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Braço do sionismo mundial

O que é a Conib?

Entidade dedicada ao lobby sionista no País “saudou” Bolsonaro e está ligada ao que de pior existe na política brasileira

Com tentáculos em todas as regiões brasileiras, a Confederação Israelita do Brasil, a Conib, foi fundada em 30 de maio de 1948 e se descreve, em seu sítio oficial, como o “órgão de representação e coordenação política [grifo nosso]”, dedicado a “garantir a soberania e legitimar a existência do Estado de Israel”. Ou seja, fazer lobby sionista no País.

O relatório de atividades no sítio da organização revela uma grande proximidade com direitistas como Geraldo Alckmin, Alexandre de Moraes, o general Sergio Etchegoyen, além de intermediação de ministros de Estado com autoridades israelenses. Os arquivos do quadriênio 2014-2018 fazem apenas uma referência à ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), em destaque dado à pressão da Conib pela Lei Antiterror, aprovada em 2016.

O sítio da entidade destaca também sua história, apontando que, bem antes da fundação, as organizações que futuramente comporiam a Confederação já atuavam como interlocutoras do sionismo no País. A página da Conib aponta que 1922 é o ano em que “ocorre o 1° Congresso Sionista no Brasil, reunindo quatro movimentos: Ahavat Sion (São Paulo), Tiferet Sion (Rio de Janeiro), Shalom Sion (Curitiba) e Ahavat Sion (Pará), que fundaram a Federação Sionista do Brasil”, precursora da atual Confederação.

Segundo o sítio Monitor do Oriente Médio (MEMO), a organização Tiferet Sion “foi criada, também de acordo com o texto de Bartel, no Rio de Janeiro, dedicando-se inicialmente a coletar recursos financeiros para o Fundo Nacional Judeu” (“O braço do sionismo mundial no Brasil”, Soraya Misleh, 4/2/2021). A matéria de MEMO informa que o Fundo fora fundado em 1901, sendo, “como explica o historiador israelense Ilan Pappé em ‘A limpeza étnica da Palestina’ (Editora Sundermann), ‘a ferramenta primordial da colonização da Palestina.’”(Idem).

Se o movimento sionista do Rio de Janeiro teve sua importância no genocídio ainda em marcha na Palestina, foi também nas dependências do Clube Hebraica da capital fluminense que o futuro candidato presidencial nas eleições de 2018, Jair Bolsonaro, proferiu em 2017 um de seus mais discursos mais grotescos:

“’Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou quilombola’ foram algumas das frases de Bolsonaro mais aplaudidas”, informa uma matéria do Uol sobre sua ida ao clube carioca (“Bolsonaro é criticado por Confederação Israelita após palestra em clube judaico”, Roberta Pennafort, 6/4/2017). “Bolsonaro”, continua a matéria, “desdenhou dos protestos contra ele na porta do clube: ‘Alguém já viu japonês pedindo esmola por aí? É uma raça que tem vergonha na cara. Não é como essa minoria que está ruminando aqui embaixo’”, conclui, aos gritos de “mito” pelos presentes.

Segundo a mesma matéria, a Conib “criticou a presença de Jair Bolsonaro no Clube Hebraica”, mas ao reproduzir trechos da nota em que a entidade critica o fascista, informa que “provocou, como se esperava, divisão e confusão na comunidade judaica”. Uma evidência de que a reprovação ao líder da extrema-direita não era tão significativa nos círculos da organização sionista.

