Em tempos onde qualquer tuiteiro é exaltado como bravo combatente antifascista, vale lembrar de um pessoal que foi antifascista de verdade, de armas na mão contra a ocupação fascista na Segunda Guerra Mundial. O principal grupo da resistência à ocupação na Grécia foi a Frente Nacional de Libertação (cuja sigla em grego era EAM), que tinha no Exército Nacional de Libertação Popular (sigla ELAS) sua expressão armada. Em 10 de março de 1944, meses antes do recuo definitivo das tropas nazistas, o EAM-ELAS decretou um governo provisório com base nas montanhas gregas. Algo natural, tendo em vista que o rei havia fugido do país e a ação dos comunistas foi a principal força de combate em defesa do povo grego.
Apesar de ter durado pouco tempo, o Governo da Montanha na Grécia é uma expressão da importante revolução grega que expulsou o poderoso exército nazista alemão. Traídos pela burocracia stalinista, que entregou o país e seu povo de bandeja para o imperialismo, os revolucionários se recusaram a se desarmar e tiveram que travar uma nova guerra de guerrilha. Depois de expulsar os nazistas alemães, foram castigados pelos nazistas britânicos liderados por Winston Churchill, que ganhou carta branca de Stalin para reprimir os comunistas gregos. Mais uma “proeza” para o currículo do maior assassino de comunistas da história.
Observando o avanço das tropas soviéticas pelo leste europeu, o governo grego “exilado” firmou acordo com os britânicos onde colocava todas as forças da resistência grega sob controle do general britânico Ronald Scobie. Ainda em dezembro de 1944, o exército britânico abriu fogo contra uma manifestação pacífica em apoio aos guerrilheiros gregos. Os manifestantes traziam bandeiras da Grécia, Estados Unidos, Reino Unido e União Soviética em referência ao acordo de guerra desses países. Além de dispararem diretamente, os militares britânicos ainda armaram colaboradores do nazismo para promover um banho de sangue em Atenas.
Apesar da resistência, os revolucionários foram derrotados no começo de 1945 e tiveram suas milícias dissolvidas. No ano seguinte, eleições ao gosto do imperialismo foram celebradas. Com o boicote dos comunistas, os grupos pró-monarquia fizeram maioria e pouco depois colocaram o rei Jorge II de volta para seu trono. O que poderia ser mais simbólico para a farsa da vitória da “democracia” sobre o “autoritarismo”? Ainda em 1946 teve início o último período da guerra civil grega, que durou até 1949. Saiu de cena o imperialismo britânico e assumiu o controle o imperialismo norte-americano, que esmagou em sangue o possível governo popular e comunista na Grécia, Mais de 50 mil guerrilheiros foram mortos para que o povo grego seguisse oprimido pelo capital estrangeiro.