Nesta sexta-feira (7), se completam oito meses de uma das operações militares e políticas de maior sucesso em toda a história, o Dilúvio de Al-Aqsa. O Hamas, um movimento de libertação de um dos menores países do mundo, de um dos povos mais oprimidos do mundo, foi capaz de dobrar o imperialismo e obter a maior vitória de sua história, colocou a própria da dominação imperialista do Oriente Médio em xeque. São oito meses de revolução na Palestina, meses de profunda agonia para a burguesia imperialista.
A operação militar foi lançada pelo Hamas no dia 7 de outubro de 2023. Ela tinha como objetivo impor uma humilhação a “Israel”, desmoralizar suas forças armadas, mostrar a fraqueza do regime sionista, acabar com o processo de normalização das monarquias árabes com “Israel” e levantar as massas do mundo árabe e do mundo todo em apoio à Palestina. O sucesso foi gigantesco em todos os âmbitos.
O Hamas atacou as bases militares de forma tão eficiente que “Israel”, desesperado, atacou seus próprios civis com tanques de guerra e helicópteros de combate. A derrota do sionismo começou nesse momento e se tornou cada vez maior. “Israel”, então, começou sua campanha genocida na Faixa de Gaza que, apesar do sofrimento colossal dos palestinos, só levou a mais derrotas políticas. O mundo inteiro se voltou contra “Israel” e o Estado sionista fica cada vez mais isolado.
Mas a questão militar, que é central, é ainda pior do que a pressão internacional. De princípio, o exército sionista já entrou na guerra derrotado. Demorou 20 dias para invadir a Faixa de Gaza. Durante os oito meses de guerra, não obteve nenhuma vitória militar, não conseguiu resgatar sequer um prisioneiro. O Hamas, por sua vez, conseguiu capturar soldados israelenses em combate. A desmoralização do exército sionista é a maior da história, é incapaz de vencer uma guerrilha com armas leves em um território do tamanho de uma cidade.
E a derrota militar veio de todo o Eixo da Resistência. No dia 8 de outubro, o Hesbolá aderiu à guerra em apoio à luta dos palestinos, a humilhação no norte está sendo igual ou ainda maior que em Gaza. O Iêmen e a resistência iraquiana também adentraram a guerra e tiveram ganhos militares e políticos gigantescos. A resistência iraquiana atacou mais de 160 vezes bases norte-americanas e mudou a correlação de forças no país.
O Iêmen, por sua vez, se tornou um país de importância mundial. Tomou controle do Mar Vermelho, testou pela primeira vez o poder de mísseis balísticos contra embarcações militares, acabou com a hegemonia dos EUA nos mares. O Iêmen mostrou que um país pobre, mas determinado e com os armamentos certos, pode enfrentar o maior império do planeta. Em junho isso se expressou de forma muito clara, os iemenitas bombardearam o maior porta-aviões do mundo, o USS Eisenhower. O mesmo aconteceu com os drones MQ-9, que custam 30 milhões de dólares, seis já foram derrubados dos céus do Iêmen.
Além de todas essas enormes derrotas militares e políticas, “Israel” conseguiu ainda ser derrotado pelo Irã, que não participa diretamente da guerra. Em 14 de abril, o Irã, em resposta ao bombardeio de seu consulado na Síria pelos sionistas, atacou “Israel” pela primeira vez em sua história. O ataque paralisou o mundo inteiro, mostrou que, no Oriente Próximo, há um novo poder, a República Islâmica do Irã. “Israel” tentou esconder essa realidade, mas uma nova etapa da crise do sionismo se abriu. Tudo isso é consequência direta da Revolução Palestina – as revoluções são as locomotivas da história.
Os massacres sionistas
Diante da sequência incessante de vitórias da resistência palestina, o sionismo teve de apelar para a única tática que lhe restou, a violência brutal contra a população civil. Em cada um dos oito meses da guerra, realizou um massacre mais monstruoso que o outro. O primeiro deles foi o bombardeio do hospital al-Ahli, em 17 de outubro. Estima-se que cerca de 500 palestinos foram assassinados nesse bombardeio, é o maior massacre de toda a guerra.
Os primeiros meses da guerra foram os bombardeios mais intensos do século XXI, talvez da história, visto que, com oito meses de guerra, Gaza foi mais bombardeada que Londres e Dresden na Segunda Guerra Mundial. No dia 1º de novembro, “Israel” já havia despejado 18 mil toneladas de bombas, equivalente a cerca de 1,5 vezes a bomba atômica de Hiroxima. Centenas eram assassinados todos os dias, em sua maioria crianças e mulheres.
