Em seu perfil oficial no Instagram, o MST denunciou que jagunços atiraram contra um acampamento da organização em Itabela, na Bahia. Era madrugada do sia 31 de maio, dias após famílias do acampamento com o apoio da população local reivindicar a suspensão da liminar de despejo. A publicação é encerrada com a mensagem “Queremos paz no campo e segurança para viver e produzir“.
O que fica claro com esta postagem do MST é que longe de conseguir o que almejam, o MST assim como todas as organizações populares de luta pela terra e por moradia precisam primeiro enfrentar uma verdadeira guerra que se trava na disputa pela terra: a guerra contra a reforma agrária.
No acampamento Osmar Azevedo do MST centenas de famílias ocupam terras e disto tiram seu sustento. Aguardam então todo um processo burocrático para que essa conquista possa ser legalizada e assim possam ter “paz no campo e segurança para viver a produzir“. São centenas de mulheres, idosos, crianças ameaçados por cada ataque, por cada decisão judicial de despejo, por cada ameaça.
Por outro lado, os donos da terra como os demais latifundiários, são amplamente protegidos pelo direito à propriedade privada, possuem tempo e todos os recursos necessários para empurrarem processos burocráticos e ainda dispõe de jagunços, pistoleiros e em especial a polícia militar. Esta última atua ora compondo as milícias dos grandes proprietários, ora agindo formalmente, “dentro da lei”.
São as mesmas milícias de fazendeiros e latifundiários que atacam não apenas acampamentos do MST mas também grupos indígenas, retomadas indígenas nessa região. E isso não é de hoje, e nem exclusivo dessa região do sul da Bahia – o aparato repressor é sabidamente a segurança do sistema burguês.
José Rainha em uma declaração em agradecimento pela campanha feita por sua liberdade – apoiada por este Diário –, esclarece: “Não tem jeito de fazer a reforma agrária se não fizer a luta de classes, não tem jeito de fazer a reforma agrária se não fizer a revolução nesse País. E não tem jeito de fazer a revolução e fazer socialismo se você não pagar com a liberdade ou com a morte. Assim foi com os milhares e milhares de lutadores do povo.“
Diante das ameaças, dos ataques, da justiça e do sistema estatal de repressão em geral, tanto os trabalhadores rurais como os povos indígenas precisam organizar seus próprios comitês de autodefesa para lidarem contra ameaças, mortes, contra despejos, etc.
Aprovados durante a III Conferência Nacional dos Comitês de Luta, a organização da luta pela terra para quem nela trabalha deve agora impulsionar a criação de comitês de autodefesa, dedicados a promover a segurança dos movimentos de enfrentamento com o latifúndio. Tais organizações são necessárias para a crescente radicalização da luta de classes diante da transparência, da consciência da nossa própria classe e dos interesses do povo, mas também pelos ataques cada vez mais brutais da burguesia.