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Dia de Hoje na História

18/7/1918: nasce Nelson Mandela

Mudando-se para Joanesburgo aos 23 anos, 'Madiba' se envolve ativamente na luta política, militando no CNA, partido fundado em 1912

Em 18 de julho de 1918, nascia Nelson Rolihlahla Mandela, uma das figuras mais icônicas da luta contra o apartheid na África do Sul. Mandela, também conhecido como Madiba, dedicou sua vida à resistência contra o sistema opressivo de segregação racial imposto pela minoria branca no país. No entanto, a análise da trajetória de Mandela e do Congresso Nacional Africano (CNA) revela as complexas contradições dentro das lutas de libertação nacional e os desafios enfrentados na transição para uma sociedade pós-apartheid.

Nascido na vila de Mvezo, região do Transkei, mudou-se para Joanesburgo aos 23 anos, onde se envolve ativamente na luta política, militando no CNA, partido fundado em 1912 e cujo objetivo era defender os direitos da maioria negra. Sua formação como advogado e seu trabalho no escritório de advocacia com Oliver Tambo o prepararam para assumir um papel central na resistência ao apartheid, sistema de divisão social baseada em critérios raciais, que beneficiava os brancos, mas implicava em uma opressão bárbara da imensa maioria negra.

Nos anos 1940, Mandela e outros jovens militantes formaram a Liga Jovem do CNA, que buscava uma abordagem mais radical e militante na luta contra o regime racista. Essa nova geração de líderes transformou o CNA de uma organização essencialmente reformista em um movimento de massas disposto a confrontar diretamente o Estado sul-africano.

A década de 1950 foi marcada por intensos protestos e confrontos. No entanto, o massacre de Sharpeville em 1960, onde a polícia sul-africana matou 69 manifestantes pacíficos, evidenciou que o imperialismo britânico não cederia facilmente. Em resposta, Mandela e outros líderes do CNA decidiram adotar a luta armada, fundando a Umkhonto we Sizwe (Lança da Nação) em 1961.

Mandela foi preso em 1962 e, no ano seguinte, julgado e condenado à prisão perpétua no infame Julgamento de Rivonia. Durante os 27 anos que passou na prisão, Mandela tornou-se uma referência global da resistência contra a opressão racial. Sua perseverança e dignidade sob condições extremas inspiraram milhões ao redor do mundo.

A pressão internacional e a resistência interna culminaram na libertação de Mandela em 1990, sob o governo de Frederik Willem de Klerk. Este período marcou o início das negociações para o fim do apartheid e a transição para um governo democrático. Em 1994, Mandela foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul, um marco histórico que simbolizou a esperança de uma nova era de igualdade e justiça.

No entanto, profundas contradições e desafios enfrentados pelo CNA marcaram este processo. A transição negociada entre o regime apartheid e o novo governo de feições democráticas, manteve intactas muitas das estruturas econômicas e sociais que perpetuavam o esmagamento da maioria trabalhadora, e negra. Embora o apartheid legal tenha sido abolido, o apartheid econômico continuou a marginalizar a maioria negra.

Desde sua ascensão ao poder, o CNA enfrentou a difícil tarefa de equilibrar as demandas populares por justiça social com a pressão dos interesses econômicos dominantes. As políticas neoliberais adotadas pelo governo pós-apartheid, sob o pretexto de atrair investimentos e estabilizar a economia, muitas vezes resultaram na perpetuação da pobreza e na crescente desigualdade.

apartheidA luta de libertação nacional, liderada por Mandela e pelo CNA, foi fundamental, mas limitada por não abordar de maneira profunda as raízes econômicas do apartheid. A reconciliação nacional foi alcançada em termos políticos, mas a reconciliação econômica ficou aquém das expectativas. As grandes corporações e a elite branca mantiveram seu domínio sobre os recursos e a economia, enquanto a maioria negra continuou a enfrentar desemprego, pobreza e falta de oportunidades.

Mandela é celebrado globalmente por sua luta contra a opressão e por sua postura de reconciliação, mas é preciso analisar criticamente as limitações e os legados de seu governo e do CNA. A corrupção e a política derrotista, bem como a incapacidade de implementar reformas estruturais profundas, levaram a um desencanto crescente entre a população sul-africana e o partido.

A recente derrota do CNA nas eleições, reflete a insatisfação popular com a incapacidade do partido de resolver os problemas sociais e econômicos persistentes. Pela primeira vez desde o fim do apartheid, o CNA não conseguiu uma maioria absoluta, o que sinaliza um ponto de inflexão na política sul-africana.

Nelson Mandela permanece uma figura icônica na história da luta contra o apartheid, simbolizando coragem, resiliência e esperança. Porém, a luta por uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária vai além das conquistas políticas de Mandela e do CNA. É necessário abordar as estruturas econômicas subjacentes que perpetuam a desigualdade e a exploração.

A herança de Mandela é complexa e multifacetada. Enquanto ele é celebrado por seu papel na derrubada do apartheid, as limitações de seu governo e do CNA destacam a importância de uma análise contínua e crítica das lutas de libertação nacional e dos desafios de construir uma sociedade socialista. A verdadeira emancipação dos povos oprimidos exige não apenas mudanças políticas, mas também uma transformação radical das estruturas econômicas e sociais.

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