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Rui comenta levantes na Rússia, 10 anos de 2013 e ameaça de golpe

Na Análise Política da Semana, Rui Costa Pimenta abordou os principais acontecimentos dessa semana, com destaque para o aniversário de junho de 2013

Na Análise Política da Semana do último sábado (24), o presidente nacional do PCO tratou da crise na Rússia, do julgamento contra Bolsonaro, e diversos outros temas, dando um destaque especial para o aniversário de dez anos dos acontecimentos de junho de 2013.

O levante do grupo Wagner na Rússia

A crise na Rússia, por se tratar de um acontecimento recente, está ainda com contornos de “mistério”. Não é possível dizer com certeza o que está acontecendo. O que se pode ver é que a imprensa imperialista caracteriza como uma insurreição do grupo Wagner e colocou como se Putin quase já tivesse sido derrubado.

No entanto, ele cita que há uma grande diferença entre as informações fornecidas pela imprensa imperialista, que dá conta de que Putin já estaria praticamente derrubada, e a imprensa russa e de outros veículos (como a Al Jazeera), que simplesmente cita que um grupo de 25 mil soldados chegaram a adentrar a cidade de Rostov sobre o Don e não passou disso. Ainda assim, não se sabe qual a situação na cidade, tudo que se sabe é que houve uma troca de tiros próximo a um prédio do governo russo. Notícias surgidas pouco depois dão conta de que os revoltosos já haviam batido em retirada.

Não se sabe qual a causa de tudo isso. O líder dos revoltosos, Prigozhin, afirma que a força aérea russa teria bombardeado um acampamento do grupo Wagner. Essa informação, no entanto, não foi confirmada nem pela imprensa burguesa. O que se sabe, no entanto, é que ele vem criticando há bastante tempo os chefes das Forças Armadas russas, com queixas de poucas armas enviadas pelo governo para operações recentes. As poucas armas enviadas, no entanto, dão a ideia de que já havia uma crise entre os dois grupos, com o governo tendo receio de enviar armas para o grupo e elas serem usadas contra o governo.

Isso não bastaria como explicação para o ocorrido. O que se pode dizer é que foi uma ação ousada, porque obriga o governo russo a dissolver o grupo Wagner. Portanto, a reação é de tipo suicida, de um ponto de vista político e talvez até do ponto de vista físico, já que caracterizaria traição ao país, o que pode até envolver pena de morte.

Não se pode excluir também a probabilidade de que essas lideranças tenham sido corrompidas pelo imperialismo, a partir dos conflitos que teriam surgido entre o grupo Wagner e o governo russo. No entanto, não é possível saber ainda o que realmente ocorreu.

Embora a imprensa imperialista esteja dando importância exagerada ao levante, o que pode acontecer é os ucranianos se beneficiarem dessa crise e conseguirem algum avanço diante desse cenário.

A ameaça de golpe do imperialismo contra Lula

Na discussão sobre a situação nacional, Rui mencionou algumas colocações do imperialismo a respeito da política de Lula. Foi citada uma matéria vista no site da Global Americans, uma organização de fachada dos serviços de inteligência norte-americanos e associada também ao IREE, organização do Brasil que conta com a presença de diversas figuras ligadas ao golpe de estado.

A matéria da Global Americans é escrita por um assessor do Pentágono, que diz que o governo Lula é um governo hostil aos EUA e ao imperialismo mundial. Ele classifica o governo como “não-liberal”, ou “não-democrático”, ao estilo do governo Nicarágua, por exemplo. É uma classificação um pouco mais suave do que a classificação de “ditador sanguinário” reservada a Nicolas Maduro.

A matéria menciona a posição do governo sobre a Rússia, cita o caso dos navios iranianos, cita a recepção do Nicolas Maduro no Brasil por Lula, e também o fato de que Lula procura se subtrair ao governo do dólar e estabelecer um sistema independente do dólar na América do Sul. Em suma, pinta um quadro do Brasil sendo um país dissidente da política imperialista norte-americana na América Latina. A matéria também menciona o fato de o Lula ter uma boa imagem na Europa e diz que seria preciso fazer uma campanha para desfazer a boa impressão que ele tem dentro da Europa.

A menção à Europa é porque as declarações de Lula a respeito da guerra na Ucrânia afetam a posição dos países europeus sobre a questão da guerra, o que afetaria o consenso anti-Russo. E, tão logo saiu essa matéria nesse órgão de notícias da CIA, o jornal francês chamado La Liberación publica uma capa com o título “Lula, a decepção”.

Além disso, outra notícia que saiu no Financial Times é de que o imperialismo teria sido responsável por impedir o golpe de estado contra Lula na época do 8 de janeiro. A notícia sai no mesmo momento em que a anterior, procurando transmitir a ideia de que o imperialismo poderia permitir que houvesse um golpe de estado com o PT caso ele continue com uma política que prejudique os interesses do imperialismo no mundo todo.

