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Marilia Garcia

Membro da Direção Nacional do Partido da Causa Operária (PCO) e da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR).

Liberdade de expressão

O identitário imperialista

A esquerda deve defender a liberdade de expressão

Nota dos editores: o ataque aos direitos democráticos do povo no Brasil caminha a passos largos. A discussão envolvendo o PL das Fake News, bem como os recentes casos de censura, como o de Léo Lins, demonstram a necessidade de uma intensa campanha em prol da liberdade de expressão. Republicamos, portanto, o presente artigo, publicado em 2021, com essa finalidade, mostrando, além disso, que o fechamento do regime se dá de maneira gradual.

O nosso partido, PCO, já veio várias vezes nesse jornal criticar o identitarismo como uma política pequeno-burguesa com graves tendências direitistas e até fascistóides. Hoje, venho demonstrar nessa coluna que, muito além das tendências, o identitarismo é uma importante arma da burguesia para manobrar as tendências de esquerda ao seu favor.

Primeiramente, é preciso citar o mais profundo apelo identitário dos últimos tempos: o apoio a Biden contra Donald Trump. Nessa situação, ainda longe de acabada, a esquerda identitária internacional se deixou levar pela fervorosa política da “democracia contra o fascismo”, defendendo de olhos vendados a perseguição política a Trump nas redes sociais, a nível judicial, criminal e politico. Essa defesa, também apôs o nosso próprio partido ao restante da esquerda, devido à nossa defesa óbvia da liberdade de expressão: enquanto os direitos políticos de Donald Trump eram rifados, os próprios direitos da esquerda passavam a ser cancelados, na velha tradição de cancelamento da esquerda pequeno burguesa. Quer dizer, se eu não concordo, eu cancelo.

O problema é que, na política real, a da luta de classes, não importa se o cancelador é bem pensante ou não. A política contrária à liberdade de expressão tem um alvo imediato definido: a classe operária e seus representantes. 

Na mesma politica de cancelamento, o STF brasileiro tirou Daniel Silveira da cama para jogá-lo em uma cela suja. Isso motivado pela suposta incitação à violência do bolsonarista contra o STF. Na lei das fake news, a lei tão defendida pela esquerda, uma pessoa foi presa simplesmente por ter uma opinião contrária ao STF. O STF justificou com base na lei da ditadura, a Lei de Segurança Nacional, que ninguém poderia falar coisa nenhuma do tipo contra a vossa excelência. A esquerda identitária logo se viu impelida a pedir o cancelamento do mandato do deputado. Apenas prender? Claro que não.

Quer dizer, pela sua oposição à ordem vigente, o bolsonarista foi preso. 

Mais uma vez, o PCO foi em defesa da liberdade de expressão. Ele disse que não adiantava comemorar a prisão do bolsonarista. Esse era mais um encarcerado como precedente para o precedente da cassação dos direitos políticos de todo o povo brasileiro. A esquerda canceladora, vendo isso, logo veio a público chamar o PCO de bolsonarista. Assim como já nos tinha chamado de trompistas na situação anterior. 

Nessa situação da prisão de Silveira, a Folha de S. Paulo veio a público declarar que essa era uma vitória do centrão e da esquerda contra o próprio Bolsonaro. Claro, uma vitória da frente ampla desmoralizada na enorme derrota anterior nas eleições do Congresso. Esquerda e centrão, sinônimo de frente ampla, precisam vencer. Afinal, são a alternativa do imperialismo para 2022.

Em meio a esses acontecimentos, Guilherme Boulos é intitulado um dos homens do ano pela revista Times. Sim, o mesmo Boulos da manobra em favor dos bolsonaristas na avenida Paulista e da campanha “Não vai ter copa” contra Dilma. Esse título comprova que o imperialismo sabe bem o que faz. Utilizando os homens que deram o golpe de Estado como os grandes heróis da luta contra o fascismo. Colocando os elementos golpistas da esquerda como destaque na luta contra o lulismo. Dessa forma, a burguesia rapineira do imperialismo trabalha para controlar a situação. 

Se será Boulos em 2022, não se sabe. Mas para 2026, já há uma possibilidade. Por isso, o pensamento a longo prazo do imperialismo tende a vencer as lutas políticas. Outras alternativas para serem o Biden do Brasil são o próprio Luciano Huck e Luiza Trajano. A dupla burguesa identitária da vez. 

Quer dizer, claramente o identitarismo é uma ferramenta do imperialismo para a sua dominação.

No sentido oposto, o PCO é chamado de direitista, misógino, dentre outras acusações semelhantes. Contudo, diferente dos líderes identitários do PSOL, o nosso partido foi o único a sair em defesa do ex-presidente Lula e da ex-presidenta Dilma na situação do golpe de Estado. Inclusive, sofrendo processos baseados na Lei de Segurança Nacional por defender a ocupação de Curitiba contra a prisão do ex-presidente Lula. 

Aí entra a questão do STF, ele é o grande defensor da democracia por prender o bolsonarista, ou ele é o grande algoz dos direitos democráticos por prender Luiz Inácio Lula da Silva? 

Certamente, a segunda resposta é a mais válida e, na realidade, explica a primeira: estando encurralado sobre a questão de Lula por conta da desmoralização da Lava Jato, o STF faz de tudo para manobrar e manter impedidos os direitos políticos de Lula. Na mesma situação, fere mais uma vez os direitos democráticos prendendo o bolsonarista como um precedente para a perseguição de qualquer setor radical da sociedade que saia em defesa de Lula contra o tão democrático STF. 

Se acima é exato, não se sabe. Mas o fato é que pau que bate em Chico, bate em Francisco. Os inumeráveis opositores da ditadura militar sabem bem disso. Será que será necessária uma nova ditadura para ensinar os identitários a serem de esquerda?

Artigo publicado, originalmente, em 23 de fevereiro de 2021.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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