Reforçando esse fenômeno, a própria entidade publicou uma nota oficial após as eleições de 2018 demonstrando quão pequenas são as eventuais divergências da organização com o bolsonarismo:

“A Conib cumprimenta o presidente eleito Jair Bolsonaro, saúda o apoio dele a Israel e anuncia que vai trabalhar junto com o novo governo para a melhoria das relações entre o Brasil e o Estado judeu. Os brasileiros elegeram um novo presidente em eleições livres e justas [grifo nosso]. ‘O processo eleitoral dividiu e polarizou a sociedade brasileira, incluindo a comunidade judaica, muito diversa. Agora é hora de unir nossa comunidade, baseada em nossos valores judaicos e democráticos de justiça e tolerância’, disse Fernando Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil, ao Times of Israel. ‘Bolsonaro indicou que será um forte defensor das relações Brasil-Israel e trabalharemos juntos nessa meta” acrescentou Lottenberg.’” (“Imprensa israelense destaca apoio da Conib por melhores relações entre Brasil e Israel sob novo governo”, 30/10/2018).

Seu presidente, o médico, presidente do Conselho da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e também colunista da famigerada revista Veja, Claudio Lottenberg, tem um perfil na rede social Linkedin trazendo artigos como “Rabino Henry Sobel Claudio”, escrito por ocasião da morte do rabino e destacando, além do lobby do grupo, a proximidade com o PSDB:

“No final do governo do Fernando Henrique Cardoso, ele fez uma visita e perguntou ao presidente quem seria um bom candidato. O presidente sugeriu o nome do ministro da Fazenda, Pedro Malan, e pediu ao rabino que tentasse interferir para que ele aceitasse ser candidato. O rabino não teve dúvida e saiu de lá direto para o Gabinete de Malan, que o recebeu de imediato.  Após propor sua candidatura, o que não foi aceito por Malan, ele não teve dúvida: então pelo menos aceite fazer uma palestra na CIP. Eu, pessoalmente e nas organizações onde pude atuar, só podemos agradecer muito por aquilo que ele nos ensinou.” (22/11/2019).

Segundo matéria da CNN Brasil, Lottenberg tem se mobilizado para pressionar o governo Lula a adotar posições sionistas, recorrendo a interlocutores como Alexandre Padilha, de quem o sionista seria próximo, e Jaques Wagner:

“Lottenbergh e Padilha são próximos desde que Padilha era ministro da Saúde no governo Dilma. Lottenberg, que é presidente do Hospital Albert Einstein, saiu em defesa do ministro quando veio a público que ele havia recebido um militante do Hamas.” (“Comunidade israelense procura Padilha e Wagner e quer diálogo com Lula”, Raquel Landim, 14/11/2023).

A matéria prossegue informando que “outro interlocutor que tem sido procurado pela comunidade israelense é o senador Jaques Wagner, que é judeu e amigo pessoal de Lula. A expectativa é que os dois consigam contrabalançar a influência junto ao presidente de alas mais pró-Palestina, como o ministro das Comunicações, Paulo Pimenta.” (Idem).

O ministro das Relações Institucionais de Lula chegou a procurar Lottenberg para justificar-se pelo que a máquina de propaganda sionista classificou como uma “saia-justa”: Padilha recebeu em seu gabinete Sayid Tenório, vice-presidente do Instituto Brasil Palestina (Ibraspal) e ex-assessor do deputado federal Marcio Jerry (PCdoB-MA). 

“Colonos judeus ilegais sentindo na pele por um dia aquilo que os palestinos vêm sofrendo diariamente há 75 anos”, publicou Tenório em suas redes sociais, desencadeando uma campanha de caça-às-bruxas que culminaria em sua demissão do gabinete de Jerry. A forte pressão da direita contra Jerry se voltaria à Padilha. Como informa o jornal golpista Folha de São Paulo, “Padilha afirmou, em publicação nas redes sociais, que telefonou para Lottenberg e confirmou que vai receber o presidente da Conib no próximo mês.” (“Após críticas por encontro com grupo palestino, Padilha anuncia reunião com Conib”, Folha de S. Paulo, 10/10/2023).

“Fiquei muito grato com o reconhecimento do Cláudio quanto à qualidade da minha relação com a comunidade judaica”, disse Padilha, acrescentando: “Como disse a ele, repudio os ataques terroristas que ocorreram em Israel e desejo que a comunidade internacional intervenha para evitar mais violência na região. Estamos unidos por um mundo mais pacífico”, concluiu Padilha (Idem).

