Tem ganhado repercussão a possibilidade da seleção de futebol russa realizar amistosos com clubes brasileiros, entre eles o Corinthians. A FIFA anunciou como “data Fifa” o intervalo entre 20 e 28 de março, para realização das duas primeiras rodadas das eliminatórias da Eurocopa 2024, e neste ano a CBF optou por acatar interrompendo as competições aqui no Brasil, considerando que a Seleção Brasileira deve disputar amistosos nesse período. Diante das sanções impostas pelo imperialismo à Rússia e do nível muito baixo de seleções dispostas a enfrentar os russos, a União Russa de Futebol tem costurado acordos para enfrentar dois grandes clubes brasileiros.
A Rússia já foi retirada da última Copa do Mundo pela FIFA e excluída da Eurocopa pela UEFA como parte da campanha de isolamento para submeter os russos ao cerco militar do imperialismo, que tinha na Ucrânia pós-golpe de 2014 uma expressão mais agressiva dessa política. Praticamente em todas as modalidades esportivas os russos foram barrados das principais competições internacionais, como parte do pacote de sanções, que visa em última instância jogar a população russa contra o próprio governo. Com muitas portas fechadas na Europa, até os capitalistas russos do futebol têm procurado estreitar laços com os clubes brasileiros.
Nesse sentido, a política externa do governo Lula é um importante apoio para essa aproximação. Com tudo o que setores da esquerda resolveram falar do atual governo, Lula segue sendo Lula e age perante o mundo com sua habitual e habilidosa independência. Por mais que essa independência seja relativa, ela provoca rasgos na rede que o imperialismo usa para conter os países atrasados. As relações brasileiras com a Rússia e a China, incluindo a revitalização dos BRICS, são decididamente valorizadas por Lula. Algo bastante lógico, já que diante de outros países atrasados é possível negociar de fato, o que não ocorre quando se senta na mesa com os representantes do imperialismo.
Um ponto muito importante, no qual a imprensa vem pressionando o governo, é a recusa no envio de munições para a Ucrânia. Apesar de ser um fato não muito conhecido, o Brasil tem uma das indústrias de armamentos mais importantes do mundo, fabricando equipamentos militares diversos, incluindo mísseis, tanques e explosivos. Isso não é algo menor, é uma tomada de posição que contraria abertamente a política do imperialismo, que tenta esticar a guerra o máximo possível e ainda tem a pretensão de submeter a Rússia no embate atual.
É de se esperar que nossa imprensa, subserviente em especial ao capital norte-americano, critique e estimule reações negativas caso os amistosos aconteçam. Sinal inequívoco de que esses amistosos expressam essa independência do Brasil e que são um acontecimento ótimo para a posição política do país no cenário internacional.