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Não foi Netanyahu

O verdadeiro motivo do crescimento do Hamas na Palestina

O Movimento de Resistência Islâmica, Hamas, fundado em 1987 ultrapassou a OLP nas últimas três décadas como principal organização de luta do povo palestino

A campanha contra o Movimento de Resistência Islâmica, conhecido por sua sigla em árabe, Hamas, é uma das maiores da história na imprensa burguesa brasileira e imperialista. Uma das teses é que o Hamas impõe uma ditadura na Faixa de Gaza, essa é facilmente provada como uma farsa, pois não há nenhuma evidência de repressão, essa é perpetrada apenas pelos sionistas. Outra versão é de que os israelenses, ou seja, o imperialismo, foi que criou e fortaleceu o Hamas em oposição à esquerda laica. Esta também é uma campanha de calúnias que precisa ser desmascarada.

Primeiro é preciso entender um pouco da história das outras organizações de luta dos palestinos. A principal delas, a Organização pela Libertação da Palestina, OLP, fundada em 1964, foi a mais importante por décadas. É ela quem dirige a Autoridade Palestina hoje, o governo farsa que existe na Cisjordânia. O mais importante dirigente da OLP foi Yasser Arafat, histórico líder da luta dos palestinos. A organização não seguia a linha muçulmana, estava muito ligada à esquerda, com inspiração na Revolução Cubana. Aqui não vale a pena traçar toda sua história, o que importa é que ela era a mais importante organização da Palestina até o ano de 1993.

O Hamas, por sua vez, surgiu durante a primeira Intifada, a grande revolta palestina que começou em 1987. Na década de 1980 o imperialismo financiava organizações muçulmanas para levar adiante seus interesses, foi o caso dos Mujahidin do Afeganistão. Mas também havia diversas organizações muçulmanas que lutavam contra os EUA, as duas principais eram o próprio governo do Irã, surgido de uma revolução operária contra a dominação dos EUA. É também o caso do Hesbolá, partido nacionalista libanês que lutava contra a ocupação israelense do sul do país.

É por causa dessa conjuntura que acusam o Hamas de ter sido criado pelo imperialismo. Os EUA de fato possuíam um programa para fortalecer organizações muçulmanas; contudo, esse programa não evitava a luta anti-imperialista. No Afeganistão se formou o Talibã que posteriormente entrou em guerra com os EUA. Bin Laden também se voltou contra os EUA. O próprio Sadam Hussein virou inimigo nº1 dos EUA. O Hamas, no entanto, desde sua fundação se mostrou muito mais do estilo Hesbolá do que dos mujahidin do Afeganistão, e atualmente ele certamente ocupa o mesmo papel que seus irmãos ao norte. 

A imprensa israelense, que está em campanha aberta contra Netanyahu, divulga a ideia de que ele sempre teve interesse em manter o Hamas fortalecido e isso seria uma prova de que o Hamas não leva adiante a luta do povo palestino. Independente desta ser a política de Netanyahu ou não, é preciso ver o que de fato o imperialismo pensa sobre o Hamas. O ministro da defesa de Israel em 2021, chamado para compor o atual gabinete de guerra, afirmou: “Se a Autoridade Palestina estiver mais forte, o Hamas estará mais fraco. Quando a Autoridade Palestina tiver mais capacidade de impor a ordem, haverá mais segurança, e nossa mão será menos forçada”. Isso significa que aquele diretamente encarregado da repressão dos palestinos considera a atual OLP como seu aliado em oposição ao Hamas. Aqui finalmente se chega ao motivo do Hamas ter crescido na Palestina.

Por que então o Hamas ultrapassou a OLP como principal organização de luta do povo palestino? O motivo são os Acordos de Oslo em 1993. Esses acordos foram uma derrota gigantesca do povo palestino, foram eles que estabeleceram as atuais fronteiras falsas que existem, o falso Estado da Palestina e a própria Autoridade Palestina que é dirigida pela OLP. No papel, o Estado de Israel e o Estado da Palestina teriam o território de antes de 1967. Na prática, se criou um governo fantoche na Palestina e Israel controla ambos os territórios.

O Estado da Palestina no acordo seria a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. O que existe nesses territórios é uma ocupação militar brutal. São centenas de milhares de israelenses ocupando essas terras sendo protegidos pelos soldados do Estado de Israel. Os palestinos não têm direito a ter um exército, são julgados pelo judiciário militar israelense e encarcerados em presídios israelenses. Estima-se que 40% da população de homens da Cisjordânia passará por um presídio israelense. É impossível chamar isso de Estado da Palestina. Os Acordos de Olso criaram essa farsa, a OLP os assinou, o Hamas foi contra desde o princípio. Esse é o motivo porque o Hamas se tornou a principal organização dos palestinos e em 2006 venceu as eleições nacionais. 

Enquanto a OLP capitulou e se tornou fantoche de Israel em um falso governo, o Hamas continuou lutando pela libertação nacional nos últimos 30 anos. Tanto que todos os últimos grandes confrontos armados se deram contra o braço armado do Hamas, as Brigadas Al-Qassam. Esse é o motivo do Hamas ser forte. Não há nenhum apoio, nenhum financiamento do imperialismo. Pelo contrário, o Hamas é popular pois é a mais importante organização palestina a bater de frente contra o imperialismo. Prova disso é que foram eles que organizaram a Operação Dilúvio de Al-Aqsa que impôs uma enorme derrota política a Israel. 

Esse é o motivo pelo qual o Hamas é caluniado pelo imperialismo. Esse é o motivo por que a classe operária internacional deve defender o Hamas. Assim como deve defender o Hesbolá no Líbano, o Talibã no Afeganistão, os Hutis no Iêmen e quaisquer outras organizações que lutam, de armas na mão, pela derrota do imperialismo. 

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