O desmantelamento dos bancos oficiais do governo durante a presidência de Jair Bolsonaro, que colocou Fausto Ribeiro a frente do Banco do Brasil, se tratou de uma das políticas mais espoliadoras contra o funcionalismo destas empresas em toda a sua história.
Sem reajuste salarial por todo esse período, os bancários do BB e da Caixa Econômica Federal estão obrigados a complementar seus salários com bicos e outros expedientes, ou seja, se submeterem a situações vexatórias nas mãos dos agiotas – geralmente o próprio empregador – para conseguir sobreviver.
Depois de promover exaustivamente a famigerada “reestruturação de quadros” e diante da nova realidade da “modernização” do trabalho, que atacou violentamente os trabalhadores, ao mesmo tempo em que realizaram a maior orgia com o dinheiro público – às joias adquiridas pela família de Bolsonaro se comparada a essa política se transformaria um convento de freiras – mostrou definitivamente ao que veio Bolsonaro. Apenas através da transferência de recursos da União, os bancos receberam R$ 1,2 trilhão do programa criado para “combater” os efeitos da epidemia do Coronavírus, como forma de favorecer aqueles que ajudaram a financiar a sua campanha à presidência em 2018. Essa soma vultosa é o equivalente à metade do orçamento federal do ano de 2021.
O maior obstáculo que a categoria encontrou para reagir diante dessa situação foi a política das suas direções sindicais. Diante do arrocho salarial a que estão submetidos os bancários do BB e da CEF, os representantes da categoria “aceitaram” a argumentação das direções dos bancos quanto à “situação adversa da economia”. Naquele período, ambas empresas realizaram abertura de Programa de Demissão Voluntária, que jogou milhares de bancários no olho da rua.
Como reação às demissões, houve uma mobilização espontânea dos trabalhadores, onde se expressou, em atos e assembleias, solidariedade aos demitidos por todo o País. Diante desse quadro, os sindicatos, através de seu Comando, não procurou organizar minimamente a categoria para reagir às demissões e ao arrocho salarial.
Em oposição à política de colaboração com os patrões e o governo, que é a causa principal das seguidas derrotas da categoria, é fundamental a organização dos trabalhadores nos locais de trabalho, sob a base de uma discussão que parta das necessidades vitais da categoria, tais como: reajuste dos salários que reponha as perdas históricas, o cancelamento das demissões inclusive pelo PDV e a estabilidade no emprego.
Este programa deve ser o ponto de partida para uma campanha por um congresso nacional da categoria, com delegados eleitos por local de trabalho para unificar, organizar e implementar uma poderosa luta em todo País.
Estas reivindicações mínimas da categoria devem estar vinculadas a uma plataforma geral de luta dos trabalhadores de todo país para promover uma ação de conjunto contra a direita golpista e os patrões, os quais ainda insistem em ditar as regras mesmo no atual governo mantendo a taxa de juros do país na estratosfera para transferir recursos do Estado para meio dúzia de banqueiros nacionais e estrangeiros, uma política que resultou da “independência” do Banco Central.