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Identitarismo

Silvio Almeida ignora Palestina em dia dos Direitos Humanos

Silvio Almeida aproveita o dia 10 de dezembro, dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos, para nos ensinar o que é empatia. Contudo, não reserva nenhuma aos palestinos

“Filho de goleiro só joga na retranca”.

Parece ditado popular, mas é a ideia que nos inspirou o tímido e frágil discurso do dia 09 de dezembro de 2023, realizado em rede nacional de rádio e TV, por Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do governo Lula. Silvio Luiz de Almeida é filho de um antigo craque do Corinthians, o goleiro Lourival, também conhecido como Barbosinha.

O Dia Internacional dos Direitos Humanos é celebrado no dia 10 de dezembro. A Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu a declaração dos direitos humanos fundamentais, que devem ser protegidos e zelados por todas as nações, em Paris, em 1948, pouco tempo depois da Segunda Guerra Mundial, sob o impacto da constatação do Holocausto contra os judeus. No mesmo ano foi fundado o Estado de “Israel”, sobre as terras palestinas e contra a vontade da população árabe da região.

Silvio Almeida, 47 anos, é advogado, filósofo e professor universitário, sendo considerado um especialista na questão do racismo. Formado em Direito pela Universidade Mackenzie, São Paulo, em 2020 foi professor visitante na Universidade Duke, nos EUA, onde lecionou nos cursos “Raça e Direito na América Latina” e “Black Lives Matter: Brasil e Estados Unidos”, este último em parceria com o professor John D. French. Silvio foi também professor visitante da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, em 2022. O ministro preside atualmente a ONG instituto Luiz Gama, que atua na defesa jurídica de minorias e causas populares, além de dar consultoria em casos de “compliance[1] empresarial.

Identitários e ecológicos

Silvio Almeida é membro da trupe de ministros “identitários” e “ecológicos”, da qual também fazem parte Anielle Franco (Ministra da Igualdade Racial), Sônia Guajajara (Ministério dos Povos Originários) e Marina Silva (Ministério do Meio Ambiente).

Até o momento não se teve notícias de qualquer movimento de empatia ou solidariedade com o martirizado povo palestino por parte de qualquer um desses ministros, o que causa certo espanto. Todos eles fazem cara de paisagem diante das atrocidades cometidas por “Israel” contra um povo privado dos mais básicos direitos humanos durante 75 anos, por esse estado fantoche criado e mantido no Oriente Médio, com claro caráter colonialista e imperialista.

Anielle Franco até o momento não disse uma palavra sobre o monstruoso sistema de apartheid realizado por “Israel” contra os palestinos. No Estado sionista, há uma legislação para uma “raça”, os judeus, e outra legislação para a “raça” palestina. A desigualdade racial foi oficialmente praticada em Israel por 75 anos. Nenhuma palavra da ministra.

Sônia Guajajara não deu um pio sequer sobre os “povos originários” da Palestina, que estão sendo vítimas de genocídio, por mais de 50 dias, assim como não dá apoio aos índios de verdade que estão sendo atacados diariamente no Brasil, na Bahia, no Rio Grande do Sul e em Mato Grosso, só para citar alguns casos mais aberrantes e “esquecidos”.

“No fundo do peito, uma angústia.”

Diante das graves ameaças no Brasil e no mundo, ao direito humano fundamental que é o direito à livre expressão do pensamento, nenhuma palavra ou consideração. O lobby sionista nas comunicações é forte demais para ser enfrentado?

O genocídio cotidiano televisionado diariamente na Palestina, executado pelo Estado de “Israel”, com características claramente racistas e excludentes, sequer foi levemente mencionado por Silvio ou por qualquer um desses ministros citados.

A Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, não fez qualquer menção aos efeitos deletérios sobre o clima e o aquecimento global que as mais de 22 mil bombas jogadas recentemente sobre a Faixa de Gaza por “Israel” poderão causar.

A empatia desses empáticos ministros não foi suficiente para mencionar as mais de 8 mil crianças e 6 mil mulheres assassinadas pelo governo genocida de “Israel”, na Palestina, nos últimos 60 dias, apoiado pelos EUA, que impedem uma trégua com seu poder de veto no conselho de segurança da ONU. Nenhuma palavrinha.

Será que todos esses ministros citados têm tanto “envolvimento emocional” com os EUA e seus aliados a ponto de não se importarem com as ações imperialistas que eles realizam?

É possível que não haja empatia no caso do genocídio contra o povo palestino que estamos assistindo diariamente ao vivo e a cores?

Abaixo segue a íntegra do discurso proferido pelo ministro em 09 de dezembro de 2023:

“Meu amigo, minha amiga, 

Amanhã, dia 10 de dezembro, é o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Data escolhida porque há 75 anos a ONU adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento que marca o compromisso dos Estados em reconhecer a dignidade de todas as pessoas e assegurar a realização dos direitos humanos.

Por isso, quero pedir licença para entrar em sua casa e falar brevemente sobre um sentimento que sei que você e eu compartilhamos, não importa sua posição política.

Sabe quando a gente olha alguém que está sofrendo, passando por alguma humilhação ou privação, e sente um incômodo, uma angústia?

O nome disso é empatia. Eu diria que aí que está a essência dos direitos humanos: a capacidade de se importar e de querer cuidar das pessoas.

Se pudéssemos resumir o significado dos direitos humanos em duas palavras, estas seriam: respeito e cuidado.

A humanidade está diante de grandes desafios: climáticos, econômicos, políticos e sociais. São crises que se combinam, se agravam, jogam milhões de pessoas no desespero e colocam em risco a própria sobrevivência da nossa espécie.

Diante da crise, muitos escolheram excluir, abandonar os mais fracos. E essa escolha não tem futuro, porque o futuro, meu amigo, minha amiga, está em imaginar, fabular, criar um mundo onde caibam todas e todos nós.

Em menos de um ano de governo do Presidente Lula, construímos políticas para fazer a diferença na vida de gente que é muitas vezes esquecida.

Intensificamos a proteção das crianças, adolescentes e suas famílias.

Projetamos para as pessoas com deficiência uma vida sem limites.

Criamos políticas para a população em situação de rua.

Voltamos a enxergar as pessoas idosas.

Mapeamos soluções para que pessoas encarceradas possam projetar alguma esperança na vida.

Passamos a olhar com o merecido respeito a população LGBTQI+.

Combatemos a violência e a intolerância religiosa, e lutamos pela memória, a verdade e a justiça.

Se você, que me assiste nesse momento, for vítima de ataques aos seus direitos, eu quero dizer com toda a clareza: você é importante para nós. E estamos trabalhando, dia e noite, para que os direitos que você tem sejam respeitados.

Se você, neste momento, considera que já tem seus direitos garantidos, mas sente, no fundo do peito, uma angústia diante das injustiças eu digo com toda a clareza: tem um lugar para você ao nosso lado como um defensor, uma defensora, do que há de justo, bom e melhor no mundo. 

Boa noite.”

[1]Compliance” empresarial: quando alguma empresa faz um atentado contra a população, que é percebido como tal; a empresa então é obrigada a limpar a sujeira. Silvio Almeida ajudou o Carrefour a mostrar que não era racista só porque seus seguranças andaram matando alguns negros.

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