Após um longo jejum durante o governo golpista de Bolsonaro , quando as ocupações de terra caíram de quase 200 por ano em 2016 para menos de 50 em 2019, nesse início do novo governo Lula os movimentos de luta pela terra já vem retomando o seu papel.
No feriado de carnaval, no Mato Grosso do Sul, em uma ação denominada ” Carnaval Vermelho” , a Frente Nacional de Luta (FNL), liderada por José Rainha, ocupou em Japorã, há cerca de 400 quilômetros de Campo Grande, uma propriedade rural formada por dois sítios que totalizam cerca de 290 hectares de terra, abandonada há cinco anos.
A Polícia Militar do Estado, sob o comando do governador psdbista Eduardo Riedel , um bolsonarista de fala mansa e destacado representante do agronegócio, foi rapidamente acionada para expulsar os trabalhadores da terra, que acabaram despejados do local por volta das 18 horas do domingo. Segundo relato de um morador local, foi utilizada força bruta de pistoleiros para expulsar os sem terra do local.
Em sua página na internet, a FNL também denunciou a agressão: “O grupo que se concentrou com caminhonetes e armados agrediu fisicamente de forma violenta companheiros da ocupação e incendiaram os barracos e imóveis da propriedade. O acampamento foi desfeito e as trabalhadoras e trabalhadores despejados. Toda nossa solidariedade aos companheiros que ousam lutar nesse ambiente hostil, que é o Estado de MS”.
O Estado do Mato Grosso do Sul, sob o comando de Eduardo Riedel continua sendo um estado controlado pela força bruta dos latifundiários e seus pistoleiros.
Riedel tem uma longa trajetória ligada ao agronegócio já tendo sido destacado por três vezes como uma das 100 personalidades do agronegócio brasileiro. O atual governador tem uma história de vida dedicada à área, tanto como empresário, líder classista e, também, gestor público.
Riedel foi ex-presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul, em 2010), do Conselho Deliberativo do Sebrae-MS (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Mato Grosso do Sul, 2011) e vice-presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura, 2012), comandou ainda o Sindicato Rural de Maracaju a partir de 2002 . Passou ainda pela titularidade das secretarias estaduais de Governo e Gestão Estratégia e de Infraestrutura. Foi considerado pelos seus pares um dos nomes mais influentes do setor.
Sobre sua longa trajetória em setores do Agronegócio, Riedel destacou em entrevista durante sua pré-campanha para governador que “Os valores que me levaram a ser destaque no agronegócio, como produtor, foram levados, também, para minhas atividades classistas e públicas. E vai continuar sendo assim”,disse.
É preciso construir nas ruas um forte apoio aos companheiros da luta pela terra para que possam retomar as terras ocupadas pelo latifúndio tanto no Mato Grosso do Sul como em outros estados do país.
