Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Carla Dórea Bartz

Jornalista, com 30 anos de experiência (boa parte deles em comunicação corporativa). Graduada em Letras e doutora pela USP. Filiou-se ao PCO em 2022.

Cinema

Um filme sobre a descrença na Revolução

Há mais de 10 anos, faço parte, com amigos, de um grupo de discussão sobre cinema. Escolhemos um cineasta e assistimos a toda a sua filmografia, do primeiro ao último filme lançado

Há mais de 10 anos, faço parte, com amigos, de um grupo de discussão sobre cinema. Escolhemos um cineasta e assistimos a toda a sua filmografia, do primeiro ao último filme lançado.

Recentemente, terminamos de ver toda a filmografia do grande cineasta espanhol Luis Bunuel. Agora, iniciamos a do diretor italiano Bernardo Bertolucci, reconhecido por uma carreira notável de filmes como O Último Tango em Paris e o O Último imperador.

Antes da Revolução (Prima della Revoluzioni, 1964) é sua segunda película, que ele dirigiu com apenas 22 anos. É pouco conhecida, no entanto, revelou-se uma surpresa bastante interessante por ser hoje uma espécie de documento sobre aquele momento da conjuntura italiana, vinte anos após a queda do fascismo no país. É esse seu tema.

Trata-se também da adaptação do romance A Cartuxa de Parma, do romancista francês Stendhal (1838). Na história, acompanhamos as desventuras de Fabrizio (Francesco Barilli) e seus dilemas emocionais e políticos diante da situação histórica.

Jovem, ou seja, nascido no final da II Guerra Mundial, herdeiro e burguês, ele está divido entre as ideias revolucionárias, que ele discute com um professor, e o lugar que sua família espera dele. A ação transcorre ao longo de mais ou menos um ano, durante o qual o personagem coleciona desapontamentos, como o suicídio de um amigo, a paixão incestuosa pela tia ou a experiência fracassada de um rico e velho fascista.

A história funciona como um ritual de passagem: Fabrizio deve deixar as ilusões de juventude para se tornar de fato um burguês – sinal de maturidade – como se o destino já estivesse traçado para ele.

Nesse ponto, o filme apresenta duas questões interessantes sobre a capitulação do personagem. A primeira é mostrar que sua classe social é incapaz de abdicar de privilégios em nome de alguma causa revolucionária. Ele chega à conclusão que tudo não passa de uma ilusão distante. Individualista, ele trata de garantir o próprio futuro.

A segunda é mostrar a capitulação como uma falha política daquele momento histórico de Guerra Fria, que vai se confirmar com o fracasso dos protestos franceses em 1968.

Se pensarmos bem, nós estamos vivendo os anos – sabe-se lá ainda por quanto tempo – antes da Revolução. A melancolia do filme parece até espelhar o nosso próprio cotidiano. Contudo, ele aponta também a superficialidade do engajamento de uma militância privilegiada, que associa a ideia de transformação social a arroubos juvenis.

E não poupa o papel do intelectual, no caso o professor pequeno-burguês, nesse processo. Só entende a luta de classes quem realmente dela participa cotidianamente e precisa superá-la como uma questão de sobrevivência.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.