Ao fim do primeiro mês do governo Lula, várias ilusões espalhadas aos quatro cantos durante a campanha eleitoral foram desfeitas, principalmente aquelas que tratavam o governo Lula de 2023 como uma continuação do governo Lula de 2003 — isto é, de seu primeiro mandato.
Em seus dois primeiros governos, Lula governou de maneira “bem comportada”, muito diferente da atual. Uma parcela da esquerda achava que ele faria um governo de conciliação com Deus e com o mundo. No entanto, duas coisas desarmaram totalmente este tipo de política: a primeira é que o próprio Lula está em uma posição de conflito com os capitalistas, pois está mostrando uma série de coisas que não vai abaixar a cabeça para o “mercado”, e a segunda é a oposição, que se encontra bem mais organizada e mostrou que não está disposta a aceitar que Lula governe tranquilamente.
Os episódios de 8 de janeiro mostraram que o governo Lula será um governo de conflito. Ou seja, ele está sendo obrigado a levar adiante um governo de luta contra a burguesia.
A ilusão de que seria fácil governar também deve cair por terra, visto que Lula ganhou por uma margem muito estreita – mesmo com toda burguesia despejando dinheiro na campanha do Bolsonaro, com o pacote de compra de votos – e essa vitória foi fruto do apoio da classe trabalhadora; agora, Lula tem de bater de frente com os patrões.
Uma característica fundamental da situação atual é o cerco que a burguesia faz contra o governo Lula, parecido com o cerco feito a governos de frentes populares como o de Allende, no Chile. O cerco ao governo é cada vez mais estreito; para evitar a aprovação de medidas simples, como um Bolsa Família para atender às necessidades mais básicas da população, a burguesia faz a maior campanha possível contra.