Finalmente, é preciso destacar a ligação do presidente da Conib com as forças golpistas que derrubaram a presidenta Dilma Rousseff em 2016. Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, criticou a política da então presidenta petista para a área da saúde: “tratar a saúde com mais políticas de saúde e menos política na saúde” (“Oftalmologista Claudio Lottenberg critica a falta de políticas para a saúde”, Dad Squarisi, 8/5/2016).

Reforçando seu alinhamento aos golpistas, Lottenberg aproveita a entrevista para tecer elogios a Michel Temer, um dos principais articuladores do golpe: “Temer tem atributos de estadista. É dos melhores constitucionalistas do País, gosta de escutar, tem interesse real nas questões públicas. O problema é os políticos darem uma trégua à nação. Se continuar a pressão da barganha, nem Deus, Jesus ou Moisés juntos terão o que fazer”, concluiu o médico, que segundo a revista burguesa Valor Econômico, chegou a ser cogitado para o Ministério da Saúde de Temer (“Armínio diz a Temer que crise é mais ‘dramática’ do que aparenta”, Claudia Safatle, 21/4/2016).

Em 2020, durante a passagem de João Doria (PSDB) pelo Palácio dos Bandeirantes, o próprio lobbista caracterizou como “acertada” a parceria do governo de São Paulo com o próprio:

“Chega em boa hora, portanto, o programa de certificação de testagem, extensivo ao setor privado, anunciado na última segunda-feira pelo governador de São Paulo, João Doria. A emissão do novo certificado resulta de uma parceria do governo estadual com Instituto Coalizão Saúde (Icos)”, (“SP acerta ao ampliar a testagem ao setor privado”, 25/6/2020).

“Criado e presidido por mim”, continua Lottenberg, “o Icos tem o objetivo de buscar novos avanços em saúde. Iniciativa inovadora de controle da doença, o instituto visa incentivar a adesão do setor privado à testagem”, conclui (idem).

Alguém poderia supor que as posições do dirigente da entidade sionista não refletem a da própria Conib. No entanto, seu corpo de diretores inclui propagandistas do golpe notórios, como o jornalista Marc Tawil, que, em 2016, publicava em seu perfil no Linkedin artigos como “11 erros fatais que fariam Dilma ser demitida de qualquer empresa séria no mundo” (27/8/2016), cujo teor tem colocações como:

“A condução equivocada da política econômica brasileira já havia sido evidenciada no primeiro mandato pelo empresariado – uma classe que, incrivelmente, não era considerada por Dilma. E mesmo com as portas fechadas para o comércio exterior, a perda de graus de investimento sucessivas, a indústria nacional ruindo e todas as tendências econômicas em queda, Dilma preferiu seguir culpando, literalmente, o mundo. Quando acordou para a realidade, sem apoio algum, era tarde.” (Idem).

“Não foi apenas a contabilidade destrutiva”, continua a matéria, “e as fraudes fiscais que pairam sobre a figura da presidente. Basta dar um rasante pela imprensa para verificar que as acusações contra ela, baseadas em fatos e datas, estão na boca de jornalistas, delatores e até, pasme, do mentor maior Luiz Inácio Lula da Silva.” (Idem).

Não é de se estranhar que a entidade que “saudou” Jair Bolsonaro” pela vitória em “eleições limpas”, que é dirigida por “parceiros” de João Doria e propagandistas do golpe de 2016, hoje critica Lula mesmo nas colocações mais moderadas do presidente. A Conib e seu corpo dirigente está sendo coerente com a política que fundou a própria entidade e manteve-se até os dias atuais, com sua inclinação dividida entre o bolsonarismo e a direita tucana.

O sionismo, finalmente, não tem um desacordo real nem com as declarações de Bolsonaro e nem com a submissão de um país atrasado como o Brasil aos interesses mais monstruosos do imperialismo.

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