Outros massacres monstruosos aconteceram ao longo da guerra. “Israel” montou uma armadilha com a ajuda humanitária. Deixou caminhões de alimento em uma região de Gaza, uma multidão de milhares de palestinos passando fome devido ao bloqueio foi buscar os alimentos. O exército sionista, então, abriu fogo com munição comum contra os palestinos. As avaliações médicas mostram que os soldados miravam na cabeça para assassinar. Foram 118 palestinos mortos só nesse evento.
Em maio, a monstruosidade sionista foi a invasão do hospital al-Shifa, o maior de Gaza. Foram duas semanas de cerco ao hospital, os palestinos foram torturados e executados, incluindo médicos. Prédios inteiros foram destruídos e, no fim, todo o hospital foi incendiado. Isso foi feito em outros hospitais na Faixa de Gaza. Depois que os israelenses foram expulsos do local, foram encontradas valas comuns com centenas de corpos enterrados pelo exército sionista, alguns sem membros, outros com as mãos atadas nas costas.
O mais recente deles foi o massacre das tendas, em maio. Um campo de refugiados de tendas em Rafá foi bombardeado pelos sionistas. O fogo e as bombas assassinaram mais de 45 mortos, um bebê foi decapitado pelo impacto. As imagens são de um verdadeiro inferno na terra, são a verdadeira face do que é o sionismo. Dois dias depois, “Israel” bombardeou as tendas mais uma vez e realizou um novo massacre.
‘Israel’ caminha para seu fim
Mas apesar de todo o sofrimento, a crise do Estado sionista se aprofunda em uma velocidade impressionante. O Hamas mantém uma posição de força, exigindo uma pauta mínima de reivindicações desde dezembro. O cessar-fogo permanente, a retirada das tropas israelenses de Gaza, a entrada de grandes quantidades de ajuda humanitária, o fim do cerco a Gaza e uma troca justa de prisioneiros. E o Hamas se impõe cada vez mais.
No início, o imperialismo nem levava em consideração a proposta. Em maio, o chefe da CIA, William Burns, em discussão com os mediadores, aceitou. Foi essa proposta de acordo que o Hamas aceitou no início de maio, que levou “Israel”, em desespero, a invadir Rafá. O Hamas não cedeu com a invasão e manteve sua posição. No fim de maio, Joe Biden expressou verbalmente que defendia a proposta do Hamas, mas até o momento, não colocou esse acordo formalmente.
Ou seja, a política do Hamas está cada vez mais próxima de prevalecer. E foi assim desde o início da guerra. O Hamas chamou o povo árabe e do mundo a se mobilizar, isso aconteceu. O Hamas chamou o povo da palestina a quebrar o cerco à Mesquita de al-Aqsa no Ramadã, isso aconteceu. O Hamas chamou a resistência na Cisjordânia a se levantar, isso aconteceu. O Hamas chamou o povo da Jordânia às ruas, isso aconteceu. O Hamas chamou o Tribunal Penal Internacional (TPI) a condenar Netanihau, isso aconteceu.
Enquanto isso, nada que os EUA ou “Israel” planejam avança. É uma sequência permanente de derrotas para o governo Biden e para o regime sionista. A crise foi tão grande nos EUA que o governo teve de atacar violentamente protestos de estudantes durante o ano da eleição. É um quadro de terror para o Partido Democrata. Em “Israel”, a única coisa que sustenta a situação é a pressão da guerra e, mesmo assim, as divisões explodem para todos os lados.
Em maio, outro fator relevante mudou a correlação de forças, o Hesbolá. Diante da invasão de Rafá, a resistência libanesa lançou uma ofensiva poderosa. Realizou o maior ataque a “Israel” desde o início da guerra. Pela primeira vez, realizou um ataque aéreo ao território sionista, derrubou balões e drones dos céus, iniciou uma série de incêndios que levou assentamentos inteiros a serem esvaziados. E, nessa quinta-feira (6), destruiu uma bateria do Domo de Ferro, o sistema antiaéreo de “Israel”. Ou seja, mostrou que os sionistas não têm defesa nenhuma.
É um quadro de terror para o sionismo. A situação do norte saiu completamente de controle. Alguns defendem a invasão do Líbano, mas a derrota é certa. Os que sabem disso são contra, mas não têm propostas concretas. A única forma de parar o Hesbolá é aceitar o acordo do Hamas e iniciar o cessar-fogo. E, no meio dessa crise, o Iêmen e a resistência iraquiana unificaram pela primeira vez um ataque que teve como alvo também o norte de “Israel”.
Essa é a força da Revolução Palestina. Um pequeno povo determinado está botando abaixo uma das maiores monstruosidades criadas e apoiada pelo imperialismo na história. Está arrastando o mundo inteiro para seu apoio e enfraquecendo, assim, todos os governos reacionários do planeta. O Hamas prestou um serviço gigantesco a todos os oprimidos do mundo, em troca, eles merecem o nosso apoio integral. A vitória da revolução na Palestina é a vitória da revolução no Brasil e em todo o mundo.