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Juca Simonard

Editor da revista Na Zona do Agrião e redator do Dossiê Causa Operária

Paladino do futebol-arte

Viva Neymar, o príncipe dos oprimidos

A apresentação de Neymar no Estádio Internacional Rei Fahd, em Riade, nesse sábado (19), foi impressionante. Uma verdadeira festa

A apresentação de Neymar no Estádio Internacional Rei Fahd, em Riade, nesse sábado (19), foi impressionante. Uma verdadeira festa. Milhares de torcedores árabes chegaram horas antes para ver o melhor jogador do mundo vestindo a camisa 10 do clube saudita. Os torcedores levaram cartazes com o rosto de Neymar, bandeiras e fizeram um barulho estrondoso para homenagear o craque brasileiro. Toda a capital saudita deve ter ouvido a celebração.

Enquanto fã de Neymar, confesso que me emocionei ao ver a bela homenagem ao jogador, ao ponto de quase chorar. Claro, uma festa bastante produzida, totalmente diferente da festa popular nos estádios brasileiros — que, infelizmente, ano após ano, vem sendo interditada. Mas fato é que, pelo que representa, o craque brasileiro não merece nada menos do que drones projetando seu rosto e seu nome nos céus, fogos, luzes, caixas de som, etc.

Conversando com meu amigo e editor desse Diário, Pedro Burlamaqui, ele me disse: “que lindo o futebol brasileiro. É uma das melhores coisas que já aconteceu com a humanidade”. 

Preciso! O futebol é uma das maiores invenções da humanidade. Do contrário, não seria o assunto mais popular do mundo. E aí, é a nós, brasileiros, a quem se deve esse feito.

Existe um futebol antes e depois do Brasil. O futebol poderia ser como qualquer outro esporte, mas não é: tem profunda relação com as massas populares e, por isso, também tem um conteúdo político importante. Foi a transformação promovida pelos brasileiros que permitiu isso. Um esporte estático, europeu, se tornou algo dinâmico, bonito, semelhante a uma dança. O brasileiro — ou melhor, o trabalhador brasileiro, negro, mestiço, pardo — incorporou o drible e transformou o futebol numa arte. Pelos pés do brasileiro, o futebol se tornou um patrimônio de toda a população mundial.

No auge do futebol nacional, times como Santos, de Pelé, e Botafogo, de Mané Garrincha, saíam, mundo afora, para exibir essa nova invenção: o futebol-arte. Algo inacreditável que fez a população mundial se apaixonar pelo esporte, conquistando novos adeptos com o passar dos anos. O futebol, dessa forma, é uma expressão da grandiosidade da classe operária brasileira. Ela, tão oprimida, se mostra forte e viva através do samba e do futebol. Ela, tão massacrada, foi capaz de criar um dos acontecimentos mais extraordinários do século XX.

Neymar é a expressão disso, mas sua importância vai além. Vários craques disputaram o título de príncipe do futebol. Isso mesmo: príncipe, porque rei já tem e só terá um, por mais que vários golpistas tentem lhe tirar do trono, o Rei Pelé. O príncipe seria seu continuador, aquele que fez o futebol chegar mais perto da perfeição depois dele. Garrincha não entra na disputa, pois, como diz seu apelido, “Anjo das Pernas Tortas”, não é humano, veio direto dos céus para se tornar a “Alegria do Povo”.

Pois bem, quem merece o título de príncipe do futebol é Neymar — sem dúvidas, o jogador mais completo após Pelé. Um gênio, um craque inigualável, um jogador tipicamente brasileiro: uma expressão do que há de mais grandioso na classe operária brasileira, ele mesmo um menino pobre de São Paulo.

Mas Neymar não merece esse título simplesmente pela sua habilidade. Neymar é o príncipe pelas condições nas quais joga futebol. Se na época do Pelé e Garrincha, o Reino e os Céus estavam juntos na invenção de uma nova arte e na sua divulgação pelo planeta; atualmente, estamos na época em que o capital financeiro internacional tenta esmagar a grandiosa invenção — tentando fazer o futebol regredir ao que era antes dos brasileiros. Por isso, seu principal alvo é Neymar, o representante maior do futebol-arte.

Neymar é um guerreiro que combate a volta ao futebol-força, representado pelo imperialismo europeu. Para mim, isso ficou claro em sua apresentação no Al Hilal. O craque brasileiro está em sua jornada para unificar os oprimidos contra a dominação imperialista sobre o futebol. Foi ovacionado pelos árabes como líder de massas.

Quem acompanhou a Copa do Mundo sabe que o futebol brasileiro, através de seu escrete nacional, representa a grande maioria dos povos oprimidos. O Rei Pelé até mesmo fez parar guerras na África e, na Copa de 70, fez os operários mexicanos pararem de trabalhar para os patrões (“Hoje não trabalhamos porque vamos ver Pelé”). O Brasil é um país oprimido, mas mesmo assim a maior potência do futebol. O futebol brasileiro é uma floresta tropical impiedosa que impede a passagem do retrocesso europeu. Neymar é seu guardião e chega ao mundo árabe para juntar um exército de oprimidos que, representados pelo futebol brasileiro, combaterá os retrógrados.

Sob a liderança de Neymar, o futebol brasileiro há de unificar árabes, negros africanos, asiáticos e sul-americanos para derrotar o esquema de controle do futebol pelo imperialismo europeu. Em volta de Neymar, surgirá a união dos povos oprimidos. Uma frente cuja principal vitória será a consolidação do futebol-arte no resto do mundo.

Por isso, sair da Europa para ir à agora exuberante Liga Árabe foi uma decisão mais do que correta. Neymar chega na Arábia Saudita como um ídolo mundial ainda maior. Assim, une as forças necessárias para conquistar mais um título mundial para o Brasil, uma vitória de todos os oprimidos. Neymar ganha força para enfrentar os principais representantes dos reacionários: a imprensa e a FIFA, com seus árbitros vendidos que atuam contra a Seleção.

Infelizmente, o craque não jogou nesse sábado. Mas os oprimidos do mundo inteiro estão ansiosos para ver seu líder jogar novamente.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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