Sob o pretexto de investigar o caso da venda ilegal de joias por Bolsonaro, a Polícia Federal solicitou autorização ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, para atuar junto a autoridades dos Estados Unidos. Segundo reportagem de O Globo, um dos objetivos da PF seria pedir ao FBI para abordar as joalherias envolvidas nas transações. Ainda em julho, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, já havia solicitado à Itália cooperação policial e jurídica por conta dos xingamentos sofridos por Moraes num aeroporto em Roma. E nessa semana foi divulgado que tanto o diretor-geral da PF quanto o Ministro da Justiça Flávio Dino estão fazendo campanha pela eleição de um brasileiros para a Secretaria-Geral da Interpol, a Organização Internacional de Polícia Criminal.
Todas essas ações têm na sua cabeça a figura de Dino, que saiu do PT em 1994 para ser juiz federal por 12 anos, até se filiar ao PCdoB em 2006 e depois dar mais um pulo à direita ao entrar no PSB. Não por acaso indicou Andrei Rodrigues para o comando da PF. Rodrigues tem pleno alinhamento com a política do imperialismo para os países atrasados. Dino citou sua experiência chefiando a Delegacia de Repressão a Entorpecentes em Manaus como algo importante, uma vez que a Amazônia é uma “área estratégica para esse governo e, portanto, para a segurança pública. Todo esse namoro com órgãos de inteligência de países imperialistas mostra que o governo não percebe que está colocando o lobo para cuidar das ovelhas, pois o imperialismo é o principal cobiçador das riquezas naturais da Amazônia.
Outra movimentação perigosa recentemente partiu do próprio imperialismo. A Organização dos Estados Americanos (OEA), envolvida em golpes e tentativas de golpes de Estado em países vizinhos ao Brasil, vai acompanhar e “contribuir” nas ações do governo brasileiro referente às mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips no estado do Amazonas. Em comunicado de imprensa, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA informou sobre a criação de Mesa de Trabalho Conjunta sobre a implementação de medidas cautelares decorrentes do caso. Mais uma “parceria”, que coloca agentes do imperialismo norte-americano dentro da Amazônia, especificamente no Vale do Javari, que conta com uma enorme reserva indígena, demarcada por FHC em 2001.
Seja por puro carreirismo ou alguma dose de fé cega nos organismos controlados pelos Estados Unidos, Flávio Dino e Andrei Rodrigues fazem de tudo para agradar os governos imperialistas. Como se a infiltração da CIA e do FBI na Polícia Federal já não fosse um problema grande o bastante, essas figuras que teoricamente estariam sob o comando de Lula se esforçam por aprofundar a presença desses órgãos no Brasil. Cabe citar que diante das chacinas realizadas pela Polícia Militar em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, há menos de um mês, nenhum desses órgãos do imperialismo resolveu acampar nas periferias para proteger a população pobre. Afinal, o Guarujá não conta com reservas de minérios intocadas. Nem as demais cidades manchadas de sangue pelo aparato repressivo do Estado.
A cada dia que passa, fica mais claro que Flávio Dino atua como um capacho dos Estados Unidos. Não faz muito tempo que foi um dos entusiastas da entrega da Base de Alcântara no Maranhão para uso dos Estados Unidos. Uma das ações do governo Bolsonaro que deixaram bastante evidente que seu nacionalismo não passa de mero engodo e Dino estava lá, como governador do estado. Agora dentro do governo Lula promove todo tipo de autoritarismo, como o monstruoso “Pacote da Democracia“, conjunto de normas digno do próprio governo Bolsonaro. De um lado, fortalece os aparatos repressivos do Estado brasileiro, por outro, escancara as portas para os serviços de inteligência do imperialismo. Justamente os principais agentes na preparação do golpe de Estado de 2016. Se a burguesia imperialista decidir derrubar Lula, Dino terá preparado o terreno para isso de dentro do governo.