia, o Pantanal e o Aquífero Guarani.

No mesmo sentido, os bandeirantes foram responsáveis pela descoberta dos metais preciosos no interior do Brasil e pelo povoamento de Minas Gerais, o que levou a um importante desenvolvimento da economia nacional através da indústria do ouro. Isso serviu para superar a crise econômica brasileira de fins do século XVII, quando éramos dependentes da arcaica indústria do açúcar nordestino. Vale mencionar também que inúmeros bandeirantes participaram da guerra revolucionária que expulsou os invasores holandeses, sendo então integrantes do primeiro grande movimento política de afirmação nacional.

Mas, para Pomar, os bandeirantes não foram um fator de progresso, mas “instrumentos de um determinado tipo de ‘progresso’, não do único progresso possível, nem do melhor progresso do mundo; e a exaltação contemporânea dos bandeirantes também está a serviço de um determinado tipo de ‘progresso’”. [grifos nossos]

Quer dizer, Pomar considera que houve diversos “tipos” de progresso, demonstrando sua atual aversão à ciência marxista, que estabelece um critério bem objetivo de progresso: o desenvolvimento das forças produtivas. Para ele, o bandeirantismo é “o progresso como resultado da violência e da predação por parte das elites, assim como a cultura de que São Paulo seria superior ao restante do país”.

Mas ele vai além: destacando que os bandeirantes “são muito influentes na cultura popular paulistana”, ele explica que os desbravadores do passado são responsáveis pelo resultado ruim da esquerda nas eleições paulistas: “Não é por acaso que desde 1982 a esquerda nunca conseguiu ter maioria na eleição para o governo do estado”.

Quer dizer, para Valter Pomar, o problema da esquerda não seria a política capituladora, de ficar a reboque dos setores mais impopulares do país, como Alexandre de Moraes, o PSDB e o STF, não seria o problema do seu partido apoiar uma chapa direitista de Guilherme Boulos e Marta Suplicy… mas os bandeirantes! É realmente preciso muito gingado para atribuir o fracasso eleitoral da esquerda à “cultura do bandeirantismo”. Por outro lado, seria também o bandeirantismo responsável pela criação do PT, da CUT e pelas maiores lutas sociais tudo o que se deu na terra dos bandeirantes? 

Na questão dos bandeirantes, Pomar volta a se aliar com o imperialismo. Dessa vez não na figura dos “golpistas de punho de renda”, mas na figura do identitarismo. Valter Pomar forma uma frente ampla com os setores do imperialismo que querem destruir a cultura nacional, defumando Borba Gato, atacando os bandeirantes e navegadores Pedro Álvares Cabral e Pero Vaz da Caminha e caluniando nossos grandes escritores: como Padre António Vieira e Monteiro Lobato, acusados, falsamente, de serem racistas.

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