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Privatização dos clubes

O fracasso das SAFs

As Sociedades Anônimas do Futebol foram apresentadas como a “salvação” do futebol nacional; não é isso que se está vendo. A solução é o controle dos clubes pelas torcidas

Ronaldo Fenômeno Nazário

As Sociedades Anônimas do Futebol (SAF), quando foram aprovadas no Brasil, foram apresentadas como a “salvação” do futebol nacional. Finalmente, diziam, os clubes brasileiros — altamente endividados — terão investimento para estrutura e bons jogadores. Assim, os comentaristas da imprensa capitalista criavam na imaginação dos leitores que as SAFs permitiriam um gigantesco avanço dos clubes.

Não é isso que se está vendo. As campanhas dos quatro principais que se tornaram SAFs — Botafogo, Cruzeiro, Vasco e Bahia — demonstram que a realidade é totalmente diferente.

Começando pelo caso do Botafogo, que já foi tratado em diversas oportunidades neste Diário. O empresário norte-americano John Textor, da Eagle Holdings, adquiriu o clube em 2022 e, de fato, trouxe bons jogadores e reforçou a estrutura do clube. No entanto, o ano de 2023 mostra que este investimento era apenas parte do esquema de rede multiclubes da Eagle Holdings. No início do ano, Textor, que também é dono do RWD Molenbeek (Bélgica) e é sócio do Crystal Palace (Inglaterra), adquiriu o Olympique Lyonnais (França), seu principal investimento. 

Eis que o empresário norte-americano “vendeu” (transferiu um ativo de uma empresa sua para outra) um dos melhores jogadores do clube na temporada passada, Jeffinho — não por acaso, o melhor dos jovens, ou seja, o que tem mais potencial de mercado —, para o Lyon. Isto é, o Botafogo renunciou a um jogador com qualidade individual, pelo qual passavam boa parte das jogadas ofensivas do time, que agora depende do técnico português Luis Castro — que, em um ano de trabalho, ainda não conseguiu criar um padrão de jogo para o Alvinegro.

Resultado? O Botafogo iniciou o ano com vexames. Primeiro, foi o único grande desclassificado do Campeonato Carioca. Segundo, quase foi eliminado da Copa do Brasil pelo Sergipe (Série D), não fosse um empate no último minuto do jogo da primeira fase da competição. Terceiro, pela Taça Rio, está tendo dificuldades de passar pela “poderosa” Portuguesa-RJ, podendo ficar fora da Copa do Brasil do próximo ano.

Conclui-se, portanto, que a estrutura montada por Textor no ano passado era apenas uma forma de ajeitar o clube, que estava em situação de terra arrasada, para alimentar seus investimentos na Europa.

Temos também o Cruzeiro, que foi adquirido no ano passado por Ronaldo “O Fenômeno” Nazário, que tornou-se um empresário do futebol. Até agora, a Raposa de Minas não fez grandes investimentos em jogadores. Isso, somado à incompetência do técnico uruguaio, Paulo Pezzolano, fez com que o clube fosse eliminado no Campeonato Mineiro — que é quase um “impar ou par” entre o Cruzeiro e o Atlético.

Agora, o clube mineiro decidiu demitir o técnico e contratar Pedro Miguel Marques da Costa Filipe, o Pepa, que provavelmente será mais um treinador português fracassado no Brasil.

O Vasco, comprado pela 777 no ano passado, até montou um bom time para este ano, com boas peças — ainda não entrosadas. Mesmo assim, Maurício Barbieri está fazendo um bom trabalho. No entanto, viram-se as limitações das contratações no jogo deste domingo (19) contra o Flamengo. Com jogadores cansados, precisando da vitória para chegar à final do Carioca, o Vasco não tinha um elenco reserva com experiência para jogar o clássico, tendo de apelar para jovens da base.

Quando um time é comprado por um investidor estrangeiro bilionário, espera-se, no Brasil, que consiga montar melhores times do que os outros. No entanto, o Vasco foi eliminado da Copa do Brasil pelo ABC, da Série B.

Já o Bahia, adquirido pelo Grupo City (do Manchester City, da Inglaterra), com maus resultados, não está conseguindo se classificar para a próxima rodada da Copa do Nordeste, com times com um investimento extremamente inferior ao dos outros. 

Os casos deixam claro que as SAFs não são a “salvação” apresentada pelos papagaios da imprensa pró-imperialista. Ao contrário, ao que tudo indica, são apenas um esquema fácil de manter a mesma estrutura de subjugação do futebol brasileiro — de transferir suas jovens joias para a Europa, prejudicando o futebol nacional. A preocupação mínima com os clubes nacionais é simplesmente para manter este esquema.

Ainda, os investidores, a qualquer momento, vendo que não está obtendo lucros, podem retirar seus investimentos e falir os clubes. Por isso, os clubes brasileiros — patrimônios do povo brasileiro — devem ser de responsabilidade de quem tem interesse neles: os torcedores.

*As SAFs são o tema da revista Zona do Agrião, de março, que pode ser adquirida pelo telefone: (11) 95456-9764. 

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