Por volta das 23h30 do dia vinte e três de abril, uma picape vermelha invadiu a retomada Nova Iwu Vera em Dourados, no Mato Grosso do Sul, em alta velocidade e foi em direção aos barracos dos indígenas que estavam no local. Os indígenas relataram que ficaram assustados com o veículo que tinha duas pessoas na caçamba.
Os indígenas que estavam acordados para fazer a segurança viram e começaram a fazer barulho e alertar as famílias de um possível ataque de pistoleiros, o que é muito comum na área.
Os índios Guarani-Caiouá e Terena que estão na retomada Nova Iwu Vera passaram o dia em protesto contra as prisões ilegais dos 9 indígenas que estão presos na Penitenciária Estadual de Dourados após uma abordagem da polícia militar com provas forjadas, sem flagrante ou testemunhas. O ao final da manifestação pacífica, a Tropa de Choque da Polícia Militar chegou com extrema violência, balas de borracha e gás lacrimogênio, e ainda tentaram invadir a retomada e instalou-se um clima de terror entre as famílias.
E na noite do mesmo dia, pistoleiros aproveitaram a ação da PM e tentaram entrar na retomada para assustar ainda mais as famílias indígenas e outras medidas violentas. A picape entrou em alta velocidade e chegou a passar por cima de uma bicicleta. Há muitas crianças e idosos na retomada que poderiam ser atropelados, mas devido ao horário não ocorreu nada.
A violência diária contra os índios em Dourados
A ação dos pistoleiros após uma ação da polícia militar já é uma rotina dentro das retomadas. Após a prisão dos 9 índios Guarani-Caiouá e Terena no último dia oito de abril na retomada Nova Iwu Vera, os pistoleiros que estão instalados em uma base dentro da retomada vizinha chamada de Araticuty foram em direção aos barracos durante a madrugada e atearam fogo para aproveitar os ataques da PM contra as retomadas.
Os indígenas se mobilizaram e evitaram novos ataques dos pistoleiros que não conseguiram atear fogo em mais barracos e se retiraram para a base. Essa situação dos pistoleiros instalados dentro de uma área de retomada pode a qualquer momento se transformar em uma tragédia com ações violentas da pistolagem e assassinatos de índios por esses capangas do latifúndio.
Diante dessa situação é preciso discutir a formação de comitês de autodefesa dos indígenas para evitar novas mortes e violência da pistolagem e da polícia, e exigir a retirada imediata da base de pistoleiros que se encontram neste momento dentro da retomada do Araticuty em Dourados.