Na última quinta-feira, o bolsonarista Diego Dias Ventura foi preso pela Polícia Federal, depois de uma determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. A justificativa para sua prisão preventiva foi a operação Lesa Pátria, que investiga os manifestantes do ato do dia 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes.
Essa não é a primeira vez que o ativista de Campo dos Goytacazes, no Rio de Janeiro é detido por suas atividades políticas contra o STF: na véspera do Natal em 2022 ele foi preso pela Polícia Militar com sete outros manifestantes supostamente bolsonaristas quando estavam a caminho do Supremo. Segundo a polícia, a prisão ocorreu porque eles portavam armas brancas como facas e estilingues. Ele é membro da Associação Brasileira de Patriotas e também foi acusado de participar, organizar e incentivar “manifestações antidemocráticas” no Quartel-General do Exército em Brasília.
Nesse caso, é preciso agradecer à grande instituição de segurança, Polícia Militar, por nos livrar desses perigosíssimos portadores de estilingues, que estavam prontos a atacar vidraças e pardais indefesos pelas ruas de Brasília.
Esse é mais um dos recorrentes casos de perseguição aos bolsonaristas que um setor da esquerda tem comemorado, sem perceber que essa repressão sempre acaba se voltando contra os trabalhadores. O STF está cada vez mais empenhado na sua “caça às bruxas”, exercendo uma perseguição criminosa contra qualquer pessoa que questione sua ditadura.
Aqui, o dispositivo da prisão preventiva se apresenta como uma forma que os juízes arranjaram de jogar pessoas inocentes na cadeia pelo tempo que eles acharem necessário. Afinal, a prisão preventiva possibilita que as pessoas não tenham que passar por um processo de julgamento para serem encarceradas. A prisão preventiva deveria ser apenas utilizada contra pessoas que, soltas, representariam algum tipo de perigo para a sociedade. Não é o caso, evidentemente, de ativistas políticos, ainda que estes sejam ativistas bolsonaristas.
A perseguição contra os manifestantes do 8 de janeiro tem esse viés: prender os “peixes pequenos” e deixar soltos os generais e militares que realmente comandam todo esse movimento. No caso aqui, os portadores de estilingues estão atrás das grades enquanto os verdadeiros fomentadores da ação bolsonarista segue caminhando livre. Por isso é que não é possível contar com o STF e com as polícias para fazer o enfrentamento contra os bolsonaristas, é preciso vencê-los na luta política.
No que diz respeito à sequência de ações antidemocráticas do STF, essa é apenas mais uma delas. Anteriormente, já vimos a cassação das contas das redes sociais de diversas pessoas (PCO, Monark, Allan dos Santos, etc.), a perseguição a empresários por afirmações feitas em grupos de whatsapp e agora revistam a casa de um cidadão porque ele xingou Alexandre de Moraes no aeroporto.
Quando a esquerda que se diz revolucionária não se posiciona contra esse tipo de censura, ela legitima o poder do Estado burguês de decidir o que pode ou não ser pensado e dito pela população, o que historicamente podemos perceber que sempre se vira contra o movimento operário.