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Tição, programa semanal do Coletivo de Negros João Cândido, vai ao ar todas as quintas-feiras, às 19h, pelo COTV Canal Reserva do YouTube. O semanário é uma das iniciativas do coletivo para discutir questões essenciais para o entendimento e o fortalecimento das lutas do povo negro brasileiro. Além do Programa Tição, a publicação da Revista do Coletivo de negros do partido e as reuniões semanais em vários lugares do Brasil, como em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Bahia, Pernambuco e Paraná, são provas de que discutir a questão dos negros não se restringe a um grupo específico da população, mas está no Brasil como um todo, faz parte de seu tecido social desde a origem do pais. O programa é feito e apresentado por negros, porém sua mensagem e suas reflexões não são restritas à comunidade negra ou aos auto-identificados negros. O objetivo não é restringir a negritude à cor da pele ou a palavras “não racistas” no vocabulário da língua materna. Pelo contrário, o questionamento e a crítica do coletivo procuram desmascarar as “almas brancas”, pensamentos e “valores brancos” muitas vezes disfarçados “sob peles pretas”. Discutir o racismo sem máscaras ideológicas ou identitárias e com viés revolucionário é um dos pilares do coletivo João Cândido, o que fica evidente em todas as edições do Tição, Programa de Preto.
Além de dar destaque em todos os programas a pessoas importantes para a causa negra ao redor do mundo, e em várias áreas de atuação, como esportes, artes, ativismo, pensamento teórico-crítico, política, lutas e revoluções, o Tição apresenta discussões sobre os acontecimentos da semana, sejam eles diretamente ligados à questão racial, como vários temas polêmicos que incomodam muita gente, sejam temas ou fatos que exijam uma interpretação que parta do ponto de vista da luta dos negros: em que medida tal ou tal fato, lei, nomeação para cargos, ação judicial que aparentemente é a favor dos negros é, realmente, a favor dos negros?
A questão da tão aclamada representatividade do negro e sua efetividade no dia a dia de milhões de pessoas em situações de opressão é motivadora de muitas pautas do programa, colidindo frontalmente com a mentalidade identitária que povoa a imprensa corporativa e as redes sociais. Os debates e polêmicas gerados no embate de ideias que Tição promove não se restringe à banalidade momentânea, mas se baseia em estudo e conhecimento de temas que em outras meios de comunicação ou canais são totalmente ignorados. Dois exemplos de edições do Programa de Preto ilustram essa qualidade da informação entregue pelo Tição. Depoimento de como o programa me educa, literalmente.
Um deles é o programa nº 94, exibido em 16/07/2021, que apresenta a história e a luta de João Cândido, líder da Revolta da Chibata. Com o conhecimento que os livros escolares me permitiam, já tinha ouvido falar na Revolta da Chibata, mas não sabia exatamente do que se tratava. Mas João Cândido eu vim a conhecer por essa edição do Tição. Isso me motivou a procurar mais informações sobre ele e sua luta. Isso me torna uma cidadã melhor, com certeza. O segundo exemplo que trago, é o da última edição do programa, nº 175, foi ao ar em 26/01/2023. O título do programa já diz a que vem: Identitarismo, uma política reacionária; 50 anos da morte de Amílcar Cabral – Tição nº175 – 26/01/23.
Confesso a ignorância, mas desconhecia Amilcar Cabral e sua luta. Mais uma vez, aprendi muito e tive motivação a pesquisar sobre esse pensador e revolucionário africano. E isso abriu possibilidades para outros pensadores que discutem e divulgam o pensamento de Amilcar Cabral atualmente.
O programa já ter apresentado 175 edições semanais mostra a regularidade e a continuidade de uma iniciativa de excelente qualidade, informando e educando o público de forma bem informada e crítica. Vale a pena conferir: toda quinta-feira 19h, na COTV Canal Reserva: Identitarismo, uma política reacionária; 50 anos da morte de Amílcar Cabral – Tição nº 175 – 26/01/23
