Quando fez sua postagem em sua conta pessoal do Instagram hostilizando a torcida do São Paulo e toda a população paulista, Marcelle Decothé nem percebeu que estava criando uma crise no governo.
Não percebeu justamente porque os identitários estão vivendo num mundo fantasioso. Eles acreditam que o apoio que recebem da burguesia imperialista nesse momento – e acham que vai durar para sempre – os tornam acima de qualquer coisa. A realidade mostrou que não, e o governo, corretamente, exonerou a assessora.
Marcelle Decothé hostiliza a terceira maior torcida do país e a população de São Paulo porque acreditava que podia tudo. Que ninguém ousaria a contestar uma “mulher negre” e sabe-se lá mais o que. Que sua suposta luta “decolonial” pode com tudo e com todos ou… todes.
Ao repetir aquilo, Marcelle nem se deu conta que estava ofendendo uma torcida cuja maioria das pessoas é composta por pobres e negros, como é a constituição do povo brasileiro. Ao ofender os “paulistes”, ela também estava ofendendo talvez uma das maiores populações negras do Brasil e a maior população nordestina fora do Nordeste.
Mas ela, ignorante sobre as coisas do povo brasileiro como são os identitários que aprenderam o pouco que sabe em cursos promovidos por organizações imperialistas, acreditava piamente que estava criticando “brancos” e “europeus safades”. Como se esse setor da população, que também é gigantesco, que também constitui a parte pobre do país, devesse ser hostilizado.
A ex-assessora da igualdade racial mostra que sua preocupação passa muito longe de promover a igualdade racial. Pare os identitários, isso é apenas uma frase que é interpretada assim: “promover a ascensão carreirista de algumas pessoas”.
Tanto é assim que a assessora, funcionária de confiança do ministério, estava mais preocupada em acusar os paulistas de serem “brancos e europeus” do que, por exemplo, notar que os estádios de futebol estão sendo tirados do povo por conta dos preços absurdos dos ingressos. Se ela estivesse tão preocupada com a igualdade racial, porque não apoiar as torcidas que estão lutando contra isso.
Aliás, as torcidas organizadas do São Paulo, que ela preferiu hostilizar, esteve em protesto conjunto com as torcidas do Flamengo para denunciar esse fato. E, ironia do destino, foi o clube pelo qual Marcelle diz torcer, o Flamengo, o alvo desse protesto. As torcidas organizadas do Flamengo estão sendo sabotadas pela diretoria do clube e o Maracanã, de acordo com as próprias, está cada vez com menos povo. Ou seja, de acordo com a própria torcida do Flamengo, o problema não é o estádio do Morumbi.
As torcidas organizadas do São Paulo fizeram uma enorme festa popular dentro e fora do estádio. E adivinhe quem participou dessa confraternização: as organizadas do Flamengo, recebidas cordialmente pelos são-paulinos.
Vejam como a ex-assessora tem um total desconhecimento das coisas do povo. No fundo, ao hostilizar a torcida do São Paulo e os paulistas, ela está hostilizando o povo brasileiro.
A classe média tem nojo do povo e os identitários, com sua mentalidade de classe média adestrada pelo imperialismo, têm nojo das torcidas, portanto do povo. Tanto é assim que Marcelle, segundo informações do Brasil 247, foi nomeada “pelo ministério para fazer parte do Grupo de Trabalho de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 28 de junho.”
Com essa nomeação ficamos pensando como seria esse combate ao racismo. Hostilizando uma torcida inteira? Sim. É exatamente essa a mentalidade das campanhas contra o racismo, a violência, o machismo, a homofobia nos estádios. Como já denunciamos, por trás da aparente bondade dessas campanhas está uma política de perseguição às torcidas, de repressão e censura.
Depois do papelão que protagonizou Marcelle, os identitários deveriam ficar mais na miúda. Elas não são de nada, eles não sabem de nada. Mas é difícil convencer pessoas que acreditam estar por cima da carne seca. É espantoso que uma pessoa, que recebe um cargo de confiança no governo, acha que pode hostilizar milhões de pessoas. O problema é que enquanto isso, sua política continuará sendo um sabotador em potencial do governo Lula. A direita, com seu papo furado de racismo reverso, está nadando de braçada.
Marcelle, ao invés de hostilizar uma torcida inteira, deveria aprender com ela. Precisa aprender que as torcidas são uma expressão do povo brasileiro e as organizadas são movimentos sociais como outros.
As torcidas organizadas, aliás, são movimentos populares de verdade, não são ONGs financiadas por estrangeiros. Essas torcidas realizam muitas ações sociais e são capazes de mobilizar muita gente. Elas são capazes de organizar uma festa popular como a que aconteceu no último domingo no Morumbi, inclusive com a participação da própria torcida do Flamengo. Festa que a Polícia Militar, essa verdadeira promotora da igualdade racial, se esforçou para estragar, causando a morte de ao menor um torcedor.
No quesito ações para promover a igualdade social e racial, os identitários precisam comer muito arroz com feijão para chegarem perto das torcidas organizadas de qualquer time. Na verdade, nunca vão chegar, porque o objetivo dessas ONGs identitárias não é resolver nenhum problema racial de fato.
O perfil de Twitter fez uma boa postagem contando um pouco da história do futebol e do São Paulo. Mostrando que a ex-assessora tentou atacar o “branco europeu” e acabou acertando no povo brasileiro.
Quem agride o @SaoPauloFC e sua imensa torcida está agredindo o #Brasil vocês sabem o porque das estrelas na camisa do tricolor paulista? [Segue o🧶] pic.twitter.com/AD1HLNjwg5
— Marxista.Blog 🇨🇺🇦🇴🇲🇿🇨🇻🇵🇸🇦🇲🇳🇪🇧🇫🇲🇱 (@BlogMarxista) September 27, 2023