Conheci o Diego Sanchez em convenções de quadrinhos e tatuagens. De suas HQs, eu li primeiramente “Perpetuum mobile”, 2015, depois li “Hermínia”, ainda 2015, as duas da editora Mino; ambas são novelas gráficas tematizando as aventuras de Arcádio, personagem cujo perfil lembra bastante do próprio Diego. As histórias do Arcádio são permeadas de reflexões metafísicas, seu mundo parece regido por engrenagens cósmicas; a seu modo – mais explicitamente em “Perpetuum mobile”, menos em “Hermínia” –, Diego assume, entre outras visões de mundo, a visão mística do cosmos, expressa em símbolos, muitas vezes religiosos, em meio aos quais agem suas personagens.
Entretanto, quando me deparei com “Quadrinhos insones”, 2016, também da editora Mino, encontrei um trabalho diferente. A publicação não é outra novela gráfica, mas uma coletânea de HQs breves; além disso, o Arcádio não aparece entre as personagens e a temática mística está praticamente ausente.
Se novelas gráficas podem ser comparadas a romances ou a epopeias, as narrativas breves de “Quadrinhos insones” são comparáveis a contos ou poemas; entre os demais temas tratados pelo Diego, nesse trabalho há preocupações sociais, crises pessoais, expressões líricas… entre eles, vou abordar dois: (1) o erotismo sadomasoquista; (2) a depressão e a tristeza.
Em regra, quando o erotismo sadomasoquista se manifesta na história em quadrinhos, ele se apresenta contundentemente, basta consultar os clássicos do gênero, tais quais Georges Pichard, Guido Crepax ou Franco Saudelli, para confirmar isso; entretanto, as personagens masculinas de Diego, contrariamente, mesmo diante da possibilidade de relações sexuais assim, mantêm a delicadeza. Quanto às disforias da arte contemporânea, Diego vai além da glorificação da infelicidade ou da depressão; em suas tramas, não fica claro se as personagens deprimidas se suicidam ou não, o importante é a transformação da morte e da tristeza em notas musicais ou outras formas de beleza.
Por fim, seguem algumas histórias do Diego Sanches, extraídas de “Quadrinhos insones”.


