Há um ditado popular argentino que afirma: “estávamos melhor quando estávamos pior”. Com efeito, como entender que os bancários, que protagonizaram grandes mobilizações nacionais e chegaram a arrancar conquistas salariais, direito de organização; que construíram sindicatos reconhecidos, com recursos materiais e humanos extraordinários antes jamais sonhados, dirigentes liberados; verifica-se hoje um claro retrocesso nas suas organizações (ausência total de mobilizações, categoria pulverizada, reuniões esvaziadas e seções sindicais desmanteladas) como ainda nas suas lutas a ponto de que reivindicações, mesmo as mais elementares, não só não serem atendidas, como as que pareciam consolidadas comecem a ser frontalmente atacadas?
Neste ano, a categoria bancária não teve campanha salarial por conta do famigerado acordo bianual e, com isso, a burocracia sindical canta “vitória” ao defender um “aumento real” de míseros 0,5%. Os bancários foram convidados a apostar nessa manobra (inclusive apoiada unanimemente pelos banqueiros) de acordo salarial de dois anos pelas suas direções que jogou na lata do lixo as reivindicações dos trabalhadores bancários aprovadas em Congressos da categoria e passaram a defender a pauta dos banqueiros em 2022 de 8%, quando a inflação do período era de 8,83%, ou seja, já de saída os bancários saíram perdendo e os 0,5% deste ano não repõe nem a inflação do ano passado.
Ao contrário da realidade, as direções sindicais defendem como “vitórias”, “conquistas” e “avanços” os minúsculos reajustes estabelecidos nas campanhas bianuais, nas quais os sindicalistas abandonaram a luta pela reposição integral das perdas e por aumento real dos salários e, mesmo com uma pauta de reivindicação já rebaixada, mantiveram o arrocho salarial para toda a categoria, (a inflação somente nos gêneros alimentícios, que mais pesa no bolso do trabalhador, passou dos 14% em 2022).
Os trabalhadores bancários precisam urgentemente superar essa política que está impedindo o desenvolvimento das lutas dos trabalhadores. Aglutinar nos sindicatos ativistas combativos que estejam com disposição de lutar pela principal arma dos trabalhadores, a sua organização a partir da base, aprofundando discussões políticas em cada local de trabalho e na formação de verdadeiros Comitês de Luta que tenham uma direção firme, coesa e unida para lutar.