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Perspectivas para 2024

Qual o grande desafio da esquerda para o ano que vem?

Mobilização para alterar a correlação de forças deve ser prioridade a luta contra a direita

Durante sua participação no programa Análise da 3ª, transmitida pela Rádio Causa Operária no dia 18 de dezembro, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, ao ser questionado sobre qual seria o maior desafio da esquerda para o ano de 2024, afirmou:

“Eu acho que são dois, que são aspectos do mesmo problema: mudar a correlação de forças e colocar o povo na rua.”

A resposta de Pimenta é a conclusão inevitável diante da situação política em que o Brasil se encontra. Durante todo o ano de 2024, especialmente em seu segundo semestre, o governo Lula, eleito em meio a um importante processo popular, que derrotou parcialmente o golpe de Estado de 2016, se mostrou incapaz de levar adiante uma política que satisfizesse os principais problemas da população.

O governo conseguiu aumentar o salário mínimo em apenas R$80, alcançando o valor de R$1.320, o que é insuficiente para que uma pessoa tenha uma vida digna – o que dirá sustentar uma família de três, quatro ou cinco pessoas. Bastante prejudicado, entre outros motivos, pela alta taxa de juros, o governo também não conseguiu estimular um desenvolvimento econômico expressivo, mantendo o número de pessoas sem emprego formal na casa das dezenas de milhão, ao mesmo tempo em que enfrenta uma onda de falências de empresas de todos os portes.

As dificuldades do governo em satisfazer as necessidades dos trabalhadores não vêm de uma orientação do próprio Lula, mas é o resultado da enorme pressão sob a qual o governo está colocado. Desde o início do governo, o Banco Central “independente” – isto é, o Banco Central cujo presidente foi indicado por Jair Bolsonaro (PL) – segue sabotando abertamente a economia do País, sendo um dos responsáveis pela estagnação econômica. O Congresso Nacional, por sua vez, onde o governo só consegue contar efetivamente com o apoio de menos de 20% da Casa, vem se tornando cada vez mais agressivo, uma vez que o governo vem dando várias demonstrações de fraqueza. Lula está tendo dificuldade até mesmo para aprovar o orçamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sem o qual o País será condenado a um cenário de praticamente nenhuma iniciativa para o desenvolvimento nacional.

Às dificuldades econômicas, soma-se o cerco político ao governo. Recentemente, Lula foi coagido a indicar dois inimigos políticos para o Supremo Tribunal Federal (STF) e para a Procuradoria-geral da República (PGR). O primeiro deles, Flávio Dino, ainda que tenha certo trânsito na esquerda, não foi uma escolha pessoal de Lula, mas sim uma imposição de Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, que agiram para evitar que Lula indicasse alguém de sua confiança, como Jorge Messias, da Advocacia-geral da União. O segundo, contudo, é um inimigo declarado: Paulo Gonet não apenas defendeu os crimes da ditadura militar no passado, como, em seu primeiro ato como procurador-geral, nomeou para o seu gabinete pessoas diretamente envolvidas na Operação Lava Jato.

O abismo entre o que pretende Lula e o que quer o imperialismo é muito grande. A situação brasileira, portanto, apresenta um impasse: ou o governo toma uma iniciativa que lhe permita atuar de maneira mais independente da direita, rompendo com a política do “toma lá, dá cá” – que, hoje, melhor seria chamada somente de “toma lá” -; ou os capitalistas, que a cada semana abocanham uma parte a mais do governo, irão criar as condições para se livrar deste. Afinal, quanto mais tempo o governo demora a satisfazer as necessidades do povo, mais cresce a insatisfação e, assim, mais fácil será para a direita derrubá-lo.

A alternativa ao fracasso do governo e a uma ofensiva dos capitalistas para estabelecer no Brasil um governo semelhante ao que será o governo de Javier Milei, na Argentina, é o enfrentamento. Isso, no entanto, não depende exclusivamente de Lula, não é algo que possa ser resolvido com uma “canetada”. E é por isso que o desafio está nas mãos de toda a esquerda: é preciso mudar a correlação de forças.

Para que o governo tenha condições, por exemplo, de explorar todo o petróleo nacional e disponibilizar a receita advinda dessa exploração para os interesses do povo, é preciso que os trabalhadores estejam na rua. É preciso que a direita se sinta ameaçada. A correlação de forças – ou seja, a capacidade de a esquerda impor os seus interesses sobre os da burguesia – só irá mudar se houver essa mobilização. E a mobilização, por sua vez, tende a crescer quando a correlação de forças se mostra favorável.

O modelo que mostra o efeito causado pela mobilização sobre o regime político é o da Venezuela – o único país sul-americano que não foi tomado pela onda golpista pós-crise econômica de 2008. Sobre isso, disse Pimenta, na mesma edição de Análise da 3ª:

“Na Venezuela, houve um movimento revolucionário da população. Chavez, bem mais parecido com Lula. A mesma coisa aconteceu na Bolívia e, em uma certa medida, aconteceu no Equador. Na Bolívia, na Venezuela, no Equador e na Argentina, o nacionalismo subiu como parte de uma mobilização revolucionária. De diferentes graus, de diferentes proporções, de diferentes consequências. A mais radical de todas foi na Venezuela, porque as Forças Armadas tentaram dar um golpe de Estado, e esse golpe de Estado teve uma reação popular muito forte, que quebrou a espinha dorsal do Exército pró-imperialista venezuelano.”

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