Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Um pretexto

O que significa a votação no STF sobre a liberação das drogas?

Nunca se deve esperar nada de bom do STF

Nesta quarta-feira, dia 2 de agosto, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, votou pela descriminalização da maconha. A discussão é parte do Recurso Extraordinário (RE) 635.659, que tramita no STF há oito anos.

Lei Sisnad

Em 23 de agosto de 2006, foi promulgada pelo então presidente Lula a Lei N° 11.343, essa determinava a nova política nacional sobre drogas. Essa legislação era marcante em algo que nunca foi o forte dos governos do PT, a questão dos direitos democráticos.

Em seu artigo 28, parágrafo 2°, a referida lei preceitua o seguinte:

“para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente”.

Essa legislação acabou por legalizar parte da prática de opressão do Estado contra a classe trabalhadora, principalmente os negros. Os resultados foram que em algumas comarcas mais de 50% dos processos e 28% da população carcerária detida em prisões estaduais são por tráfico.

Esse não é o único ponto subjetivo dessa legislação que termina por ser usado contra a classe trabalhadora. Um exemplo artigo 33, parágrafo 4°:

“Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa”.

O caráter de classe do judiciário leva sempre a determinação de regime fechado para os trabalhadores. Ocasionando um crescimento descontrolado da população carcerária, que chegou a triplicar nos últimos anos.

Nessa população ainda existe a situação absurda de indivíduos detidos apenas com acusação, sem condenação qualquer. 

RE 635.659

O RE 635.659, teve sua origem em 2011, após setores da Defensoria Pública de São Paulo e diversas outras entidades constatarem a inviabilidade da Sisnad e passaram a questionar sua constitucionalidade. O pedido foi reconhecido pelo relator Gilmar Mendes e pelo pleito, com a abstenção dos ministros Cezar Peluso, Joaquim Barbosa e Cármen Lúcia.

O impacto da Sisnad no funcionamento do judiciário, levou a um debate no meio jurídico acerca da mesma. Desde então o procedimento vem se arrastando, tendo nesse momento 4 votos favoráveis dos 11 ministros.

Qual a política revolucionária para as drogas?

A discussão realizada no RE 635.659, é limitada e superficial. Está colocada mais para atender uma necessidade do Estado, do que para garantir os direitos democráticos individuais.

Quanto ao tráfego, em geral é um negócio capitalista de considerável porte, uma posição progressista seria legalizar e controlar a produção, diminuindo assim os riscos e lucro.

Quanto aos consumidores, uma política realmente progressista deveria ser totalmente a favor da descriminalização de todas as drogas. Não havendo uma imposição estatal de qualquer moral sobre o cidadão.

A questão das drogas quando muito deveria ser considerada como uma questão de saúde a qual o Estado deve fornecer suporte. Considerando sempre a vontade do cidadão, sendo o uso de qualquer droga um direito deste.

Uma política revolucionária sobre o sobre drogas, não apenas iria descriminalizar seu uso como buscar meios de reduzir sua necessidade, desestimulando o uso. O próprio Trotsky defendia a utilização do cinema como meio de lazer, educação e combate ao alcoolismo.

Naquele momento o alcoolismo era um sério problema social para a classe operária. está ainda acabava de ter suas principais conquistas, como governo próprio e jornada de 8 horas. Além de estarem em meio a guerra contra o imperialismo, que levou aos Bolcheviques a manterem a proibição a vodka.

Xandão, progressista ou apenas tentando se livrar da fuligem?

Se o RE 635.659 é limitado, o que podemos falar do voto de Moraes? Em seu voto, Moraes limitou a descriminalização a apenas uma droga, a maconha. Não há qualquer justificativa plausível, qualquer fundamento para essa limitação.

E falamos aqui do mesmo Moraes que em 2016, no governo golpista de Temer, posava cortando pés de maconha com facão. O único lastro visível do seu voto é a motivação política.

Moraes não é progressista, nunca o foi, está apenas tentando uma reciclagem após uma série de ações no mínimo questionáveis. Ele está tentando se limpar da fuligem da qual está impregnado, e no processo angariar apoio político da pequena-burguesia para suas futuras ações persecutórias.

Uma desculpa para usurpar competência

Há muito vivemos num regime em que o judiciário, extrapola suas funções, deixando de aplicar as leis para “interpretá-las”. Essa tem sido a atuação central do STF há algum tempo.

Nesse caso do RE 635.659 não é diferente. Já seria questionável o STF ter o poder de julgar o que é constitucional, mas neste caso há uma se ultrapassar esse limite.

Os ministros em geral votam colocando quais seriam a quantidade de drogas que configurariam uso ou tráfico. Um poder que caberia apenas ao legislativo.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, apontou esse fato caracterizando como um “equívoco grave” e uma “invasão de competência do Poder Legislativo”. Pacheco está correto em sua colocação, mesmo que a tenha feito por questões políticas e não por respeito ao Estado Direito, visto que ficou omisso em todas as outras transgressões do STF.

A esquerda deve se animar?

A esquerda não pode se iludir com algo superficial perante aos ataques aos direitos democráticos promovidos pelo mesmo ministro Moraes. Moraes é uma peça chave na intervenção imperialista no Brasil, qualquer ilusão com ele ou seus colegas é danosa a classe trabalhadora.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.