Já se fecha um setor golpista dentro da esquerda pequeno-burguesa

Também foi feita uma avaliação da política de um setor da esquerda brasileira. Rui lembrou que PSTU e PCB convocaram um ato público com a palavra de ordem “Contra o arcabouço fiscal de Lula e o Marco Temporal”. Ainda que pequeno, o ato deve ser analisado como uma tendência. Um paralelo foi o primeiro ato que houve em meados de 2012/2013 comemorando o golpe militar e que depois foi impulsionado pela burguesia e levou às manifestações pelo golpe de estado.

O mesmo ocorre aqui: embora o PSTU e o PCB sejam grupos pequenos, eles podem indicar uma tendência que pode ser impulsionada. O que chama atenção é que, com 6 meses do governo, já há um bloco de esquerda de oposição total ao governo Lula. O PCB já classifica o governo Lula como uma continuação do governo Temer e Bolsonaro, uma posição totalmente incorreta.

Não é que seja incorreto criticar o governo, mas essa crítica do PCB é uma posição praticamente golpista. Para a esquerda nacional, o governo Bolsonaro foi tratado como um governo que deveria ser derrubado. Se o governo Lula for igual a ele, então se deveria lutar por sua derrubada também.

Para a próxima semana, já chamaram uma Plenária, com a adesão de outros pequenos grupos de esquerda, como o MRT. Isso é um sinal de que a esquerda sente a debilidade do governo e acha que consegue “faturar” em cima dos problemas que o governo enfrenta. Não é uma política para dirigir as massas, mas para conseguir um ganho privado. Ou seja, é uma política pequeno-burguesa, e não socialista ou proletária. Muito semelhante com os acontecimentos de 2016.

Julgamento de Bolsonaro e a esquerda acerta as contas através do judiciário

Outra questão abordada foi o julgamento de Bolsonaro ocorrido nesta semana. Trata-se de um julgamento evidentemente político, como disse Rui Pimenta. Bolsonaro está sendo julgado por comentários negativos feitos a respeito das urnas eletrônicas, algo ilegal porque não existe nenhuma lei proibindo que alguém questione as urnas ou qualquer aspecto do regime político.

Além disso, Rui também critica a tendência da esquerda a procurar utilizar o judiciário para acertar suas diferenças com algum outro setor político, uma política extremamente reacionária.

Outro aspecto dessa política é considerar que o que está sendo feito contra Bolsonaro não vai beneficiar a esquerda, mas sim a direita tradicional ou o chamado “centro político”. O que se procura fazer é acabar com a polarização entre extrema-direita e esquerda e reavivar esse setor que é o mais nocivo do Brasil, muito pior do que o Bolsonaro.

Dez anos de junho de 2013: a importância de se analisar corretamente

O último tema abordado foram os 10 anos das jornadas de junho de 2013. Sobre isso, é preciso acabar com a confusão – para alguns, junho de 2013 foi um grande movimento popular contra o governo do PT, para outros setores, foi a direita saindo às ruas para atacar o governo do PT.

A realidade é que não foi nenhuma das duas coisas. O que aconteceu de fato foi um movimento que surgiu em junho de 2013, protestando contra o aumento da passagem, que foi reprimido de forma muito dura pelo governo do estado de São Paulo, de Geraldo Alckmin. Alckmin colocou um aparato policial gigantesco no São Paulo, que foi orientado a dispersar o movimento custasse o que custasse.

A repressão despertou uma revolta generalizada e um movimento relativamente pequeno acabou crescendo e se transformado num grande movimento contra o Geraldo Alckmin. A liderança do grupo defendia que o grupo fosse horizontal e apartidário. Ou seja, a manifestação saía às ruas sem nenhuma liderança visível – sem carro de som e sem nenhuma organização séria, o que possibilitava a manipulação do movimento.

Logo após, um ato foi convocado para a semana seguinte e teve a adesão de cerca de 300 mil pessoas nas redes sociais. Diante desse problema, a direita resolveu agir e colocar policiais infiltrados para procurarem assediar a esquerda, forçar a tirar as faixas e a abaixar bandeiras.

Os próximos atos foram caracterizados pelo aumento do assédio contra a esquerda por parte da direita, o que não significava que a direita era maioria no ato. No entanto, devido à falta de liderança e de organização, foi fácil retratá-los como sendo a parte principal da manifestação.

As duas conclusões erradas tiradas sobre isso: a primeira é de que foram manifestações da direita contra o PT e a segunda de que seria um grande movimento popular contra o PT, levam a políticas igualmente erradas no presente.

Quem acreditava que a direita é que tomou as ruas em 2013, defende hoje que não deve haver nenhum tipo de manifestação durante o governo, porque isso levaria a uma tomada das ruas pela direita, o que é uma política suicida, já que a esquerda deve estar nas ruas para impor sua política ao governo e até conter as tendências direitistas que o pressionam.

O outro setor, que acha que era um setor popular contra o governo do PT, tende a achar que é normal o ato tomar um caráter golpista e que não há nenhuma manipulação nisso, o que é totalmente errado também. Deve-se observar os atos que se colocam supostamente ao lado dos interesses da população, mas que defendem o golpismo e a derrubada do governo.

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