O presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, participou, na última dia 21, de uma entrevista no canal Komuna Komics. A entrevista foi conduzida pelo apresentador Vitor Lara. Nele, foi discutida a importância política das histórias em quadrinho.
Histórias em quadrinho: literatura ou uma arte à parte?
O companheiro Rui Costa Pimenta discorreu sobre a caracterização que se pode dar às HQ, se são um ramo da literatura ou uma arte à parte. Ele definiu as HQ da mesma forma como se pode definir o cinema, por exemplo: uma forma de arte que mescla formas de expressão, nesse caso o visual com o literário. Ou seja, um gênero misto que combina artes plásticas e gráficas com o literário. Embora tenha valor literário, não se pode definir como uma forma de literatura. Pimenta também mostrou seu apreço pelo valor cultural das histórias em quadrinhos, citando, particularmente, o trabalho do quadrinista brasileiro Marcatti.
A relação entre arte (em especial HQ) e política:
Rui aponta que todo meio de comunicação, como a literatura e as artes em geral, é uma forma de comunicar ideias, que podem ser (não necessariamente) políticas. As HQ têm um papel maior no que diz respeito à comunicação política, pela acessibilidade, da mesma forma que o cinema. Citou um exemplo da União Soviética, onde Lenin via o cinema como uma ferramenta importante de luta política e de educação popular. Os quadrinhos podem se assemelhar com os filmes nesse sentido, devido ao apelo visual e à comunicação direta.
A questão dos super-heróis americanos dos quadrinhos:
Rui destaca como esses heróis são vistos como os heróis das mitologias. Como os deuses gregos, os super-heróis são capazes de vencer qualquer situação. Nesse sentido, essas personagens servem como uma propaganda política norte-americana. É um fenômeno cultural interessante e criativo, ainda que seja natural não se criar muita simpatia com essa forma de propaganda imperialista quando se toma consciência de sua natureza.
Identitarismo nas HQ:
Rui destaca que o identitarismo é uma propaganda imperialista, assim como se sempre houve nesse meio. Como exemplo, tem-se o beijo gay do super homem, que é uma propaganda identitária do tipo moralista. O identitarismo é ainda mais desagradável do que as propagandas anteriores, porque é um moralismo quase que religioso. Isso evoca as características de uma sociedade neoliberal e libertina, como os Estados Unidos. Aqui no Brasil é algo centrado mais em uma camada da classe média e alta. E, como essas classes procuram copiar os norte-americanos, acabam ocorrendo maior adesão ao identitarismo na direita e na esquerda pequeno-burguesa.
A figura do justiceiro na vida real:
Há uma tendência na produção cultural brasileira no sentido de exaltar a figura do personagem justiceiro, levando isso para a vida real. Essa questão pode ser observada desde o filme “Tropa de Elite”, como aponta o companheiro Rui. Isso é uma propaganda reacionária, que acaba sendo popularizado, já que a figura do justiceiro é algo que remete ao consciente popular. As pessoas que têm um pensamento progressista não deveriam enveredar por esse caminho.