Foi muito noticiada pela imprensa burguesa e também pela de esquerda a visita de Maduro ao Brasil. O presidente venezuelano esteve em Brasília para participar de uma reunião com os líderes sul-americanos, organizada pelo presidente Lula. A imprensa burguesa está repleta de matérias atacando tanto a visita de Maduro ao País, quanto as falas que Lula fez defendendo a Venezuela, seu presidente legítimo e denunciando a ação criminosa dos EUA na região.
O evento histórico (já fazia quase dez anos que não vinha o soberano venezuelano para o Brasil) é mais uma demonstração de que o atual presidente Lula leva adiante uma política muito à esquerda e muito mais anti-imperialista do que uma boa parte dos partidos da suposta “extrema”-esquerda. Alguns deles, como o PSTU, já chegou ao ponto de exigir o “Fora Maduro” e o denuncia, em coro com a Folha de S. Paulo e os outros jornais da burguesia, por ser um “ditador”.
É óbvio que atacar Nicolás Maduro da forma como faz a imprensa burguesa é uma demonstração de submissão total ao imperialismo norte-americano, e a maior prova disso é a colocação feita pelo deputado de Minas Gerais, Nikolas Ferreira. O direitista foi ao Twitter e publicou em inglês uma mensagem exigindo que os norte-americanos “fizessem a justiça” contra Maduro, que se encontra no Brasil:
Em tradução livre: “A convite do Presidente Lula, o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, fez uma visita oficial ao Brasil hoje. Amanhã, Maduro irá participar de uma reunião com líderes sul-americanos. Nós instamos aos EUA para coordenar e garantir que a justiça seja feita”. Ele segue marcando as redes sociais oficiais do Departamento de Estado norte-americano, da Casa Branca e do DEA – uma polícia especializada na “guerra às drogas”.
A provocação feita pelo deputado é uma demonstração da verdadeira política daqueles que atacam a Venezuela e seu povo. Trata-se de uma criminosa política que busca submeter a América Latina aos interesses do imperialismo norte-americano. Ferreira e outros direitistas que procuram se apresentar como “patriotas” ou nacionalistas são verdadeiros agentes e capachos dos Estados Unidos.
Era de se esperar, pelo histórico que a esquerda tem com Nikolas Ferreira, que uma grande campanha fosse feita para denunciar o entreguismo e a ofensa à soberania nacional do deputado. No entanto, os “grandes” nomes da esquerda pequeno-burguesa nada falam. Alguns deles, inclusive, chegam ao ponto de atacar Nicolás Maduro em coro com o bolsonarista. É o caso, por exemplo, de Jones Manoel, que disse que “Defender Maduro” está “longe” de suas prioridades.
Isso contrasta, e muito, com o estardalhaço feito pela mesma esquerda quando Nikolas Ferreira fez uma fala no Dia da Mulher criticando o movimento de defesa dos transexuais por estar “roubando o lugar das mulheres”. Naquele momento, como o ataque não era contra a soberania de duas nações latino-americanas, mas era uma simples provocação infantil, vieram a campo para criticar vigorosamente o deputado, pedindo sua cassação e até prisão por um mero discurso feito no Congresso.
Ali, defenderam a censura e procuraram criminalizar a opinião de um parlamentar, cuja função seria, supostamente, a de dar a sua opinião a respeito dos rumos políticos do País. Quando Nikolas chama o “papai imperialismo” para prender um presidente de um país irmão latino-americano em pleno território brasileiro, não se comovem.
Isso demonstra que as “lutas” encampadas por esse setor da esquerda nacional são aquelas que o imperialismo impulsiona e ordena que eles travem. Numa clara situação de necessidade de defesa de um governante de esquerda, que sofre com uma gigantesca opressão dos EUA em forma de sanções, uma boa parte deles se coloca ao lado do imperialismo, atacando – ao lado de Nikolas Ferreira, Rede Globo e Folha de S. Paulo – o presidente Maduro. Como era de se esperar, os mesmos que defendem que é natural receber dinheiro da Fundação Ford atacam os governos oprimidos pelo imperialismo.
Enquanto isso, Lula, que, segundo essa mesma “extrema”-esquerda seria um aliado da direita e do imperialismo; recebe Maduro no Brasil e desmente a campanha sórdida feita contra seu governo, denunciando os crimes do imperialismo e mostrando que está muito à esquerda dos ongueiros que procuram se vender como radicais, mas que estão no bolso da CIA.
