Os trabalhadores da empresa Avibrás, maior empresa de tecnologia de defesa militar brasileira, fabricante de mísseis, lançadores de foguete, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e Veículos Aéreos estão em greve há um ano.
A luta dos trabalhadores iniciou quando a empresa entrou em recuperação judicial e ameaçou a demissão de mais de um terço do seu efetivo.
Após a reversão das demissões, no entanto, a situação do quadro de trabalho da empresa continuou bastante difícil, com salários que chegaram a atrasar durante seis meses.
Com o pedido de recuperação judicial veio a possibilidade de venda da empresa para o capital estrangeiro, para países como a Alemanha e os Emirados Árabes, então somou-se à campanha sindical a exigência de estatização da empresa, fundamental para o sistema de defesa brasileira e, portanto, para a soberania do país.
Segundo o presidente do sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Weller Gonçalves, a situação da empresa, que hoje declara ter 600 milhões de reais em dívidas, já poderia ter sido resolvida se o exército brasileiro comprasse equipamentos de defesa da empresa brasileira ao invés de empresas estrangeiras e declarou ainda que não existe razão em termos de qualidade para preferir as de fora do país e destacou que durante o governo Bolsonaro a empresa foi preterida para favorecer uma empresa italiana em uma compra de 5 bilhões de reais.
“Mas o que a gente debate também é que isso é fruto de um desequilíbrio do próprio sistema capitalista, porque 80% do que ela produz vai para o Oriente Médio; o que o Exército Brasileiro compra é bem pouco. Aí, a maioria do que o Exército tem, ele compra de fora – o que não faz sentido, visto que tem uma empresa que produz aqui. Outro tema que a gente explora é que, no final do ano passado, ainda no governo Bolsonaro, que o Exército comprou 98 veículos blindados de uma empresa do Consórcio italiano. Isso custou cerca de 5 bilhões de reais; mas a Avibrás produz veículos blindados. E esse valor garante a operação do consórcio italiano por 7 anos. O que é um absurdo, por que não comprar da empresa brasileira?” disse o dirigente em entrevista a este Diário em abril de 2023.
Para marcar o aniversário de um ano da paralisação grevista, os trabalhadores se reuniram com o sindicato na frente da fábrica em São José dos Campos e prometeram continuar a greve.
No entanto, não basta continuar, é preciso avançar, avançar para a ocupação da fábrica.
É preciso ocupar a fábrica até que ela seja estatizada e chamar a atenção da população para o ponto crucial que é a tecnologia de defesa militar estar nas mãos do Estado brasileiro e não de particulares e muito menos de empresas estrangeiras.
É preciso também enfatizar para a população a hipocrisia de Bolsonaro, que faz propaganda se denominando um patriota, mas preteriu uma empresa fundamental à soberania brasileira, em um momento em que poderia ter salvo essa empresa da falência, para favorecer uma empresa imperialista.